quinta-feira, 6 de março de 2014

Do blog do Magno Martins: Coluna da quinta-feira

O ANO DOS POSTES - Após o sucesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no sentido de emplacar nas urnas dois nomes até então desconhecidos do grande público, governadores nordestinos decidiram adotar a mesma estratégia em âmbito estadual, sob os mais diversos argumentos, ao lançar os chamados “candidatos postes” para a disputa sucessória.

Eduardo Campos (PSB) adotou o discurso da “nova política” e elegeu Paulo Câmara como perfil ideal para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. A escolha por um nome do primeiro escalão foi repetida pelos governadores Jacques Wagner (PT-BA) e Roseana Sarney (PMDB-MA), que adotaram Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Silva (Infraestrutura) como seus herdeiros políticos.

Dos gestores nordestinos que já colocaram as cartas na mesa, o único que optou por um perfil político foi o cearense Cid Gomes (PROS). O ex-socialista elegeu, dentre tantas opções, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, José Albuquerque (PROS), que pode vir a furar a fila formada por senadores e deputados influentes.

A estratégia do “novo”, apesar de sedutora e de soar promissora aos ouvidos de uma população cansada do raposismo político, pode não ser, na prática, a melhor opção, afinal de contas, o risco é alto. Vide, como exemplo, o caso do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), figurinha carimbada nas listas dos piores prefeitos de capitais divulgadas até o momento.

Mas como toda moeda possui duas faces, há quem defenda o legado dos postes. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), e a presidente Dilma Rousseff (PT), mesmo diante de duras críticas, têm se mantido em alta na boca do eleitorado, o que contribui de forma direta para o surgimento de tantos quadros novos.

Enquanto isso, na coxia, um sem número de nomes que construíram a vida atuando profissionalmente como políticos amarguram o dissabor de terem sidos escanteados, em sua grande maioria, por quadros que hoje estão em suas cadeiras graças à “velha política”.

E o ano está apenas começando.

RECORDE – O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), conseguiu a proeza de ser vaiado pela população duas vezes em menos de um mês. A primeira, durante a sessão que marcou o início do ano legislativo da Câmara Municipal. A segunda, durante a Folia de Momo. E o número seria ainda maior caso o comunista aparecesse em público mais vezes, tamanho a desaprovação popular com relação ao seu (des)governo.

COMENDO POEIRA - Enquanto o senador Armando Monteiro dorme no ponto esperando uma resolução do PT de Pernambuco com relação à disputa estadual, a Frente Popular largou na dianteira ao construir – e pôr em prática – uma agenda política para o secretário Paulo Câmara, a fim de torna-lo mais conhecido, principalmente no interior. O socialista visita, nos próximos dias, municípios do Sertão do Pajeú, Agreste, Mata Norte, Mata Sul e Região Metropolitana.

VERGONHA ALHEIA – Aliados do vice-governador João Lyra Neto (PSB) são craques quando o assunto é envergonhar de gregos a troianos. Inconformados com a escolha de Paulo Câmara para a disputa pelo Palácio do Campo das Princesas, a militância entoa o chororô aos quatro ventos e aparentemente esquece que a política tem mesmo dessas coisas. Enquanto isso, a peça do xadrez socialista que, na teoria, deveria estar com o poste preso na garganta, segue sábio, afinal de contas, a melhor resposta ainda continua a ser o silêncio.

TIRO NO PÉ - O presidente do PP de Pernambuco, deputado federal Eduardo da Fonte, resolveu ignorar o clamor das ruas ao lançar a vereadora Michele Collins ao Governo de Pernambuco. Enquanto milhares de brasileiros criticaram, entre outras coisas, o comportamento e as ideias arcaicas do então presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, Marco Feliciano (PSC-SP), o dirigente pernambucano decide que o melhor para a população do seu estado, diante da atual conjuntura, é entregar o Poder Executivo nas mãos de uma “política” que não entende o conceito de pluralidade e que limita o uso do seu mandato à defesa não do povo, mas de um segmento religioso.

CURTAS

OSSO DE PRIMEIRA - O secretário de Habitação da Prefeitura do Recife, Eduardo Granja, decidiu correr o risco de ser expulso do Partido dos Trabalhadores. O petista é um dos doze filiados no estado que insiste em contrariar resoluções das executivas nacional e estadual, permanecendo nas gestões do PSB. Pense num osso saboroso!

NA ESPREITA – O novo líder do DEM na Câmara dos Deputados, Mendonça Filho, aproveitou o cargo para intensificar a vigilância ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Atualmente, basta um membro da base aliada “soltar um piu” para o democrata reunir sua equipe em busca de possíveis falhas e protocolar requerimentos contra a administração petista.


PERGUNTAR NÃO OFENDE: Até quando dura o silêncio de Lula quanto às ameaças do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre um possível rompimento entre peemedebistas e petistas?

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