Um livro até
agora é a peça chave para a Polícia Civil descobrir a motivação e como
ocorreram as mortes de duas mulheres que estavam desaparecidas e foram
encontradas mortas, na manhã da última quarta-feira (11), em Garanhuns. A
publicação, intitulada “O diário de um esquizofrênico”, que foi escrita por
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, 50, e mostra um homem perturbado por
doença mental e com alma violenta.
A narrativa traz fortes indícios de que
estaria contando como se deu o duplo homicídio das duas mulheres na casa do
suspeito. Jorge, mentor do crime, a esposa Isabel Cristina Pires da Silveira, a
Bel, 51, e a mulher que seria amante dele, Jéssica Camila da Silva Pereira, 22,
são apontados como os responsáveis pelos assassinatos de Giselly Helena da
Silva, 31, e Alexandra da Silva Falcão, 20. Os corpos das vítimas,
esquartejados, foram encontrados enterrados no quintal da casa da família.
Os
envolvidos moravam na mesma residência e formavam um triângulo amoroso. A
polícia só conseguiu chegar aos suspeitos após a investigação do
desaparecimento de Giselly. Ainda de acordo com a polícia, a vítima havia saído
de casa no dia 25 de fevereiro, alegando ter recebido uma proposta de Isabel,
que se identificou como Yolanda, para trabalhar como doméstica na casa do trio.
Lá ela receberia um salário e meio. Giselly chegou a avisar aos seus familiares
que tinha aceitado a proposta.
A família
decidiu entrar em contato com a polícia que começou a investigar um suposto
sequestro. Após dois dias do desaparecimento, faturas de cartão de crédito
começaram a chegar na residência de Giselly. Isso chamou a atenção dos agentes
que decidiram se dirigir aos estabelecimentos que constavam no documento em
busca de informações que pudessem levá-los ao paradeiro da moça.
A partir daí conseguiram ter acesso a imagens
do circuito interno de câmera de algumas dessas lojas. A partir disso,
identificaram os três suspeitos fazendo compras com o cartão da vítima.
LIVRO REVELA
DETALHES DOS CRIMES
No último
dia 28 de março, Jorge da Silveira procurou o Cartório do 3º Ofício de Notas de
Garanhuns para reconhecer firma e a autoria de “O diário de um esquizofrênico”.
O livro, impresso em folhas de papel ofício, é da autoria dele e foi
distribuído em alguns pontos da cidade. Nas páginas, depoimentos de sua
infância, adolescência e vários capítulos que falam sobre a morte de uma tal
“adolescente do mal”.
“Combinei
com Bel e com Jéssica um modo de destruí-la, e chegamos a uma conclusão:
matá-la, dividi-la e enterrá-la”, dizia um trecho do capítulo “O plano macabro
para destruir adolescente do mal”. Outro trecho do diário contém a passagem
“antes que a adolescente do mal tivesse a possibilidade de reagir eu a
imobilizo. Jéssica entra no quarto para me ajudar, enquanto Bel corre para a
cozinha e voltando com uma faca... Pego a faca e dou um golpe forte e preciso,
atingindo sua jugular”.
Outra
passagem pode até mesmo indicar que o trio praticou o canibalismo. “Eu, Bel e
Jéssica nos alimentamos com a carne do mal como se fosse um ritual de
purificação”, traz o capítulo 16, intitulado “A dividida”.
Os relatos
do diário confirmam a narração dos fatos feita pela filha de Jéssica com Jorge,
uma menina de apenas cinco anos, que teria presenciado os crimes. A criança
contou à polícia que foi o pai quem desferiu as facadas. Tanto Isabel quando
Jorge Beltrão têm histórico de distúrbios psiquiátricos e eram acompanhados
pelo Caps de Garanhuns.
O médico que
tratava de ambos está de férias e não foi encontrado, mas fontes da Folha
indicaram que o casal fazia tratamento contra a esquizofrenia. A última vez que
Jorge foi até o Caps foi na última terça-feira.
A psiquiatra
Ana Távora comentou que geralmente o esquizofrênico não tem um comportamento
tão agressivo que leve a premetidação de mortes. “Esse comportamento é mais
típico do psicopata, mas o caso deve ser bem analisado pelo médico forense que
vai acompanhar a investigação”, frisou.
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