quarta-feira, 27 de abril de 2011

Com policiais civis em greve, presos são soltos em Alagoas


Pelo menos três acusados de tráfico de drogas e porte ilegal de armas, presos por soldados da Força Nacional, tiveram que ser liberados no final da tarde dessa terça-feira (26) por não haver escrivães para lavrar o auto de flagrante delito, na Central de Polícia de Maceió (Alagoas). Com os acusados, presos no Conjunto Virgem dos Pobres, foram apreendidas armas e munições.

Com os policiais civis de braços cruzados - a categoria entrou em greve ontem - os delegados Nivaldo Aleixo e Vicente Ferrari tiveram que lavrar os flagrantes mais graves e conduzir os presos, dirigindo as viaturas, da Central de Polícia, na Praia de Sobral, até a Casa de Custódia, no Jacintinho.

O delegado Aleixo disse que estava fazendo o trabalho dos agentes, mas o certo seria o sindicato da categoria respeitar ao menos os 30% do efetivo mínimo, exigido pela lei de greve. O diretor-geral da Polícia Civil de Alagoas, delegado Marcílio Barrenco, disse que se os agentes continuarem com essa postura, ele próprio está disposto a receber os presos e lavrar os flagrantes.

Questionado também sobre a radicalização do movimento, Barenco disse que quer a punição dos grevistas e ameaça pedir à Justiça que cobre do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) R$ 10 mil por dia parado e mais de R$ 100 mil de multa por greves anteriores. O diretor do Sindpol, Charles Alcântara, disse que a categoria está disposta a ir às últimas consequências, já que a greve foi decretada ilegal por antecipação.

Alcântara, que é presidente do Conselho de Ética do sindicato, disse ainda que, independentemente de qualquer pressão ou decisão judicial, o movimento será mantido. "A greve continua até o governo apresentar um proposta que esteja de acordo com a nossa reivindicação". Os policiais civis recebem por mês em torno de R$ 1,5 mil e querem um salário de R$ 7 mil, que equivale a 60% do que recebe um delegado no Estado, no início de carreira.

ILEGALIDADE - A pedido do governo do Estado, a greve foi decretada ilegal pela Justiça, por decisão da desembargadora e vice-presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Nelma Torres Padilha, cinco dias antes de iniciada.

O governo divulgou que não negocia com grevistas e o reajuste que tem condições de oferecer é o mesmo concedido aos demais servidores do Estado, de 5,91% divididos em duas parcelas, a primeira parcela no salário de maio e a segunda nos vencimentos de novembro.

Alcântara diz que o reajuste oferecido não é suficiente e alega que as condições de trabalho são as piores possíveis dentro das delegacias. "Trabalhamos sem as mínimas condições. Os coletes à prova de bala que usamos há muito estão com a data de validade vencida", reclama o sindicalista.

O presidente do Sindpol, Carlos Jorge da Rocha, afirmou que todas as delegacias estão paradas e que o movimento grevista está fortalecido, com a adesão total da categoria. "O sindicato está assumindo os riscos de manter a greve mesmo com a decretação da ilegalidade", reforçou.

SEGURANÇA - Além dos policiais civis, estão para entrar em greve os agentes penitenciários, que param suas atividades a partir de 1º de maio. Já os policiais militares marcaram assembleia para o dia 2 de maio, quando decidem se iniciam ou não o aquartelamento.

Outra categoria que deve entrar em greve na próxima semana é dos procuradores. Segundo o presidente da Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas, Flávio Gomes de Barros, a categoria fará uma greve de advertência por 72 duas horas.

Os procuradores reivindicam o cumprimento de acordos firmados pelo atual governo, no primeiro mandato do governo Teotônio Vilela Filho (PSDB). São acordos para vincular os salários dos procuradores aos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que elevaria o salário da categoria para algo em torno de R$ 18 mil.

Gomes de Barros disse ainda que a categoria já se reuniu com o vice-governador José Thomaz Nono, que deu razão aos procuradores mas disse que precisava conversar com Vilela para decidir se atende ou não às reivindicações.
Fonte: Agência Estado

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