sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Entrevista: Reginaldo Rossi diz que só assistiria ao BBB se as mulheres estivessem peladas


Por Luiza Maia, do Diario de Pernambuco

Reginaldo Rossi fala com a mesma espontaneidade com que canta a beleza feminina e o amor. Aos 67 anos, parece ter deixado um pouco de lado a vida boêmia para um cotidiano tranquilo, sempre acompanhado do cigarro. Sai pouco à noite, bebe menos e fica bastante em sua casa, à beira-mar de Piedade. Também diminuiu o ritmo de composições, mas mantém uma média de dez a 12 shows mensais. Nesta sexta, é a principal atração do 8º Baile de Gala do I Love Cafusú (ingressos esgotados), no Clube Internacional, onde canta também na próxima sexta-feira, na Feijoada do Rei. No carnaval, fará sete apresentações. Responde sobre vida, carreira, opiniões, mulheres, poker, sem titubear e (aparentemente) sem mentir. Aproveita cada chance para soltar uma frase de efeito, criticar os puristas e exaltar o brega, do qual carrega o título de Rei.

ENTREVISTA // REGINALDO ROSSI

"Se as mulheres do Big Brother estivessem pelo menos peladas, com a genitália de fora, aí eu veria"

Como está o dia a dia da carreira?
Tenho viajado bastante. Está mais intenso, depois do Cabaret do Rossi. As pessoas estão menos frescas. Tem algumas muito bestas que, quando a coisa é do povo, dizem “aquilo é brega”. Ou quando o povo canta: “isso é música de cabaré”. E quando o chifre dói, o diploma cai da parede. É tudo igual.


E durante a semana, o que faz?
Fico em casa e gosto de ficar aqui, construindo isso (refere-se à pousada para a qual desenhou o projeto de engenharia). Isso me distrai. Não vou ao cinema, futebol, teatro, praia, restaurantes. Não gosto de comer.

Gosta de reality shows?
Jamais vi um segundo. Não há como eu ver meio segundo ou um décimo de segundo. Outro dia, teve aquele caso, do estupro no Big Brother. As mulheres vão para lá, vão para uma festa, enchem a cara… Aí entram embaixo do edredom com o cara e dizem que estava aquilo na mão, mão naquilo. Depois adormecem. O cara continua e é estupro? Para mim não cabe. Comigo é pau, pau, pedra, pedra. Eu gosto de ler, eu sei um pouco da Revolução Russa, da Revolução de Cuba, dos Estados Unidos, do Brasil. Se as mulheres do Big Brother estivessem pelo menos peladas, com a genitália de fora, aí eu veria. Mas não tem o que ver.

E você gosta de filme pornô?
Gosto. Não vejo muito, mas, quando tem, gosto. Gosto muito da realidade. Eu sou muito real, sabe? Eu não tenho muito mais tempo para conjecturas.

O que tem escutado?
Bocceli, Amado Batista, Elvis, Paul McCartney, Roberto Carlos, Michel Teló.

Gosta de Michel Teló?
Para me divertir durante alguns dias. Depois de uma semana, não vai. O que vai ficar é o brega, É o amor, de Zezé, Ne me quitte pas… Mas é necessário que tenha tudo.

Caetano Veloso?
Gosto de algumas coisas. Gosto de Caminhando contra o vento, não gosto de Leãozinho. Eu me lembro que, quando eu estava na escola, estava na moda Fellini, Antonioni e eu acho tudo uma bosta. Eu gostava mesmo era de John Wayne com os bandidos. Gosto das coisas mais palpáveis.

E o cinema brasileiro?
Eu acho que agora estão fazendo uns filmes brasileiros mais reais. Cinema Novo para mim era uma besteirada.

E a pornochanchada?
Era melhor que o Cinema Novo. Tinha umas vedetes lindas. No tempo em que as mulheres tinham cintura fina, bunda grande, coxa grossa e peito.

E não têm mais?
Pelo menos na moda, não. Não gosto das manequins. Uma bicha frustrada, porque não tem peito e nem bunda, disse que o protótipo da mulher era isso.

E as bailarinas do Faustão?
São lindas, maravilhosas.

Assiste a Faustão?
Gosto muito. Não gosto de Big Brother, mas gosto de novela. Quando tenho tempo, vejo Fina estampa. A Tereza Cristina é irreal. Novela é para distrair. Eu já passei de hipotenusa e catetos, trigonometria.

Você mora à beira-mar. Caminha na praia? Faz algum exercício?
Não. Sou sedentário. Fumo muito e vivo muito bem. Não gosto de comida. Detesto gordura. Às vezes, passo quatro dias sem almoçar.

E bebida?
Eu sou de um tempo em que a bebida comum entre os jovens era Cuba Libre, que era rum com Coca-Cola. Como o rum começou a me dar dor de barriga, troquei. As pessoas que tomam uísque com Coca-Cola são Paul McCartney, Bill Gates, Reginaldo Rossi e Bill Clinton.

Bebe muito?
Não. Eu não tenho uma garrafa de uísque em casa. Não faço nada programado. No show, eu não sei o que vou cantar. Na hora, faço sinal para a banda. Quatro para baixo é Fá Menor, posso cantar “Hello, is it me youre looking for?/ I can see it in your eyes”ou “Eu hoje quebro esta mesa/ se o meu amor não chegar”. Cinco para cima é Sol Maior. Eu posso cantar “Sol, se o dia é de sol” ou “When I find myself in times of trouble”.

Você tem fama de namorador. É verdade?
Já fui muito. Agora estou mais calmo.

É casado há quanto tempo?
Trinta e tantos anos, mas nunca deixei de gostar de mulher. Nunca. Sempre namorei.

Já traiu sua mulher?
Muitas vezes.

Ela sabe?
Acho que não.

Posso dizer?
Pode dizer. O problema é esse. É outra coisa hipócrita. Os homens são predadores de mulheres.

E as mulheres?
Agora é que estão começando. Eu estou falando do que vivi. As mulheres agora estão um pouco mais libertas, mas, durante este tempo todo, os homens se permitiam tudo e as mulheres nada. Então os homens se aproveitavam. E eu me aproveitei.

O que o atrai em uma mulher?
Primeiro, você quer comer. Aí depois você vai ver se ela fala, se ela raciocina. Isso é não ser hipócrita. A atração primeira é a carne, o olhar, a beleza.

Nenhum comentário: