Por
Luiza Maia, do Diario de Pernambuco
Reginaldo
Rossi fala com a mesma espontaneidade com que canta a beleza feminina e o amor.
Aos 67 anos, parece ter deixado um pouco de lado a vida boêmia para um
cotidiano tranquilo, sempre acompanhado do cigarro. Sai pouco à noite, bebe
menos e fica bastante em sua casa, à beira-mar de Piedade. Também diminuiu o
ritmo de composições, mas mantém uma média de dez a 12 shows mensais. Nesta
sexta, é a principal atração do 8º Baile de Gala do I Love Cafusú (ingressos
esgotados), no Clube Internacional, onde canta também na próxima sexta-feira,
na Feijoada do Rei. No carnaval, fará sete apresentações. Responde sobre vida,
carreira, opiniões, mulheres, poker, sem titubear e (aparentemente) sem mentir.
Aproveita cada chance para soltar uma frase de efeito, criticar os puristas e
exaltar o brega, do qual carrega o título de Rei.
ENTREVISTA
// REGINALDO ROSSI
"Se
as mulheres do Big Brother estivessem pelo menos peladas, com a genitália de
fora, aí eu veria"
Como
está o dia a dia da carreira?
Tenho
viajado bastante. Está mais intenso, depois do Cabaret do Rossi. As pessoas
estão menos frescas. Tem algumas muito bestas que, quando a coisa é do povo,
dizem “aquilo é brega”. Ou quando o povo canta: “isso é música de cabaré”. E
quando o chifre dói, o diploma cai da parede. É tudo igual.
E
durante a semana, o que faz?
Fico
em casa e gosto de ficar aqui, construindo isso (refere-se à pousada para a
qual desenhou o projeto de engenharia). Isso me distrai. Não vou ao cinema,
futebol, teatro, praia, restaurantes. Não gosto de comer.
Gosta
de reality shows?
Jamais
vi um segundo. Não há como eu ver meio segundo ou um décimo de segundo. Outro
dia, teve aquele caso, do estupro no Big Brother. As mulheres vão para lá, vão
para uma festa, enchem a cara… Aí entram embaixo do edredom com o cara e dizem
que estava aquilo na mão, mão naquilo. Depois adormecem. O cara continua e é
estupro? Para mim não cabe. Comigo é pau, pau, pedra, pedra. Eu gosto de ler,
eu sei um pouco da Revolução Russa, da Revolução de Cuba, dos Estados Unidos,
do Brasil. Se as mulheres do Big Brother estivessem pelo menos peladas, com a
genitália de fora, aí eu veria. Mas não tem o que ver.
E
você gosta de filme pornô?
Gosto.
Não vejo muito, mas, quando tem, gosto. Gosto muito da realidade. Eu sou muito
real, sabe? Eu não tenho muito mais tempo para conjecturas.
O
que tem escutado?
Bocceli,
Amado Batista, Elvis, Paul McCartney, Roberto Carlos, Michel Teló.
Gosta
de Michel Teló?
Para
me divertir durante alguns dias. Depois de uma semana, não vai. O que vai ficar
é o brega, É o amor, de Zezé, Ne me quitte pas… Mas é necessário que tenha
tudo.
Caetano
Veloso?
Gosto
de algumas coisas. Gosto de Caminhando contra o vento, não gosto de Leãozinho.
Eu me lembro que, quando eu estava na escola, estava na moda Fellini, Antonioni
e eu acho tudo uma bosta. Eu gostava mesmo era de John Wayne com os bandidos.
Gosto das coisas mais palpáveis.
E
o cinema brasileiro?
Eu
acho que agora estão fazendo uns filmes brasileiros mais reais. Cinema Novo
para mim era uma besteirada.
E
a pornochanchada?
Era
melhor que o Cinema Novo. Tinha umas vedetes lindas. No tempo em que as mulheres
tinham cintura fina, bunda grande, coxa grossa e peito.
E
não têm mais?
Pelo
menos na moda, não. Não gosto das manequins. Uma bicha frustrada, porque não
tem peito e nem bunda, disse que o protótipo da mulher era isso.
E
as bailarinas do Faustão?
São
lindas, maravilhosas.
Assiste
a Faustão?
Gosto
muito. Não gosto de Big Brother, mas gosto de novela. Quando tenho tempo, vejo
Fina estampa. A Tereza Cristina é irreal. Novela é para distrair. Eu já passei
de hipotenusa e catetos, trigonometria.
Você
mora à beira-mar. Caminha na praia? Faz algum exercício?
Não.
Sou sedentário. Fumo muito e vivo muito bem. Não gosto de comida. Detesto
gordura. Às vezes, passo quatro dias sem almoçar.
E
bebida?
Eu
sou de um tempo em que a bebida comum entre os jovens era Cuba Libre, que era
rum com Coca-Cola. Como o rum começou a me dar dor de barriga, troquei. As
pessoas que tomam uísque com Coca-Cola são Paul McCartney, Bill Gates,
Reginaldo Rossi e Bill Clinton.
Bebe
muito?
Não.
Eu não tenho uma garrafa de uísque em casa. Não faço nada programado. No show,
eu não sei o que vou cantar. Na hora, faço sinal para a banda. Quatro para
baixo é Fá Menor, posso cantar “Hello, is it me you′re
looking for?/ I can see it in your eyes”ou
“Eu hoje quebro esta mesa/ se o meu amor não chegar”. Cinco para cima é Sol
Maior. Eu posso cantar “Sol, se o dia é de sol” ou “When I find myself in times
of trouble”.
Você
tem fama de namorador. É verdade?
Já
fui muito. Agora estou mais calmo.
É
casado há quanto tempo?
Trinta
e tantos anos, mas nunca deixei de gostar de mulher. Nunca. Sempre namorei.
Já
traiu sua mulher?
Muitas
vezes.
Ela
sabe?
Acho
que não.
Posso
dizer?
Pode
dizer. O problema é esse. É outra coisa hipócrita. Os homens são predadores de
mulheres.
E
as mulheres?
Agora
é que estão começando. Eu estou falando do que vivi. As mulheres agora estão um
pouco mais libertas, mas, durante este tempo todo, os homens se permitiam tudo
e as mulheres nada. Então os homens se aproveitavam. E eu me aproveitei.
O
que o atrai em uma mulher?
Primeiro,
você quer comer. Aí depois você vai ver se ela fala, se ela raciocina. Isso é
não ser hipócrita. A atração primeira é a carne, o olhar, a beleza.
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