Do NE10
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Nesta terça-feira (10), a Bahia fincou sua bandeira em um segmento do setor de energia renovável até então não desbravado no continente e que deve se espalhar pelo Brasil por conta dos preparativos da Copa do Mundo FIFA de 2014. O sistema solar fotovoltaico instalado no Estádio Governador Roberto Santos, mais conhecido como Pituaçu, em Salvador, já está funcionando e gerando energia. Ele se tornou o primeiro "estádio solar" da América Latina. Ao custo de R$ 5,5 milhões, o projeto vai garantir uma economia anual de R$ 120 mil.
"Comercialmente, a conta não fecha. Realmente
demoraria muito tempo para retornar, mas preservação ambiental não se mensura
assim", declarou o governador da Bahia, Jaques Wagner, durante a
solenidade de inauguração do sistema, que aconteceu no fim da tarde, nas
Tribunas de Honra de Pituaçu. Ao fazer uma conta simples, nota-se que o
investimento - dividido entre a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
(Coelba), empresa do Grupo Neoenergia, que pagou R$ 3,8 milhões; e o Governo do
Estado, que arcou com R$ 1,7 milhão - só seria "reembolsado" daqui a
cerca de 45 anos e dez meses, portanto, em 2058. "Eu acho que foi uma
equação muito boa para o meio ambiente", frisou Wagner.
No rastro de Pituaçu, que não um dos 12 estádios-sedes da
Copa mas está cotado para ser um dos centros de treinamento, outras cinco
arenas terão usina solar em suas coberturas: o Maracanã, no Rio de Janeiro; o
Mineirão, em Belo Horizonte (MG); o Mané Garrincha, em Brasília (DF); o
Itaquerão, em São Paulo; e a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, Região
Metropolitana do Recife, que deverá começar a instalação das placas ainda este
semestre, segundo informações do Grupo Neoenergia, que detém a Celpe,
concessionária responsável pela geração de energia no Estado.
As placas solares instaladas na cobertura, vestiários e
estacionamento do estádio terão capacidade de gerar 400 kWp (quilowatts-pico -
medida específica de potência para geração fotovoltaica), o que vai
porporcionar a geração anual de energia elétrica de aproximadamente 630 MWh
(megawatts-hora). O estádio, além de se tornar autossustentável, vai fornecer
energia para o prédio da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e
Esporte (Setre), localizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB), que fica a
poucos quilômetros de distância. Sendo o consumo médio anual de energia do
estádio de 360 MWh, o excedente, 270 MWh/ano, será compensado do consumo de
energia elétrica da sede da Setre.
ENERGIA -
O projeto foi aprovado em 2009 pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), no âmbito do Programa de Eficiência Energética da Coelba. As obras
começaram há seis meses e tinham entrega prevista para o início de dezembro de
2011, a tempo, ainda para o último jogo do Bahia, clube que utiliza o estádio,
na Série A do Campeonato Brasileiro, contra o Ceará. "Enfrentamos alguns
problemas por ser um empreendimento pioneiro. A chuva, por exemplo, atrapalhou
bastante", resumiu a assessora de eficiência energética da concessionária,
Ana Cristina Mascarenhas.
A implantação do sistema fotovoltaico por parte da
Coelba, em parceria com o governo estadual, teve apoio técnico da Cooperação
Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e apoio institucional do Instituto para Desenvolvimento
de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Representantes das
entidades estiveram na cerimônia de inauguração, que contou ainda com a
presença de secretários estaduais e políticos baianos. O representante da GIZ
contou que o modelo adotado em Pituaçu foi inspirado em estádios da Suíça e da
Alemanha.
FUNCIONAMENTO -
No projeto de Pituaçu, foram utilizados 2.302 módulos fotovoltaicos de dois
tipos em cerca de 5,5 mil m² de área. Sobre as coberturas metálicas, a Coelba
instalou painéis flexíveis de silício amorfo, já que estes são mais leves e
adequados à estrutura pré-existente. Já nas áreas do estacionamento, da
subestação leste e dos vestiários, foram utilizados módulos de silício
monocristalino.
Os módulos são formados por células fotovoltaicas que
convertem a luz diretamente em energia elétrica através do efeito fotovoltaico.
A energia gerada nestes módulos através da radiação solar é conduzida à Sala
dos Inversores, onde há 52 equipamentos do tipo CC-CA, que adéquam a
eletricidade gerada às características da rede elétrica de Salvador, na
frequência de 60 Hertz (Hz). É neste local que a energia gerada em corrente contínua
é transformada em energia em corrente alternada.
Após a conversão, a energia é conduzida às subestações e,
passar pelo medidor bidirecional, e é lançada na rede da Coelba. Esse medidor é
responsável por registrar o balanço energético entre a energia gerada em
Pituaçu e a energia consumida no estádio para o faturamento mensal, já que nos
momentos de geração, ou seja, enquanto houver radiação nos módulos
fotovoltaicos, a energia consumida no estádio será a mesma que está sendo
gerada. À noite, a energia utilizada será oriunda da rede elétrica da Coelba.
PROJETOS -
Na cerimônia desta terça, a Coelba e o governo estadual assinaram convênio para
substituir os projetores existentes em Pituaçu por novos holofotes. Segundo a
empresa, eles proporcionam economia no consumo de energia e promovem maior
nível de iluminação. O investimento será de R$ 845 mil, custeados pela Coelba,
e espera-se economizar 73 MWh de energia elétrica por ano. A data da instalação
ainda não foi definida e depende de acerto com a Superintendência dos Desportos
do Estado da Bahia (Sudesb), que gere o estádio. É preciso haver um período de
inatividade no local para trocar os refletores.
Na mesma cerimônia, houve ainda a assinatura de um
protocolo de intenções no valor de R$ 3,4 milhões entre a Coelba, a Empresa
Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Cooperação Alemã para o
Desenvolvimento Sustentável (GIZ), para realização de um projeto de pesquisa
que tem como objetivo encontrar meios de geração de eletricidade a partir do
biogás de estações de tratamento de esgoto.
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