Foto da Igreja do Rosário, apenas 20 anos pós Hecatombe |
A HECATOMBE-PARTE 3
DR. Ambrósio Machado-1 |
Henrique Marques Lins-2 |
No engenho pedreiras, incorporaram-se à comitiva o MAJOR MANOEL CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE SÁ, chefe do PARTIDO CONSERVADOR e JOÃO DE SÁ CAVALCANTI LINS, com os seus amigos.
Grande parte dos caravaneiros vinha a cavalo, portanto flores e ramos de cróton verde-amarelo, cores nacionais, cornetas e duas bandeiras imperiais.
Na entrada da cidade, no subúrbio de JENIPAPO, esperavam a comitiva os amigos e correligionários residentes na cidade, com Banda de Música, tendo à frente o CORONEL JOSÉ CAVALCANTI DE AZEVEDO FERRAZ, eminente prócer do PARTIDO CONSERVADOR.
Seguiu o préstimo cerca das 16h, em direção ao Pátio da Matriz, entrando pela travessa situada no oitão direito desta, vulgarmente conhecida como o BECO DO ROSÁRIO.
A posição exata dos LIBERAIS “LEÕES” e de suas forças era a seguinte:
Na calçada da IGREJA DO ROSÁRIO, à porta central do templo, se encontravam o Dr. NICOLAU e o Capitão URSULINO TORREÃO, com alguns soldados; nas varandas internas da nave central e nas varandas e janelas externas, praças entrincheirados; defronte e ao lado esquerdo da igreja, três linhas de paisanos armados, sob as ordens de chefes políticos governistas.
Ao defrontarem o templo, “vivas” foram erguidos pelos caravaneiros,postando-se os cavaleiros na praça enquanto o grosso dos peões ia chegando.
Apeia-se o Dr. AMBRÓSIO e dirige-se ao Delegado TORREÃO, exprobando-lhe o procedimento ilegal, ao mesmo tempo que o BARÃO DA ESCADA, montado, discutia com o Dr. NICOLAU.
Vem a reação desesperada da multidão procurando apoderar-se da igreja, mas sendo objeto da fuzilaria despejada das seteiras abertas no templo. Generaliza-se a peleja, desvantajosa para os oposicionistas que, acotovelados diante do templo, eram alvejados de cima e pelos flancos, mas não corriam da luta, conseguindo, afinal, depois de séria peleja, entrar no templo.
Sendo elevado o número de mortos e feridos e correndo a notícia de que outros contingentes da oposição se dirigiam para a praça, já ao anoitecer foram os combatentes governistas abandonando suas posições e buscando, na fuga, a impunidade de seu crime e a segurança da própria vida.
O Dr. NICOLAU refugiou-se nos fundos de uma casa vizinha ao templo, donde, alta noite, conseguiu sair e, trocando o nome, passou à Província das Minas Gerais, onde viveu, disfarçado, até a prescrição do crime.
O Tte. CRISTÓVÃO ÁLVARES DOS PRAZERES homisiou-se na casa do Dr. JOSÉ FELIPE DE SOUZA LEÃO, presidente do Tribunal, no Recife, mas, tendo saído para receber curativo em ferimento, foi preso numa farmácia e recolhido à Casa de Detenção, donde conseguiu fugir.
Cessado o tiroteio, dezesseis cadáveres jaziam dentro da Matriz e em suas cercanias e dezenas de feridos eram socorridos.
Entre os mortos contavam-se o BARÃO DA ESCADA, os imãos JOSÉ e PEDRO LEITE DOS SANTOS, JOSÉ PEDRO DE OLIVEIRA, PEDRO CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE SÁ(conhecido por PEDRO LINS, irmão do MAJOR LINS), ALEXANDRE RODRIGUES DE LUNA, todos estas figuras de evidência nas hostes oposionistas.
Não morreu, nem saiu gravemente ferida uma só pessoa de destaque da ala dos liberais governistas.
No dia 28 de junho, assumia o governo da província o novo presidente, nomeado antes dos acontecimentos, Dr. FRANKLIN DÓRIA.
Tremenda foi a revolta, dentro e fora da província, não só dos políticos oposicionistas, como do próprio povo.
Instaurado o processo, foram pronunciados o Dr. NICOLAU RODRIGUES DA CUNHA LIMA, o Capitão URSULINO DA CUNHA TORREÃO, o Capitão ANTÔNIO DE PAULA CAVALCANTI DE ALMEIDA, o Tte.Cel. FRANCISCO JOSÉ ÁLVARES, o Capitão JOAQUIM FRANCISCO WANDERLEY, o Tte. MANOEL LÍDIO ÁLVARES DOS PRAZERES, o Tte. JOSÉ FRANCISCO PEDROZO DE CARVALHO, o Tte. IZIDORO LOURENÇO BEZERRA, Tte. CRISTÓVÃO ÁLVARES DOS PRAZERES, CAPITULINO GOMES FERREIRA, JOSÉ OLAVO WANDERLEY, MANOEL MENDES, ANTÔNIO SEVERINO DAS MERCÊS, JOSÉ PEREIRA, ROSENDO JOSÉ DA SILVA ROSAS, JOSÉ TAVARES DE LIMA, FRANCISCO OLHO AZUL, ANTÔNIO DE MENDONÇA CABRAL, ANTÔNIO SEVERINO DAS MERCÊS PROTTO, todos como incursos nas sanções dos artigos 192 e 205 do Código Penal; e ainda IDELFONSO ÁLVARES DOS PRAZERES e AMARO DA COSTA SOARES.
Dos que foram submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri, em datas diferentes, apenas o Cabo AMARO DA COSTA SOARES foi condenado a galés perpétuas. Os demais foram absolvidos, tendo havido apelações, que não tiveram provimento.
Eis, em síntese, o que foi a chamada hecatombe da Vitória, ocorrida a 27 de junho de 1880, na igreja de NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS, então servindo de Matriz da freguesia de Santo Antão da Vitória( a Matriz atual achava-se em construção). As imagens atingidas pela mortandade estão em exposição permanente, no museu do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA VITÓRIA.
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POSTADO POR JOHNNY RETAMERO
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TEXTO ORIUNDO DO LIVRO HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE, VOLUME 2-DO PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO.
TEXTO ORIUNDO DO LIVRO HISTÓRIA DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE, VOLUME 2-DO PROFESSOR JOSÉ ARAGÃO.
FOTOS 1, 2 e 3- digitalizaçao.fundaj.gov.br
POSTADO POR JOHNNY RETAMERO
Um comentário:
o dr, ambrosio machado da cunha cavalcanti, gravemente ferido foi acolhido e tratado durante meses por uma familia da cidade de escada. esta familia que o hospedou ficou depois muito ligada a ele. quem seriam ?
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