AS HISTÓRIAS...
Houve uma época em que os professores entregavam a cada aluno, em cada aula, um roteiro daquela aula, era um desperdício de dinheiro e papel terrível, aí tivemos a ‘grande ideia’ de juntarmos os roteiros da sala inteira, durante uma semana e fizemos uma grande fogueira no pátio da cantina. É claro que essa idéia não deu certo! (risos).
Tinham os que comiam os ovos crus, os que chupavam cana ou pegavam frutas para matar a fome; porque houve um período em que o feijão armazenado para nossa alimentação estava cheio de bichos e quem tinha dinheiro comia na cantina, quem não tinha (e era a grande maioria) qualquer alimento matava a fome.
Não há como esquecer a venda do Srº Heleno onde um pedaço de carne charque e um quartinho eram divididos para três, quatro pessoas pra gente poder comer o feijão e o arroz com os bichos (risos).
Tínhamos o nosso próprio código de conduta em sala, por exemplo:
1- Dois ou três cercavam o professor com a prova na mão para tirar dúvidas, enquanto ou outros filavam ou trocavam as provas (e estas eram respondidas a lápis e depois cobertas com caneta).
2- Só eram permitidas as entregas das provas quando 70% ou 80% da sala já estivesse terminado, aí era aquele alvoroço novamente em cima do professor, para mais uma vez dar cobertura as filas e as devoluções das provas trocadas.
3- Formávamos bancas de estudos uma semana antes das provas, os que mais sabiam ensinavam aos outros.
4- Ninguém entregava ninguém, o que sobrasse pra um, sobrava pra todos; mais nem sempre isso dava certo, porque vez por outra, aparecia um dedo duro.
4- Ninguém entregava ninguém, o que sobrasse pra um, sobrava pra todos; mais nem sempre isso dava certo, porque vez por outra, aparecia um dedo duro.
OS APELIDOS...
Todos nós nos chamávamos pelos apelidos e às vezes a gente até esquecia os nomes e os professores ficavam loucos com os apelidos e nossa linguagem.
Piqüira, Bolinha ou Gorda, Capitão do Mato, A mulher do Gato, Maufra, Neno, Cigano, Mimy, Ratos do Porão, Cabeça de Nós Todos ou Cabeção, Clodovil, Keko ou Marcos de Clodovil, Bombom, Príncipe Charlie ou Fio do Vice, Tucano ou Piriquito, Gonococus Kid, Bilolão, Soneca, Sapo e Agrestina.
Tínhamos também nossa própria linguagem, por exemplo: ‘Cano de PVC’ eram as provas de algumas disciplinas ou alguma situação difícil. ‘Vara’ era um fora. ‘TL’ tamanho e leseira. ‘TAD’ técnico agrícola desempregado. ‘Tampa de Crush’ era o cara. ‘TBCD’ era o tabacudo, o que só falava besteiras.
Também tínhamos nossas próprias composições ou traduções de músicas que são pesadas demais e não dá pra postar aqui.
Os professores também não ficaram imunes aos apelidos, como: Cebolinha, Tito, Vermelhinho, Ricardão, Mauro Cabeção, Micróbio da Lua, Ravengá, Olho de Gozo, A Peste, Papa Tudo, o Homem da Mandioca, a Dona do Gato, a Bicha Véia, a Bicha Intelectual, o Morto Vivo, entre outros.
Como vocês podem perceber a nossa turma não era fácil e todos os dias algum professor reclamava da gente. Mas éramos pessoas normais e muito boas, não tínhamos malícia com relação a namoros, sexo ou drogas. Na turma ninguém fumava e 80% bebiam (pra comer o feijão com bicho).
O que a gente queria mesmo era aliar diversão e estudo e, nos três anos apenas um aluno foi reprovado no 3º ano (Gonococus Kid). Digo sem nenhum medo de errar, que esta foi a melhor época da nossa vida de estudante. Alguém duvida? Não né!
A SAUDADE DA TURMA...
A saudade é imensa e hoje sei que éramos felizes e não sabíamos. Sinto muita falta da minha turma, mais a vida segue. Nossa única responsabilidade era estudar e sabíamos fazer tudo ao mesmo tempo. Depois de quase 20 anos, perdi o contato com a maioria. Durante 4 ou 5 anos tivemos nossos encontros anuais e depois caímos na acomodação.
Aos meninos e meninas estudantes, lhes digo: “Aproveitem no ‘bom sentido’, cada fase de suas vidas. Cada época é um ciclo que se fecha e passado o momento, este não mais voltará, então saibam aproveitá-la com sabedoria”.
Há um pensamento que diz: “Há dois tipos de homens, o inteligente e o sábio. O homem inteligente é aquele que aprende com seus próprios erros e o sábio é o que aprende com os erros dos outros”. Anônimo.
E por falar em saudade, recebi um dia desses um e-mail lindo de Milena, uma amiga de João Pessoa, que tratava da forma como as pessoas entram ou saem das nossas vidas.
Em determinado trecho, resumindo a mensagem há uma passagem que diz: “As pessoas entram em nossa vida por uma razão, uma estação ou permanecem por uma vida inteira, e só saberemos em qual fase estaremos, quando vivê-la”.
No AGRO foi assim. Algumas pessoas entraram em minha vida por ‘uma razão’ (passageira), me ensinaram alguma coisa e se foram. Outras entraram em minha vida por ‘uma estação’ (mais demorada), passaram um pouco mais de tempo, me ensinaram coisas e aprenderam comigo também; mas como a razão, elas se foram.
E finalmente, há os especiais que entraram em minha vida por uma razão, ficaram por uma estação e permanecem até hoje ‘por uma vida inteira’. Portanto, mais uma vez, temos o livre arbítrio da escolha para permitir que as pessoas ‘entrem ou saiam’ de nossas vidas e ‘permaneçam ou não’ por uma razão, uma estação ou por uma vida inteira.
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