O ANO DOS POSTES - Após o sucesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) no sentido de emplacar nas urnas dois nomes até então
desconhecidos do grande público, governadores nordestinos decidiram adotar a
mesma estratégia em âmbito estadual, sob os mais diversos argumentos, ao lançar
os chamados “candidatos postes” para a disputa sucessória.
Eduardo Campos (PSB) adotou o
discurso da “nova política” e elegeu Paulo Câmara como perfil ideal para
concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. A escolha por um nome do primeiro
escalão foi repetida pelos governadores Jacques Wagner (PT-BA) e Roseana Sarney
(PMDB-MA), que adotaram Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Silva
(Infraestrutura) como seus herdeiros políticos.
Dos gestores nordestinos que já
colocaram as cartas na mesa, o único que optou por um perfil político foi o
cearense Cid Gomes (PROS). O ex-socialista elegeu, dentre tantas opções, o
presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, José Albuquerque (PROS), que
pode vir a furar a fila formada por senadores e deputados influentes.
A estratégia do “novo”, apesar de
sedutora e de soar promissora aos ouvidos de uma população cansada do raposismo
político, pode não ser, na prática, a melhor opção, afinal de contas, o risco é
alto. Vide, como exemplo, o caso do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
(PT), figurinha carimbada nas listas dos piores prefeitos de capitais divulgadas
até o momento.
Mas como toda moeda possui duas
faces, há quem defenda o legado dos postes. O prefeito do Recife, Geraldo Julio
(PSB), e a presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo diante de duras críticas, têm
se mantido em alta na boca do eleitorado, o que contribui de forma direta para
o surgimento de tantos quadros novos.
Enquanto isso, na coxia, um sem
número de nomes que construíram a vida atuando profissionalmente como políticos
amarguram o dissabor de terem sidos escanteados, em sua grande maioria, por
quadros que hoje estão em suas cadeiras graças à “velha política”.
E o ano está apenas começando.
RECORDE – O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB),
conseguiu a proeza de ser vaiado pela população duas vezes em menos de um mês.
A primeira, durante a sessão que marcou o início do ano legislativo da Câmara
Municipal. A segunda, durante a Folia de Momo. E o número seria ainda maior
caso o comunista aparecesse em público mais vezes, tamanho a desaprovação
popular com relação ao seu (des)governo.
COMENDO POEIRA - Enquanto o senador Armando Monteiro dorme no ponto
esperando uma resolução do PT de Pernambuco com relação à disputa estadual, a
Frente Popular largou na dianteira ao construir – e pôr em prática – uma agenda
política para o secretário Paulo Câmara, a fim de torna-lo mais conhecido,
principalmente no interior. O socialista visita, nos próximos dias, municípios
do Sertão do Pajeú, Agreste, Mata Norte, Mata Sul e Região Metropolitana.
VERGONHA ALHEIA – Aliados do vice-governador João Lyra Neto (PSB)
são craques quando o assunto é envergonhar de gregos a troianos. Inconformados
com a escolha de Paulo Câmara para a disputa pelo Palácio do Campo das
Princesas, a militância entoa o chororô aos quatro ventos e aparentemente
esquece que a política tem mesmo dessas coisas. Enquanto isso, a peça do xadrez
socialista que, na teoria, deveria estar com o poste preso na garganta, segue
sábio, afinal de contas, a melhor resposta ainda continua a ser o silêncio.
TIRO NO PÉ - O presidente do PP de Pernambuco, deputado federal
Eduardo da Fonte, resolveu ignorar o clamor das ruas ao lançar a vereadora
Michele Collins ao Governo de Pernambuco. Enquanto milhares de brasileiros
criticaram, entre outras coisas, o comportamento e as ideias arcaicas do então
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, Marco Feliciano
(PSC-SP), o dirigente pernambucano decide que o melhor para a população do seu
estado, diante da atual conjuntura, é entregar o Poder Executivo nas mãos de
uma “política” que não entende o conceito de pluralidade e que limita o uso do
seu mandato à defesa não do povo, mas de um segmento religioso.
CURTAS
OSSO DE PRIMEIRA - O secretário de Habitação da Prefeitura do
Recife, Eduardo Granja, decidiu correr o risco de ser expulso do Partido dos
Trabalhadores. O petista é um dos doze filiados no estado que insiste em
contrariar resoluções das executivas nacional e estadual, permanecendo nas
gestões do PSB. Pense num osso saboroso!
NA ESPREITA – O novo líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça
Filho, aproveitou o cargo para intensificar a vigilância ao governo da
presidente Dilma Rousseff (PT). Atualmente, basta um membro da base aliada
“soltar um piu” para o democrata reunir sua equipe em busca de possíveis falhas
e protocolar requerimentos contra a administração petista.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: Até quando dura o silêncio de Lula quanto às
ameaças do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre um possível
rompimento entre peemedebistas e petistas?
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