Da
AFP
imagem: noticias.uol.com.br |
Especialistas de
nanotecnologias anunciaram neste domingo (19) que criaram em laboratório o
menor transistor do mundo: um único átomo de fósforo que pode abrir caminho
para os computadores do futuro.
Os pesquisadores conseguiram posicionar - combinando técnicas já utilizadas na
produção industrial de semicondutores clássicos com um microscópio "com
efeito túnel" - um átomo de fósforo em uma camada de silício, o material
predileto dos chips de informática.
Trata-se de um experimento que lhes permitiu definir um grupo de seis átomos de
silício e substituir um por um átomo de fósforo, com uma precisão superior a
meio nanômetro (um nanômetro é um milhão de vezes menor que um milímetro).
Até agora, a precisão conquistada para tais operações era da ordem dos 10
nanômetros, uma margem de erro muito importante em escala atômica, ressalta o
estudo publicado neste domingo na revista britânica Nature Nanotechnolology.
"Esta posição individual do átomo é verdadeiramente primordial se quiser
poder utilizar em um computador quântico", que ofereceria uma rapidez e
uma potência de cálculo sem igual, explicou Martin Füchsle, do Centro de
Informática Quântica da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sidney.
Os testes realizados pela equipe de Michelle Simmons, que dirige este centro
australiano, confirmaram que o átomo de fósforo cumpre o papel de transistor,
como os que são utilizados na eletrônica clássica. Pode servir, por exemplo,
como interruptor ou amplificador de um sinal elétrico. Melhor ainda, este
transistor atômico conservaria uma parte de suas propriedades quânticas, o que
abre caminho para outras aplicações. A física quântica, em vigor em nível
atômico, transgride as regras da física clássica que se aplicam em maior
escala.
Esta técnica, ainda experimental, seria "particularmente pertinente para o
desenvolvimento de transistores de silício na escala do átomo, e nosso enfoque
pode ser utilizado também nos computadores quânticos", afirmam os
pesquisadores.
Mas se trata apenas de um primeiro passo, ressaltaram. "Para chegar a
construir um computador (quântico), será preciso localizar uma grande
quantidade de transistores atômicos" em série, explica Simmons.
No entanto, estes resultados são muito promissores e "demonstram que um
dispositivo constituído de apenas um átomo pode, em teoria, ser construído e
controlado com a ajuda de nanofios", considera o estudo. Os pesquisadores
australianos e americanos dirigidos por Simmons conseguiram construir o
"nanofio", constituído de silício e fósforo, de quatro átomos de comprimento
e um de altura.
Este "nanofio" é capaz de conduzir corrente como o cabo de cobre
comum de nossos aparelhos domésticos, demonstraram em um estudo publicado no
mês passado na revista Science. Trata-se de um resultado surpreendente, já que,
segundo a física quântica, a resistência de um nanofio deve, em teoria, ser
extrema e impedir que os elétrons circulem livremente.
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