A água do Açude do Prata, numa unidade de conservação de 387 hectares da Zona Norte da capital, é tão limpa que passa por apenas um dos três estágios de tratamento empregados pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) antes de alcançar as torneiras das casas de 47 mil recifenses. Pesquisadores supõem que essa pureza se deve ao manancial estar numa área protegida: o Parque Dois Irmãos. Um equipamento instalado há 12 dias no local poderá comprovar essa hipótese.
Trata-se de uma plataforma meteorológica que fornecerá informações precisas sobre chuva, direção e velocidade dos ventos, radiação atmosférica, umidade relativa e temperatura do ar. Além desses dados, uma equipe do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) analisará a qualidade da água do Açude do Prata ao longo de um ano.
“Vamos comparar todos os parâmetros com os de outro manancial da Compesa, o de Tapacurá, que conta com menos proteção. Então poderemos mensurar os serviços ambientais hidrológicos prestados por uma unidade de conservação”, diz o coordenador do Projeto Água do Parque, Felipe Alcântara.
O objetivo do projeto é, ainda, quantificar esses serviços. “A Compesa evita gastos com tratamento quando usa água de mananciais de unidades de conservação. Detalhando os serviços ambientais hidrológicos prestados pela floresta e quanto a Compesa economiza com isso, será possível estimar um valor para esses serviços”, acredita o cientista ambiental.
Para o gerente de Meio Ambiente da Compesa, Eduardo Elvino, estudos desse tipo são essenciais para a companhia planejar suas estratégias de conservação. “O Açude do Prata é um dos mananciais de melhor qualidade de água de todo o nosso sistema. Muito provavelmente isso se deve à presença da Mata Atlântica no entorno”, considera.
HISTÓRIA
Além de mais limpo, o manancial é também o mais antigo em operação no abastecimento público no Estado. Integrou as obras de saneamento concluídas em 1848, pela antiga Companhia do Beberibe, que precedeu a Compesa. Tinha origem nos Açudes do Prata e de Apipucos a água pela primeira vez encanada na capital.
Além de mais limpo, o manancial é também o mais antigo em operação no abastecimento público no Estado. Integrou as obras de saneamento concluídas em 1848, pela antiga Companhia do Beberibe, que precedeu a Compesa. Tinha origem nos Açudes do Prata e de Apipucos a água pela primeira vez encanada na capital.
Hoje, o Prata fornece 130 litros por segundo. Segundo a Compesa, é responsável por 3% do abastecimento do Recife, levando água para 47 mil moradores da Zona Norte. São abastecidas pelo açude localidades como Córrego do Jenipapo, Nova Descoberta, Alto do Progresso e Alto 13 de Maio.
O projeto é financiado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Fumbio), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. A estação meteorológica custou R$ 30 mil.
“Com essa iniciativa, que é pioneira no Estado, vamos desenvolver também um modelo replicável. Ou seja, depois do Projeto Água do Parque, outras unidades de conservação poderão ter mensurados os serviços ambientais que presta para a manutenção dos recursos hídricos”, adianta Felipe Alcântara.
Por: Felipe AlcântaraFonte: Jornal do Commercio
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