Ilustração NE10 |
O Sport deu sopa para o azar no
fim do jogo mas a superioridade técnica dos campeões do Nordeste derrubou os
campeões da Copa Verde na noite desta quinta-feira (1), no Estádio Mané
Garrincha, em Brasilia.
Com o placar de 3×1 em cima do Brasília, os leoninos
garantiram a classificação para a segunda fase da Copa do Brasil sem a
necessidade do jogo da volta. Leonardo, Augusto e Ananias marcaram os gols
pernambucanos. O próximo adversário será o Paysandu, com primeiro jogo previsto
para 15 de maio, em Belém. Se houver necessidade de um segundo confronto, ele
só acontece depois da Copa do Mundo: 24 de julho.
De falta de disposição ninguém
pôde reclamar. Tanto Brasília quanto Sport entraram em campo dispostos a fazer
gols e não cozinhar o jogo como se poderia imaginar. Mas os pés muito fundo no
acelerador precipitaram tanto rubro-negros quanto colorados. E as boas chances
de gol até os dez minutos surgiram em erros. Aos cinco, Rithely aproveitou o
rebote de um escanteio e tocou para Leonardo. A defesa do Brasília ficou apenas
olhando o camisa nove soltar uma bomba que explodiu no travessão e saiu. O erro
da defesa brasiliense até que não foi tão grosseiro, mas sim o do assistente,
que deu permissão para um jogador em impedimento finalizar.
Como foi tiro de meta, o Brasília
saiu jogando. Mas Márcio Santos dominou a bola com a canela e Augusto, que
estava ligado, tomou-lhe a bola. Avançou sozinho para a grande área e tentou
encobrir o goleiro Artur. Conseguiu, mas não poderia ter encoberto também a
barra. Novo tiro de meta. O time pernambucano também não ficou impune. Aos dez,
Ewerton Páscoa, agora zagueiro, preferiu jogar como volante, provavelmente pelo
hábito da nova função. Tentou sair jogando ao lado da área e perdeu para Vítor
Hugo. Ele cruzou para Claudecir entrar de peixinho e mandar rapsando a trave
direita de Magrão.
Para um time que mal treinou, o
Sport não fazia feio, principalmente pela atuação de Augusto, Renan Oliveira e
Leonardo. O primeiro mostrou que além da função principal de marcar, tem força
e capacidade para sair jogando. Renan, finalmente desperto do sono que o
acometeu nos dois primeiros jogos do Brasileirão, deu mais opção para os
volantes. E Leonardo mexeu-se bem, procurando confundir a marcação.
Leonardo teria outra chance ao
receber de Augusto na meia-lua. Mas estava perto demais da bola e o chute saiu
sem força, claro que sem tirar o mérito de Artur, que foi bem na bola. Na
terceira chance que teve, Leonardo não poderia mais reclamar. Depois de um
escanteio cobrado pela direita do ataque pernambucano a bola espirrou para a
lateral oposta. Ninguém deu muita importância. Só Renan Oliveira, que chegou,
sozinho e ajeitou a bola quantas vezes quis antes de cruzar.
O que vem a seguir é uma daquelas
cenas bizarras que só o futebol é capaz de nos oferecer. O cruzamento de Renan
foi cheio de estilo, com a bola descrevendo uma parábola e tal, mas na cabeça
de André Nunes, que é zagueiro do Brasília. Sabe-se lá o motivo, mas André
poderia fazer tudo, menos levantar o braço direito e tentar uma cortada, como
bem fazem Giba, Murilo, Sheilla e Jaqueline, todos eles, e elas, jogadores de…
vôlei. O camisa nove rubro-negro não tinha nada com isso e chutou forte, no
canto alto direito.
Apenas cinco minutos de intervalo
para o segundo gol. Desta vez em jogada bem trabalhada. Augusto repetiu a
infiltração dos seis minutos, só que agora pelo lado direito. Recebeu de Felipe
Azevedo e chutou forte, lá em cima, sem tempo suficiente para o goleiro chegar.
