quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

HÁ 83 ANOS OCORRIA O CASAMENTO MAIS POLÊMICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO-PE





JOSÉ TEIXEIRA DE ALBUQUERQUE  &   MARTHA DE HOLLANDA CAVALCANTI

Esse casamento envolvendo o jornalista e a poetisa até hoje gera muitos comentários e suposições, algumas até maldosas e surpreendentes.

É preciso conhecer um pouco a biografia de cada um para depois falarmos do casamento propriamente.

JOSÉ TEIXEIRA DE ALBUQUERQUE



Vitoriense nascido na Fazenda Porteiras a 23 de agosto de 1892. Seus pais, Luiz Antônio e Donatila Teixeira de Albuquerque.

Estudou medicina na Faculdade da Bahia, desistiu no terceiro ano. Viúvo de uma portuguesa enamora-se de Martha. Identificam-se na literatura, são presenças nos saraus vitorienses.

Homem simples, funcionários dos Correios na atual cidade de Pombos. Mais tarde tornou-se funcionário do Arquivo da Diretoria das Obras Públicas do Estado, com competência e zelo. Conceituado na arte de escrever, tem seus trabalhos publicados nos jornais da sua cidade e da capital.


Teixeira publicou apenas um livro: “Minha Castália”,(fonte de inspiração). Assim escreve: “A minha escola é o meu momento de emoção e minha Castália é Martha”.

A pessoa de Teixeira era definida como boníssima, um marido que permitiu que a mulher crescesse como escritora, coisa rara na época, não foi egoísta podando-lhe as oportunidades. Isso lhe valeu repreensões, intrigas, o que ele superou.

MARTHA DE HOLLANDA CAVALCANTI



Vitoriense nascida no dia 20 de março de 1903 é filha de Nestor de Hollanda Cavalcanti e Mathilde de Aragão Rabelo de Hollanda Cavalcanti. 
NESTOR DE HOLLANDA CAVALCANTI
MATHILDE DE ARAGÃO















Era de um tempo que as famílias eram sociáveis. Havia festas habituais e animadas na Lagoa do Barro, atual Rua Prefeito João Cleofas de Oliveira. 

Onde se situada a PHARMACIA POPULAR, de propriedade de seu pai, no belo sobrado de azulejos portugueses. Como na primeira metade do século XX Vitória tinha muitos grêmios literários, peças teatrais e boa música principalmente no piano, foi nessa atmosfera cresceu Martha. 

Ela se candidata a deputada constituinte, funda a liga feminista em Pernambuco, conquista o titulo de ser a 1° mulher de Pernambuco a ter o titulo de eleitor.
Era excêntrica admirada pelos homens e odiada pelas mulheres.

ANSIEDADE PELO CASAMENTO

PREOCUPAÇÃO DE JOÃO CLEOPHAS DE OLIVEIRA

JOÃO CLEOPHAS DE OLIVEIRA
Martha e Teixeira, alegria e felicidade.

Como se deve assistir o casamento de vocês? De frak? Roupa branca? E a hora em que vocês afinal vão se unir pelo vínculo sagrado(vide Pe. Pitta) ou pelo contrato civil!

Desejo um aviso em regra não só porque não pretendo faltar como, aqui no engenho, não tenho indumentária suficiente.

Martha: - Recebi seu bilhete falando uns cravos para ainda mais, aumentar os muitos que você por certo, terá! Levarei todos que tiver. E também algumas outras rosas e flores mais apreciáveis para reunir a flor da vitória Regia que é você, flor incomparável porque tem alma, coração e sensibilidade.

Teixeira: - Estou positivamente bronco, pela vida de excessivo trabalho que tenho, porém, lhe asseguro, qualquer destes dias lhe enviarei a minha impressão sobre o seu livro. Você tem que julgá-la interessante, pelo mérito de ser a primeira e provavelmente a última vez, que me arrisco a dizer o que sentir nuns versos. Faço-o apenas em atenção ao velho amigo e colega de infância no colégio.

Abraços do João Cleophas,

Pirapama, 05 de dezembro de 1928.

O CASAMENTO

Numa cerimônia pomposa, Martha casa-se no dia 08 de dezembro de 1928 com o poeta, jornalista e historiador José Teixeira de Albuquerque.



“Antes de se encaminhar para a igreja, desfilou em carro sem capota pelas ruas principais da cidade, escandalizando a pacata sociedade da época e, como sempre, inovando, pois os vestidos das noivas, por velha praxe, somente eram conhecidos na igreja”.



Igreja Matriz de Santo Antão, 18 horas. Ofuscante, vestido curto com mangas de cava, bordado com paetês, prateados, vindos de Paris. Nas mãos, um exótico “bouquet” – uma armação de arame coberta com gaze formava uma estrela, de dentro uma pilha iluminava as flores, realçava o vestido... tudo era brilho.

A Pilhéria de 15 de dezembro de 1928 registra: “Martha Hollanda X Teixeira de Albuquerque. Constituiu um acontecimento mundano do mais destacado relevo o enlace nupcial de intelectual Martha de Hollanda com o poeta Teixeira de Albuquerque. 

Os atos que se revestiram de da maior pompa possível, efetuaram-se em cidade da Vitória, residência dos pais da noiva. Tendo a presença de grande número de famílias da mais alta sociedade recifense. 

GARÇONS DE LUXO

Serviram de “garçons doneur” os  intelectuais drs. Ferreira Santos, Coelho de Almeida, Godofredo de Almeida, Cardoso Ayres e o farmacêutico Dansoval Peixoto e de “demoiselle” as gentilíssima senhorinhas Dolores Freitas, Glorinha Borges, Litinha Lemos, Judite Costa, e Eládia Marinho. 

OS PADRINHOS

Foram padrinhos dos atos civil e religioso os ilustres Drs. Ulisses Pernambucano, Otávio de Freitas, Prudenciano de Lemos e Oscar Brandão e suas exmas senhoras”.

O CUPIDO



O pequeno Florisvaldo Vieira, na inocente beleza dos seus dois ou três anos, representava o deus do amor, com as alianças, ia à frente do cortejo. Nos cabelos loiros, cacheados, uma tiara de flores. Quase despido, com asinhas, arco e flecha era o próprio Cupido. “O que lhe custou depois, o apelido”.

Padre Américo Pita foi o celebrante.

Padre Américo Pita
“Pelo seu ineditismo, o casamento de Martha foi um acontecimento que causou admiração em toda a cidade”. Os convidados entusiasmaram-se com a entrada majestosa da noiva, parecia personagem de um conto de fadas, futurista.



Após o casamento, foram residir na Rua da Aurora, 98. Recife.

FONTE: LIVRO UMA GUERREIRA NO TEMPO- DA ESCRITORA LUCIENE FREITAS

POSTADO POR JOHNNY RETAMERO

FOTOS DA FAMÍLIA E DO LIVRO

Um comentário:

Luciene Freitas disse...

Ficou muito bom o trabalho Johnny. Parabéns!