Do iG São Paulo
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O
mosquito da dengue, o Aedes aegypti, não escolhe vítimas e pode estar no
quintal de qualquer pessoa, seja em uma casa de alto padrão com piscina mal
cuidada ou em um barraco sem água encanada à beira de um córrego.
Os
alvos “democráticos” do Aedes causaram estrago no ano passado. Segundo
relatório divulgado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) foram 1.163
mortes por dengue registradas em toda a América Latina e 1,8 milhões de casos
confirmados. O Brasil, diz a publicação, foi um dos países que mais concentrou
registros.
Um novo estudo conduzido pelo governo brasileiro mostra que alguns
grupos da população correm mais risco com a visita do inseto transmissor da
doença: os diabéticos e hipertensos.
Os
dados da pesquisa – ainda em andamento – foram colhidos nos Estados São Paulo,
Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, selecionados
por terem um alto índice de casos de dengue e maior risco de epidemia de
infecções.
Independentemente
do local onde mora, o paciente com diabetes tem características que não só
facilitam a infecção pelo vírus, como aumentam a gravidade após o quadro
instalado, justificativas para que eles correspondam por mais da metade dos
mortos por dengue, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD),
Saulo Cavalcanti.
“As
defesas orgânicas do diabético são mais frágeis, o que facilita a ocorrência de
qualquer doença infecciosa”, explica ele – um estudo internacional comprovou
que portadores de diabetes têm três vezes mais risco de ter tuberculose, por
exemplo.
“Como
as artérias destes pacientes têm o fluxo de sangue diminuído, as células que
combateriam uma nova infecção são menos eficientes, o que faz a glicose subir,
a insulina baixar, o diabetes descompensar e a doença infecciosa ficar mais grave”,
completa. As mesmas explicações servem para os hipertensos serem mais frágeis à
dengue.
Descontrolado e invisível
Duas
características do diabetes no Brasil aumentam a vulnerabilidade à dengue em
quem tem a doença. A primeira, conforme atestou um estudo da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), é que 76% dos diabéticos não conseguem
controlar a doença mesmo fazendo uso de medicação e dieta. O diabetes
descompensado faz com que as infecções fiquem ainda mais graves.
Um
outro fator é que uma parcela significativa da população nem sabe que é
portadora do problema metabólico e pode não tomar os devidos cuidados caso
apresente um dos sinais da dengue. Além dos 7,6 milhões de brasileiros que
comprovadamente convivem com o diagnóstico de diabetes, a estimativa é que
quatro em dez pessoas não imaginam que têm a doença.
Além dos “invisíveis
para as estatísticas”, um levantamento feito pela Secretaria de Estado do Saúde
do Ceará mostrou que 13% da população local eram pré-diabéticos ou seja, já
tinham dois ou mais fatores de risco para desenvolver a doença (colesterol,
hipertensão e obesidade são os principais), deveriam fazer o controle do
problema, mas não povoavam os números oficiais de diabéticos nacionais.
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