Combate às larvas do Aedes Aegypti ainda é a melhor forma de prevenção da dengue / Foto: Fernando da Hora/JC Imagem |
Nos últimos dias, os
pernambucanos têm se surpreendido com o que seria uma virose com sintomas
comuns à dengue: pintinhas vermelhas, dores articulares e muita coceira. No
entanto, sem outros sinais como febre alta, mal estar estomacal (náuseas e
vômito), ou dores nos olhos. Mas de acordo com o infectologista Vicente Vaz,
que atua no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), em Santo Amaro, área
central do Recife, a "nova" doença é, na verdade, uma variação da
dengue. "É possível que seja do subtipo 4 e muito mais amena do que a
forma clássica. Hoje as pessoas apresentam melhora clínica em menos de uma
semana, enquanto a dengue que nós conhecemos deixa o paciente debilitado por
até 15 dias", explicou o especialista.
A "falta" de alguns
sintomas clássicos tem confundido profissionais e deixado pacientes em dúvida
com a melhor forma de tratar a suposta nova virose. "Na verdade não há um
consenso entre os médicos. Mas acredito que seja tudo dengue. Os vírus são
mutantes e a população também, por isso, a doença não se manifesta da mesma
forma em todos", avaliou Vicente Vaz. O médico alerta ainda que na nova
apresentação da dengue, as pintinhas vermelhas aparecem logo no início do
mal-estar. Antes, as manchas só eram registradas a partir do quinto dia da doença.
Para o infectologista, um dos
principais fatores que o faz acreditar na reformulação da dengue ao invés de
uma nova virose é o período de incidência da doença. "Os casos começaram a
surgir em grande número após um período das chuvas, além de Pernambuco estar
atravessando um novo surto de dengue, uma verdadeira epidemia. Tenho uma colega
pediatra que está doente e me ligou para confirmar se está mesmo com dengue
porque não desenvolveu todos os sintomas. Eu estou tratando dela como paciente
de dengue mesmo", ressaltou Vicente Vaz.
Nessa segunda-feira (7),
inclusive, a Secretaria de Saúde de Pernambuco divulgou um novo boletim
epidemiológico da dengue, que revelou que de janeiro a março deste ano 14.346
pessoas, em 157 municípios, adoeceram com sinais da enfermidade transmitida
pelo Aedes Aegypti. Desse total de casos, 2.168 já estão com diagnóstico
confirmado através de exames laboratoriais. Esses dados representam um aumento
de 368,67% em relação mesmo período do ano passado, quando 3.061 pessoas
contraíram dengue. Dez óbitos foram notificados e estão em investigação.
Ainda segundo a Secretaria de
Saúde, a orientação repassada aos médicos é de que qualquer pessoa que apareça
com dois ou mais sintomas da dengue deve ser registrado e tratado como paciente
de dengue. Orientações do Ministério da Saúde exigem que, em tempos de
epidemia, exames laboratoriais devem ser feitos em 20% da população como forma
de amostragem dos casos registrados. Os exames devem ser feitos entre os
primeiros cinco e dez dias da doença.
Manchas vermelhas são os primeiros sintomas da "nova
dengue" Foto: NE10
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Na capital pernambucana, onde
mais de 4 mil pessoas já foram registradas com suspeita de dengue, a médica sanitarista
Zelma Pessoa, gerente-geral de Políticas Estratégicas da Secretaria de Saúde do
Recife, também acredita numa nova apresentação da dengue. "O certo é
notificar. Até que se prove o contrário, não é uma virose qualquer. Os casos
estão mais leves, muita gente relata não ter febre, apenas um suor
noturno", destacou a sanitarista. Ela ainda completa: "Não dá para
aliviar nos cuidados. Hoje você está bem e amanhã tem uma piora que pode trazer
sérios problemas. A dengue é uma doença muito dinâmica, mas os tratamento é o
mesmo. Repouso, hidratação e paracetamol se estiver com dor", avaliou
Zelma Pessoa.
A gerente-geral da Secretaria de
Saúde do Recife também pede a colaboração da população no combate aos focos do
Aedes Aegypti. "Desde o ano passado que temos intensificado a visita
domiciliar para identificar os focos, mas nós apelamos para que as pessoas nos
deixem entrar nas casas, pois em 90% dos casos o foco do mosquito é intra
domiciliar", informou Zelma Pessoa. O uso dos chamados fumacês foi suspenso
pois o inseticida era nocivo ao ambiente e causava contaminação do ar, afetando
plantas e causava crises de asma, por exemplo.
NE 10
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