Do O Globo
imagem: deolhos.blogspot.com |
RIO — Os especialistas em segurança têm
avisado que os hackers de hoje são profissionais do crime e estão atrás do
dinheiro. Comprova o alerta de uma pesquisa recente da PricewaterHouseCoopers
(PwC) constatando que mais de um terço das empresas brasileiras (32%) foi
vítima de crimes digitais no ano passado.
A média mundial é menor: 23% das
companhias foram alvos de ataques cibernéticos em 2011. No Brasil, 8% das
empresas atacadas tiveram prejuízos acima de US$ 5 milhões; e outros 5%
amargaram perdas que variaram de US$ 100 milhões a estratosféricos US$ 1
bilhão.
O estudo entrevistou 3.877 altos
executivos de empresas em 72 países. Só no Brasil foram 115 — de
presidentes-executivos a diretores de tecnologia, passando por diretores financeiros
e de operações. Um detalhe é que os crimes por via digital sequer apareciam
entre as preocupações desses executivos em 2009.
Hoje, estão entre as prioridades do
mundo corporativo — em segundo lugar, atrás apenas do roubo de ativos, citado
como a maior dor de cabeça por 68% dos ouvidos.
Providências de segurança ainda são informais
Mais da metade dos executivos
brasileiros (51%) explicou que um dos maiores problemas relacionados à
conscientização e combate aos crimes eletrônicos é o fato de que a diretoria de
suas empresas adota apenas informalmente ou de forma pontual soluções e
processos de segurança (novamente, não se trata de quadro isolado: no mundo,
40% dos entrevistados dizem o mesmo).
Ter um grande prejuízo é uma parte das
preocupações com a segurança — o que os executivos mais temem, especialmente no
Brasil (68% mencionaram o tema, contra 40% no mundo), é a perda de reputação da
companhia, seguida da interrupção dos serviços, pesadelo de pelo menos 50% dos
dirigentes corporativos brasileiros ouvidos.
— Hoje em dia o maior desafio de quem
trabalha com segurança da informação, especialmente a corporativa, são os
ataques direcionados a ambientes específicos de empresas — opina Moreno Góes,
diretor comercial e gerente regional da Symantec no Brasil. — A defesa contra
este tipo de ataque exige o uso de serviços de gerenciamento remoto, já que o
administrador de TI da empresa não consegue acompanhar todos os incidentes de
segurança ao mesmo tempo.
Corrobora a visão de Góes a admissão de
64% dos executivos brasileiros de que suas empresas não acompanham o bastante
as mídias sociais, hoje alvos dos criminosos digitais para plantar arquivos
maliciosos em computadores de usuários (que podem exercer funções-chave numa
empresa).
E o quadro fica ainda mais sombrio
quando se constata, na pesquisa da PwC, que 71% das empresas descobriram que os
autores dos crimes digitais trabalhavam na própria companhia, a maioria (67%)
fora de cargos de gerência.
Por outro lado, dos executivos seniores
ouvidos pela PwC, quase metade não sabia se sua empresa tinha sido vítima de um
crime digital.
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