quarta-feira, 11 de abril de 2012

BAHIA GANHA PRIMEIRO ESTÁDIO SOLAR DA AMÉRICA LATINA

Do NE10

imagem: ne10.uol.com.br

Nesta terça-feira (10), a Bahia fincou sua bandeira em um segmento do setor de energia renovável até então não desbravado no continente e que deve se espalhar pelo Brasil por conta dos preparativos da Copa do Mundo FIFA de 2014. O sistema solar fotovoltaico instalado no Estádio Governador Roberto Santos, mais conhecido como Pituaçu, em Salvador, já está funcionando e gerando energia. Ele se tornou o primeiro "estádio solar" da América Latina. Ao custo de R$ 5,5 milhões, o projeto vai garantir uma economia anual de R$ 120 mil.

"Comercialmente, a conta não fecha. Realmente demoraria muito tempo para retornar, mas preservação ambiental não se mensura assim", declarou o governador da Bahia, Jaques Wagner, durante a solenidade de inauguração do sistema, que aconteceu no fim da tarde, nas Tribunas de Honra de Pituaçu. Ao fazer uma conta simples, nota-se que o investimento - dividido entre a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), empresa do Grupo Neoenergia, que pagou R$ 3,8 milhões; e o Governo do Estado, que arcou com R$ 1,7 milhão - só seria "reembolsado" daqui a cerca de 45 anos e dez meses, portanto, em 2058. "Eu acho que foi uma equação muito boa para o meio ambiente", frisou Wagner.

No rastro de Pituaçu, que não um dos 12 estádios-sedes da Copa mas está cotado para ser um dos centros de treinamento, outras cinco arenas terão usina solar em suas coberturas: o Maracanã, no Rio de Janeiro; o Mineirão, em Belo Horizonte (MG); o Mané Garrincha, em Brasília (DF); o Itaquerão, em São Paulo; e a Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife, que deverá começar a instalação das placas ainda este semestre, segundo informações do Grupo Neoenergia, que detém a Celpe, concessionária responsável pela geração de energia no Estado.

As placas solares instaladas na cobertura, vestiários e estacionamento do estádio terão capacidade de gerar 400 kWp (quilowatts-pico - medida específica de potência para geração fotovoltaica), o que vai porporcionar a geração anual de energia elétrica de aproximadamente 630 MWh (megawatts-hora). O estádio, além de se tornar autossustentável, vai fornecer energia para o prédio da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), localizada no Centro Administrativo da Bahia (CAB), que fica a poucos quilômetros de distância. Sendo o consumo médio anual de energia do estádio de 360 MWh, o excedente, 270 MWh/ano, será compensado do consumo de energia elétrica da sede da Setre.

ENERGIA - O projeto foi aprovado em 2009 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no âmbito do Programa de Eficiência Energética da Coelba. As obras começaram há seis meses e tinham entrega prevista para o início de dezembro de 2011, a tempo, ainda para o último jogo do Bahia, clube que utiliza o estádio, na Série A do Campeonato Brasileiro, contra o Ceará. "Enfrentamos alguns problemas por ser um empreendimento pioneiro. A chuva, por exemplo, atrapalhou bastante", resumiu a assessora de eficiência energética da concessionária, Ana Cristina Mascarenhas.

A implantação do sistema fotovoltaico por parte da Coelba, em parceria com o governo estadual, teve apoio técnico da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e apoio institucional do Instituto para Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Representantes das entidades estiveram na cerimônia de inauguração, que contou ainda com a presença de secretários estaduais e políticos baianos. O representante da GIZ contou que o modelo adotado em Pituaçu foi inspirado em estádios da Suíça e da Alemanha.

FUNCIONAMENTO - No projeto de Pituaçu, foram utilizados 2.302 módulos fotovoltaicos de dois tipos em cerca de 5,5 mil m² de área. Sobre as coberturas metálicas, a Coelba instalou painéis flexíveis de silício amorfo, já que estes são mais leves e adequados à estrutura pré-existente. Já nas áreas do estacionamento, da subestação leste e dos vestiários, foram utilizados módulos de silício monocristalino.

Os módulos são formados por células fotovoltaicas que convertem a luz diretamente em energia elétrica através do efeito fotovoltaico. A energia gerada nestes módulos através da radiação solar é conduzida à Sala dos Inversores, onde há 52 equipamentos do tipo CC-CA, que adéquam a eletricidade gerada às características da rede elétrica de Salvador, na frequência de 60 Hertz (Hz). É neste local que a energia gerada em corrente contínua é transformada em energia em corrente alternada.

Após a conversão, a energia é conduzida às subestações e, passar pelo medidor bidirecional, e é lançada na rede da Coelba. Esse medidor é responsável por registrar o balanço energético entre a energia gerada em Pituaçu e a energia consumida no estádio para o faturamento mensal, já que nos momentos de geração, ou seja, enquanto houver radiação nos módulos fotovoltaicos, a energia consumida no estádio será a mesma que está sendo gerada. À noite, a energia utilizada será oriunda da rede elétrica da Coelba.

PROJETOS - Na cerimônia desta terça, a Coelba e o governo estadual assinaram convênio para substituir os projetores existentes em Pituaçu por novos holofotes. Segundo a empresa, eles proporcionam economia no consumo de energia e promovem maior nível de iluminação. O investimento será de R$ 845 mil, custeados pela Coelba, e espera-se economizar 73 MWh de energia elétrica por ano. A data da instalação ainda não foi definida e depende de acerto com a Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), que gere o estádio. É preciso haver um período de inatividade no local para trocar os refletores.

Na mesma cerimônia, houve ainda a assinatura de um protocolo de intenções no valor de R$ 3,4 milhões entre a Coelba, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), para realização de um projeto de pesquisa que tem como objetivo encontrar meios de geração de eletricidade a partir do biogás de estações de tratamento de esgoto.

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