segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mulher que denunciou execução na Grande SP está sob proteção policial

Ela ligou para o 190 e relatou execução promovida por PMs.
Homem morto por policiais já havia cumprido pena no interior de SP.

O tenente coronel Roberto Fernandes, do 29º Batalhão da Polícia Militar, no Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo, disse nesta segunda-feira (4) que a mulher que ligou para o 190 para denunciar policiais militares que executaram um homem dentro de um cemitério de Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, em 12 de março, está sob proteção policial. O áudio do telefonema feito pela mulher à polícia foi obtido pela Rádio CBN (ouça ao lado).

Os dois policiais,  um com 18 e outro com cinco anos de carreira na PM,  estão presos no Presídio Romão Gomes e respondem a um inquérito policial militar. Segundo o coronel, o soldado veterano se envolveu antes em três ocorrências de resistência seguida de morte.

Segundo a polícia, o homem morto, Dileone Lacerda de Aquino, de 27 anos, tinha cumprido pena em Bauru, no interior de São Paulo, e havia sido preso antes por suspeita de roubo, desacato, receptação, formação de quadrilha e resistência à prisão.

De acordo com o coronel, o homem que recebeu o tiro de pistola no peito dentro do cemitério havia se envolvido horas antes em um roubo a um furgão de uma empresa de cosméticos no Itaim Paulista, Zona Leste da capital. Na tentativa de fuga, ele bateu o carro contra o muro de um condomínio e foi alvejado na perna esquerda pelos policiais. Em seguida, os policiais o colocaram no carro de polícia e o levaram até o cemitério.

Lá, deram o tiro no peito que o matou. Em seguida colocaram o corpo de volta no carro de polícia e levaram até um pronto-socorro. Foi nesse momento que a denunciante viu a ação criminosa e ligou para o 190.

"A Polícia Militar tomou conhecimento através do Copom. Fui cientificado e imediatamente me dirigi até a 4ª companhia do 29º BPM. Havia notícia de que se tratava de ocorrência de roubo de um veículo que fazia entrega de produtos de beleza, e que após acompanhamento inicial supostamente, numa abordagem, troca de tiros. A pessoa foi ferida e os policiais socorreram essa pessoa.


Pouco depois,  uma senhora corajosamente, acreditando na Polícia Militar, ligou de seu celular para o 190, dando a notícia de que estava visualizando no Cemitério das Palmeiras, que uma viatura da Polícia Militar tinha lá adentrado e que os policiais tinham retirado da viatura da PM uma pessoa e nela atirado", disse o coronel.

Graças à atuação da mulher, os policiais foram presos em flagrante.  "Diante dessas notícias, adotei providências de Polícia Judiciária Militar. Como comandante da unidade, tenho essa incumbência. Confirmada a versão que foi dada via Copom, esse comandante de imediato adotou providência para que os policiais fossem presos em flagrante e conduzidos ao presídio Romão Gomes", afirmou o coronel.

Segundo o coronel, no primeiro momento os policiais negaram o homicídio. Os dois ainda não depusarem formalmente, mas  decidiram manifestar-se apenas em juízo. Segundo o coronel, eles devem ser submetidos a um conselho que pode resultar em expulsão. Os dois respondem também por homicídio.


O auto de prisão em flagrante foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar e de lá será encaminhado à justiça comum. Além da mulher que ligou para o 190, outras testemunhas contam ter visto o homem entrando com vida no carro da polícia.

A Corregedoria da PM de São Paulo abriu um inquérito para apurar o caso. A denúncia foi feita por uma moradora de Ferraz de Vasconcelos que visitava a sepultura do pai e viu quando Spoliciais militares entraram com o carro da polícia no cemitério, retiraram uma pessoa de dentro do veículo e atiraram contra ela.

Com celular na mão, a denunciante ligou para o 190, relatou o ocorrido e indicou o prefixo do carro envolvido. Ela ainda tem um diálogo que ela tem com um dos policiais que a aborda.

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