Ewerton Páscoa deu um susto em Magrão aos 44. Clécio cruzou da direita e o cabeludo
tentou cortar para escanteio. Magrão já se projetava para interceptar o passe
mas teve tempo e reflexo suficiente para voltar e espalmar.
Se queria jogar na Ilha do
Retiro, o Brasília não tinha outra alternativa a não ser partir para cima. E
assim se fez com a contribuição do recuo do Sport, materializado nos dois
volantes. Mas a pressão foi mais territorial do que bombardeio. Quando chutou,
faltou, literalmente, força aos de vermelho.
O Sport quando foi, fez Artur
trabalhar bem mais duro. Aos oito, Leonardo cruzou rasteiro e Felipe Azevedo
desviou para o camisa 1 espalmar. Na cobrança de escanteio, a bola passou por
todo mundo e encontrou Wendel perto do bico de grande área. Ele chutou de
primeira e o onipresente Artur estava lá novamente.
O sofrido goleiro do Brasília não
era infalível e provou isso aos 14. Ananias, que entrara há quatro minutos, foi
lançado por Leonardo no contra-ataque. Avançou até a grande árae e chutou
cruzado no canto direito. Os 3×0 davam ao Sport o direito de levar pelo menos
um gol. Por isso não havia mais necessidade de marcar pressão e correria.
Os leoninos limitavam-se a
esperar em seu campo para puxar os contra-ataques. E eles vieram. Só não vieram
gols porque Leonardo errou a pontaria na primeira tentativa e demorou demais a
chutar na segunda. Já era hora de mexer novamente. O técnico Eduardo Baptista
tirou Rithely, que saiu de campo mancando, para colocar o prata da casa
Ronaldo. Na lateral direita, Igor Fernandes, que é lateral-esquerdo de origem,
deu lugar a Bileu, que nasceu volante mas também atua pelo lado do campo.
As mudanças desfiguraram o time,
principalmente a saída de Rithely. O Sport perdeu posse de bola e passou a
levar o jogo em banho-maria, esperando o fim de um jogo que parecia definido.
Dentro de suas limitações, o Brasília fazia o que podia. E podia cada vez mais.
O Leão apenas esperava suas chances de jogar. E elas apareciam cada vez menos.
Assim, Alequito, que já chutara fraco nas mãos de Magrão e não conseguira
sequer desviar a trajetória da bola numa cabeçada, resolveu mudar o setor. Caiu
pela esquerda e, aos 34 minutos arrancou para a linha de fundo. Kaká, o
lateral, entrou pelo meio como atacante e bateu firme, rasteiro, no canto
esquerdo.
O gol acendeu o rastilho de
pólvora para o Brasília salvar a degola precoce. E o Sport, antes tão seguro de
si, amontoou-se no seu campo de defesa. E o jogo terminaria na base do ataque
de qualquer jeito e defesa aos trancos e barrancos. Nesse meio-tempo, Brian
acertou uma bomba no travessão aos 39. Renan Oliveira retrucou aos 40, tirando
tinta da trave oposta.
Ficha do jogo:
Brasília: Artur; Fernando, André
Nunes, Márcio Santos e Kaká; Pedro Ayub, Mateuzinho, Clécio e Vítor Hugo;
Alequito e Claudecir. Técnico: Luiz Carlos Carioca.
Sport: Magrão; Igor Fernandes
(Bileu), Oswaldo, Ewerton Páscoa e Danilo; Augusto, Rithely (Ronaldo) e Renan
Oliveira; Wendel (Ananias), Leonardo e Felipe Azevedo. Técnico: Eduardo
Baptista.
Local: Mané Garrincha, em
Brasília (DF). Árbitro: Jânio Pires Gonçalves (TO). Assistentes: Adailton
Menezes e Edson Antonio de Souza (GO). Gols: Leonardo, aos 34; Augusto, aos 39
do primeiro tempo. Ananias, aos 14; e
Kaká, aos 34 do segundo. Cartões amarelos: Mateuzinho, André Nunes, Bileu,
Felipe Azevedo, Augusto e Igor Fernandes.
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