OPOSIÇÃO AJUDA O
GOVERNO - Por uma adesão inesperada do DEM, que deu oito votos favoráveis à
MP 665 do ajuste fiscal, numa bancada de 22, sendo quatro deputados baianos, o
Governo deu o start para aprovação do pacote. O PSB, com sete votos, e o PV,
com três votos, partidos de oposição, também deram uma mãozinha, porque a
diferença foi de apenas 25 votos.
Mas, na verdade, foi o PMDB que salvou o Governo ao
condicionar seu apoio à medida ao apoio maciço do PT. O vice-presidente Michel
Temer, articulador político do Governo, jogou pesado para enquadrar o PT.
Reuniu-se com meia dúzia de ministros e disse: “Ou o PT vota em peso com o
Governo ou a medida não será votada”.
Mas Temer soube afagar quem precisava ou suplicava por
afago. Acenou com o preenchimento de dezenas de cargos do segundo e terceiro
escalões do governo que foram mantidos abertos justamente para ser trocados por
votos na hora de aprovar o ajuste. É a linguagem que os políticos entendem.
“Ganharei o quê em troca do meu voto?”.
Ganharam dinheiro com o mensalão 1 e o mensalão 2 (esse, a
roubalheira na Petrobras). Por hora, ganham cargos. No caso da Bahia, o
posicionamento favorável dos quatro deputados se explica por um pedido do
prefeito de Salvador, ACM Neto, que recebeu afagos da presidente Dilma nas
recentes cheias que a cidade que administra enfrentou.
A primeira proposta aprovada é parte do ajuste fiscal
proposto pela equipe econômica do Governo para combater a crise econômica. A
expectativa é economizar R$ 18 bilhões com os ajustes previstos na MP 665 e na
MP 664. A Medida Provisória 665 muda os prazos de obtenção do seguro-desemprego
e torna mais difícil receber o benefício.
Atualmente, o cidadão precisa ter trabalhado seis meses com
carteira assinada para ter direito ao benefício pela primeira vez. Agora o
período mínimo de contribuição antes de solicitar o seguro-desemprego pela
primeira vez vai para 12 meses de trabalho ininterrupto nos 18 meses anteriores
à demissão.
Pela proposta aprovada no Congresso, na segunda vez que o
cidadão buscar o seguro, serão exigidos nove meses de trabalho nos 12 meses
anteriores à demissão. Nas demais solicitações, serão necessários seis meses
ininterruptos de trabalho antes da demissão.
COMEMORAÇÃO – Do
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao comemorar a primeira vitória no ajuste
fiscal. "Graças ao apoio da base do governo, do Partido dos Trabalhadores,
de segmentos expressivos do PMDB, conseguimos dar o primeiro passo do conjunto
de medidas essenciais para o ajuste fiscal. Acho que esses passos são
essenciais para se alcançar o equilíbrio fiscal necessário para retomarmos o
crescimento e garantirmos a volta do aumento dos empregos".
SAIA JUSTA
Líder
do DEM na Câmara, o deputado Mendonça Filho ficou mal na foto ao permitir que
oito parlamentares da bancada votassem favoráveis ao ajuste fiscal. A traição
não se deu apenas na bancada baiana, que atendeu a um pedido do prefeito de
Salvador, ACM Neto. Até o ex-líder Rodrigo Maia, que antecedeu Mendonça, não
votou com a orientação do líder.
PT BATE FOFO – A
bancada do partido na Câmara fechou questão na votação da MP 665, mas 14 de
seus deputados deixaram de votar com o Governo. Um deles votou contra: Weliton
Prado, de Minas. Mas o número de ausentes foi oito: Assis do Couto (PR), Erika
Kokay (DF), Luizianne Lins (CE), Marcon (RS), Padre João (MG), Pedro Uczai
(RS), Professora Malcivânia (AP) e Ságuas Moraes (MT). A falta de apoio desses está
sendo chamada de "não" pelos principais aliados.
PARA O BELELÉU – O
desânimo tomou conta da Comissão da Reforma Política, segundo Ilimar Franco. A
proposta que tem mais apoio, o distritão, ainda não obteve os 308 votos para
ser aprovado. O voto distrital “paralelo”, como diz o relator Marcelo Castro,
ou “rígido”, como define Marcus Pestana, também não tem, mesmo com a adesão do
PT. Restou aos negociadores construir uma proposta para acabar com os 11
partidos nanicos.
NA PRESSÃO – Depois
de ir para linha de frente e aprovar a primeira MP do ajuste fiscal, o ministro
da Fazenda, Joaquim Levy, tem, hoje, um tête-à-tête com os governadores do
Nordeste em Natal. Deve atender em parte as reinvindicações da região, mas quer
em troca a garantia de que os governadores vão pressionar suas bancadas pela
aprovação do ajuste.
CURTAS
O PRIMEIRO –
Eduardo Tabosa (PSD), de Cumaru, no Agreste, foi o primeiro prefeito a
procurar, ontem, o Escritório de Projetos, criado pelo governador Paulo Câmara
(PSB), para requerer a cota de R$ 200 mil que os municípios terão direito para
gastar com contratação de projetos. Cumaru quer um aterro sanitário.
DEMISSÕES – Os
deputados Augusto Coutinho (SD-PE) e Benjamim Maranhão (SD-PB), integrantes da
Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal, fazem,
hoje, a partir das 10 horas, uma visita ao porto de Suape, para apurar
denúncias de demissão em massa de trabalhadores.
PERGUNTAR NÃO OFENDE:
O que Joaquim Levy vai garantir, hoje, de fato, aos governadores nordestinos em
Natal?
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