A queda do Império não afastaria Rosa e Silva da vida pública. Retraiu-se, é verdade, num gesto bem de acordo com sua conhecida discreção; mas, chamado a prestar o seu conhecimento, numa fase tão difícil para a Nação e para a sua província, não teve dúvidas em candidatar-se a deputado. No Congresso Constituinte de 1890/1891, foi quem "primeiro saiu em defesa do parlamentarismo", como assinala Agenor de Roure. Para Rosa e Silva, o parlamentarismo sempre fora "um sistema de liberdade e o que melhor garante os direitos individuais e a fiscalização dos dinheiros públicos". Mas não pensa apenas nos problemas da União e defende a discriminação das rendas e uma distribuição mais equilibrada da representação estadual no Parlamento.
Marechal Deodoro da Fonseca |
CHEFE DO PARTIDO REPUBLICANO EM PERNAMBUCO
Proclamada por militares, a República precisava de uma base civil. Foi com este fim que se fundou o Partido Republicano, nele ingressando Rosa e Silva. Encarregado de organizar a seção pernambucana, dela tornou-se o chefe natural. "Na esfera estadual", como assinala Anibal Freire, "não penetrara como um conquistador". E continua: "Aureola-o a qualidade de coordenador, no meio das paixões que as lutas locais provocavam". Tanto que, no pleito de 1º de março de 1894, elegeu-se juntamente com dois terços de seus correlegionários, conseguindo a grande votação que Pernambuco deu ao candidato a Presidente da República, Prudente José de Moraes e Barros.
Já bastante prestigiado pela atuação na legislatura anterior, quando assumiu atitude corajosa no caso do desacato ao Poder Legislativo por alunos do Colégio Militar, foi Rosa e Silva eleito Presidente da Câmara dos Deputados, em 17 de maio de 1894, por 80 votos contra 23, dados a Antônio Olyntho dos Santos Pires, 3 votos para Francisco Glicério, João Lopes e Belisário de Souza, e 2 cédulas em branco. Pronuncia, na ocasião, um pequeno mais incisivo discurso, do qual destacamos este trecho final: "Sectário constante da legalidade, habituado a ter por objetivo unicamente o cumprimento do dever, nesta cadeira só uma preocupação dominará meu espírito: a fiel observância da Constituição e do Regimento". Para Gonçalves Ferreira, a Presidência da Câmara "foi, talvez, o período mais brilhante da vida do Dr. Rosa e Silva". E explica: "É conceito público notório contemporâneo que foi ele um grande Presidente da Câmara, pela imparcialidade com que ocupou a cátedra, pela segurança de suas decisões, pela energia de suas atitudes e pelo respeito e acatamento nas relações com seus pares". E a tarefa não era fácil. Naquela época os ânimos estavam muito inflamados, os espíritos extremamente sensíveis e havia necessidade de muito tato, ao mesmo tempo que serena firmeza, a fim de impedir, nos debates, os excessos que a exaltação parlamentar provocava. Nesses momentos, através de suas muitas ligações na Casa e no Senado, buscava o consenso. Pode-se dizer que com essa atitude fez-se a sua notoriedade política.
Era tal o prestígio de Rosa e Silva que, no ano seguinte, estando na Europa para tratamento de saúde, foi novamente eleito Presidente da Câmara. Mas só em setembro pode regressar ao Brasil, reassumindo a Presidência no dia 24. "Embora representante de um partido" - afirmou nessa ocasião - "nesta cadeira a minha norma, a preocupação única do meu espírito continuará a ser a fiel observância da Constituição e do Regimento". Foi o presidente da Câmara até o dia 19 de maio de 1896, quando foi eleito Arthur César Rios.
SENADOR
Sendo suplente de senador, assumiu em junho de 1896 a cadeira vaga com a eleição do Senador Joaquim Correia de Araújo para governador do Estado de Pernambuco. No Senado, "foi logo considerado um dos chefes de maior influência e autoridade", como lembra Anibal Freire. Como senador, teve mais uma vez oportunidade de colocar os grandes interesses nacionais acima dos estritamente partidários. Divergindo do seu partido e do governo, em questão de política exterior, afirmou em pronunciamento de 29 de agosto de 1896: "Creio que, como membro de um partido apoiando embora o Governo do Sr. Dr. Prudente de Morais, não me sentia, não me sinto, não me sentirei nunca obrigado a apoiar incondicionalmente todos os atos praticados por este Governo. Isto não seria digno de mim, nem do Governo que eu apoiasse". Como disse Gonçalves Ferreira, "o Dr. Rosa e Silva nunca foi um incondicional. O apoio que prestou aos governos que mais admirou foi sempre restrito ao seu direito de divergir em assuntos de administração.
Manoel Ferraz de Campos Salles |
CONTINUA...
REVEJA A 1° PARTE Aqui
FONTE: www2.camara.gov.br
POSTADO POR JOHNNY RETAMERO
Nenhum comentário:
Postar um comentário