sábado, 2 de julho de 2011

HÁ 82 ANOS FALECIA O CONSELHEIRO ROSA E SILVA

A REPÚBLICA-PARTE 2
A queda do Império não afastaria Rosa e Silva da vida pública. Retraiu-se, é verdade, num gesto bem de acordo com sua conhecida discreção; mas, chamado a prestar o seu conhecimento, numa fase tão difícil para a Nação e para a sua província, não teve dúvidas em candidatar-se a deputado. No Congresso Constituinte de 1890/1891, foi quem "primeiro saiu em defesa do parlamentarismo", como assinala Agenor de Roure. Para Rosa e Silva, o parlamentarismo sempre fora "um sistema de liberdade e o que melhor garante os direitos individuais e a fiscalização dos dinheiros públicos". Mas não pensa apenas nos problemas da União e defende a discriminação das rendas e uma distribuição mais equilibrada da representação estadual no Parlamento.
Marechal Deodoro da Fonseca
Em 1891, viaja pela segunda vez à Europa, onde se encontrava por ocasião do golpe de Estado do marechal Deodoro da Fonseca no dia 3 de novembro do mesmo ano. De volta ao Brasil e reintegrando-se na vida parlamentar, tem uma vez mais oportunidade de debater problemas econômicos e financeiros, tanto no Plenário como na Comissão de Fazenda e Orçamento.
CHEFE DO PARTIDO REPUBLICANO EM PERNAMBUCO
Proclamada por militares, a República precisava de uma base civil. Foi com este fim que se fundou o Partido Republicano, nele ingressando Rosa e Silva. Encarregado de organizar a seção pernambucana, dela tornou-se o chefe natural. "Na esfera estadual", como assinala Anibal Freire, "não penetrara como um conquistador". E continua: "Aureola-o a qualidade de coordenador, no meio das paixões que as lutas locais provocavam". Tanto que, no pleito de 1º de março de 1894, elegeu-se juntamente  com dois terços de seus correlegionários, conseguindo a grande votação que Pernambuco deu ao candidato a Presidente da República, Prudente José de Moraes e Barros.
Prudente José de Moraes e Barros
PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Já bastante prestigiado pela atuação na legislatura anterior, quando assumiu atitude corajosa no caso do desacato ao Poder Legislativo por alunos do Colégio Militar, foi Rosa e Silva eleito Presidente da Câmara dos Deputados, em 17 de maio de 1894, por 80 votos contra 23, dados a Antônio Olyntho dos Santos Pires, 3 votos para Francisco Glicério, João Lopes e Belisário de Souza, e 2 cédulas em branco. Pronuncia, na ocasião, um pequeno mais incisivo discurso, do qual destacamos este trecho final: "Sectário constante da legalidade, habituado a ter por objetivo unicamente o cumprimento do dever, nesta cadeira só uma preocupação dominará meu espírito: a fiel observância da Constituição e do Regimento".  Para Gonçalves Ferreira, a Presidência da Câmara "foi, talvez, o período  mais brilhante da vida do Dr. Rosa e Silva". E explica: "É conceito público notório contemporâneo que foi ele um grande Presidente da Câmara, pela imparcialidade com que ocupou a cátedra, pela segurança de suas decisões, pela energia de suas atitudes e pelo respeito e acatamento nas relações com seus pares". E a tarefa não era fácil. Naquela época os ânimos estavam muito inflamados, os espíritos extremamente sensíveis e havia necessidade de muito tato, ao mesmo tempo que serena firmeza, a fim de impedir, nos debates, os excessos que a exaltação parlamentar provocava. Nesses momentos, através de suas muitas ligações na Casa e no Senado, buscava o consenso. Pode-se dizer que com essa atitude fez-se a sua notoriedade política.
Era tal o prestígio de Rosa e Silva que, no ano seguinte, estando na Europa para tratamento de saúde, foi novamente eleito Presidente da Câmara. Mas só em setembro pode regressar ao Brasil, reassumindo a Presidência no dia 24. "Embora representante de um partido" - afirmou nessa ocasião - "nesta cadeira a minha norma, a preocupação única do meu espírito continuará a ser a fiel observância da Constituição e do Regimento". Foi o presidente da Câmara até o dia 19 de maio de 1896, quando foi eleito Arthur César Rios.
SENADOR
Sendo suplente de senador, assumiu em junho de 1896 a cadeira vaga com a eleição do Senador Joaquim Correia de Araújo para governador do Estado de Pernambuco. No Senado, "foi logo considerado um dos chefes de maior influência e autoridade", como lembra Anibal Freire. Como senador, teve mais uma vez oportunidade de colocar os grandes interesses nacionais acima dos estritamente partidários. Divergindo do seu partido e do governo, em questão de política exterior, afirmou em pronunciamento de 29 de agosto de 1896: "Creio que, como membro de um partido apoiando embora o Governo do Sr. Dr. Prudente de Morais, não me sentia, não me sinto, não me sentirei nunca obrigado a apoiar incondicionalmente todos os atos praticados por este Governo. Isto não seria digno de mim, nem do Governo que eu apoiasse". Como disse Gonçalves Ferreira, "o Dr. Rosa e Silva nunca foi um incondicional. O apoio que prestou aos governos que mais admirou foi sempre restrito ao seu direito de divergir em assuntos de administração. 
Manoel Ferraz de Campos Salles
Em 19 de outubro de 1897 realizou-se a convenção do Partido Republicano, tendo sido indicados para a Presidência e a Vice-Presidência da República, no quatriênio 1898-1902, respectivamente, Manoel Ferraz de Campos Salles e Francisco de Assis Rosa e Silva. Foi eleito, em 1898, por maioria absoluta de 412.074 votos, contra os 40.629 do candidato Fernando Lobo. "A situação política de Rosa e Silva, ao assumir a Vice-Presidência da República, era das mais fortes", como recorda Anibal Freire. "Tinha ele adquirido os forais de um dos pró-homens do regime". Com sua proclamada altivez, foi um Vice sempre em atritos com o Presidente: primeiro, na verificação de poderes da nova Câmara, depois, na chamada "política dos governadores", na política financeira do ministro da Fazenda Joaquim Duarte Murtinho, no arrendamento das estradas de ferro. Mas nunca abdicaria da distinção com que soube sempre presidir o Senado, como reconhece o insuspeito Alcindo Guanabara, no seu livro sobre A Presidência Campos Salles. Rosa e Silva, como afirmou Costa Rego, era "um homem profundamente educado, a quem nunca se atribuiu, porque seria impossível assinalá-la, uma atitude sem elegância". 


CONTINUA...
REVEJA A 1° PARTE Aqui
FONTE: www2.camara.gov.br
POSTADO POR JOHNNY RETAMERO

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