Por mais avançados que estejam os
tratamentos contra a Aids, a ciência só poderá comemorar o fim dessa guerra
quando conseguir eliminar o HIV do organismo infectado.
Até agora, isso só
havia ocorrido em tecidos de roedores. Um artigo publicado na edição de ontem
da revista Pnas, porém, deu um passo adiante ao ANUNCIAR a limpeza total de
células humanas cultivadas em laboratório. “Estamos no caminho certo para
encontrar a cura do HIV/Aids”, comemora o virologista Kamel Khalili, principal
autor do estudo. Mas ele esclarece: “Ainda serão necessários muitos e muitos
anos antes que possamos começar a fazer testes clínicos”.
Além de erradicar o vírus das
células, a equipe de pesquisadores da Universidade de Temple (EUA) conseguiu
evitar que elas fossem reinfectadas. A tecnologia não apenas varre o HIV, mas constrói
uma barreira protetora, impedindo que o patógeno volte a depositar seu material
genético mesmo se entrar em contato com a célula novamente. Isso abre outra
possibilidade de pesquisa: o método poderá ser utilizado na fabricação de
ferramentas preventivas, como vacinas. “As terapias atuais transformaram a Aids
em uma doença crônica, mas a raiz do problema, o vírus, é apenas suprimida. Se
você quer curar uma doença viral, elimine o vírus”, diz Khalili, que é diretor
do Centro de Neurovirologia e NeuroAids da FACULDADE de Medicina de Temple.
Há 15 anos, a terapia
antirretroviral mudou o panorama da Aids no mundo desenvolvido. Já não se morre
mais da doença, mas, para isso, é preciso tomar os medicamentos sem
interrupção. Caso contrário, o vírus volta a agir. “Apesar do sucesso, mesmo
quando a replicação do HIV está controlada, a permanência do vírus no organismo
traz consequências à saúde, fazendo com que os pacientes sofram mais de doenças
geralmente associadas ao envelhecimento, como cardiomiopatia, problemas ósseos
e neurocognitivos”, diz Khalili, acrescentando que essas enfermidades
geralmente são exacerbadas pela toxicidade das drogas que controlam o HIV.
Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário