FIM DE UM CICLO - Um terço dos governadores renuncia, hoje, ao
mandato para disputar as eleições de outubro. De todas as despedidas a que mais
chamará atenção sem dúvida será a de Eduardo Campos, que se afasta para
concorrer à Presidência da República. Deixa o poder com uma marca própria, a de
um bom executivo, tocador de obras, o que lhe confere o título de governador
mais popular do País.
O primeiro mandato, conquistado
depois da derrocada de Humberto Costa, que liderava todas as pesquisas até ver
o seu nome envolvido no escândalo dos sanguessugas quando ministro da Saúde,
foi exitoso por vários fatores, mas principalmente por ter cumprido a principal
promessa de campanha: a construção de três hospitais no Grande Recife.
No plano político, Eduardo
governou em céu de brigadeiro comandando um conjunto de forças políticas nunca
visto na história de Pernambuco. Habilidoso, teve a capacidade de trazer para
sua ampla base até o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), a quem derrotou quatro
anos atrás.
Não sobrou, portanto, ninguém para
fazer oposição. Mas esse conjunto foi se reduzindo e se dissipando na eleição
do Recife, em 2012, com a derrota que impôs ao PT elegendo Geraldo Júlio
prefeito.
Mais tarde, com a confirmação do
seu projeto presidencial, o governador se distanciou do PT no plano nacional,
rompeu com Dilma, entregou os cargos do PSB na Esplanada dos Ministérios e se
afastou, consequentemente, do ex-presidente Lula, que na sua primeira gestão,
de 2007 a 2010, o tratou como um filho.
Do ponto de vista administrativo,
Eduardo encerra um ciclo intacto, com popularidade em alta, mas o seu voo
presidencial é visto como uma grande incerteza. Se o cenário lhe for adverso,
como se vê na leitura das pesquisas, poderá ter dificuldades de eleger o seu
sucessor no Estado, porque uma eleição estará atrelada a outra.
Subindo nas pesquisas
presidenciais, seu candidato a governador, o agora ex-secretário da Fazenda,
Paulo Câmara, sobe junto. O oposto pode ocorrer também, ou seja, embicando,
Câmara embica junto.
Tudo isso, entretanto, são
cenários. O andar da carruagem, a partir das convenções em junho, dará o norte,
para bem ou mal.
O TEMPO DIRÁ – Se a relação do governador Eduardo Campos com João
Lyra, que toma posse hoje, está sem arranhões, só se saberá na realidade com o
tempo que será contado a partir de agora. Como Carlos Wilson, que governou 11
meses sucedendo Miguel Arraes e criou a sua marca, naturalmente Lyra não
perderá a oportunidade também para firmar um estilo, dando uma cara
diferenciada à gestão.
QUEM MENTE? – O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, degolado
na crise da estatal, está disposto a fazer um cara a cara com a presidente
Dilma para afirmar o que vem dizendo: a entrega de todos os documentos da
refinaria de Pasadena 15 dias antes, versão negada pela presidente.
A FORÇA DE LULA – Pesquisa do Ibope aponta que o ex-presidente Lula
é um grande eleitor no Nordeste. O apoio dele a um candidato a governador no
Ceará aumentaria em 63% as chances de vitória. Já em Alagoas, chegaria a 58%.
Em Pernambuco, beira aos 70%. Se isso se confirmar, na prática o grande
beneficiário será Armando Monteiro, que já lidera as pesquisas.
SÓ NA PRÓXIMA - O fim da doação de dinheiro por parte das empresas
a campanhas eleitorais e partidos políticos, que já tem o voto favorável de 11
ministros do STF, só vale para as eleições deste ano se for aprovado até julho,
quando começa a arrecadação para as campanhas. Entre 2009 e 2012, PT, PSDB e
PMDB receberam, juntos, mais de R$ 1 bilhão de bancos e empreiteiras.
TEMPESTADE MINEIRA - Já sem São Paulo, onde foi obrigado a
construir uma candidatura própria do PSB, por imposição de Marina, o governador
Eduardo Campos pode ficar sem uma aliança com o PSDB em Minas, segundo colégio
eleitoral do País. Ali, ele tem acordo para apoiar o candidato a governador de
Aécio Neves, mas o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (foto), pode se
desincompatibilizar hoje para disputar o Governo do Estado.
CURTAS
PUBLICIDADE – A ministra Ana Arraes, do Tribunal de Contas da
União, operou a auditoria no plano de controle da publicidade de todo o Governo
Federal. E determinou à Secretaria de Comunicação do Planalto que implante
procedimentos para evitar fraudes na prestação de serviços por veículos que não
são monitorados pela checagem eletrônica do Governo.
PESQUISA - O Datafolha traz amanhã uma nova pesquisa sobre a
sucessão presidencial. Os números tendem a refletir a crise na base do Governo,
repercutindo na imagem de Dilma, consequência dos efeitos da discussão pelo
Congresso em torno da abertura de uma CPI para apurar os escândalos na
Petrobras.
PERGUNTAR NÃO OFENDE: O que vai marcar o estilo João Lyra de
governar?
'Assim como não é bom ficar a alma sem conhecimento, peca aquele que se
apressa com seus pés'. (Provérbios 19-2)
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