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Anúncio da Coca-Cola em Zagreb, na Croácia |
A Coca-Cola vai voltar a ser
vendida em Mianmar após uma interrupção de 60 anos, e agora só dois países em
todo o mundo não têm o refrigerante: Cuba e Coreia do Norte, devido a embargos
comerciais dos Estados Unidos.
O país natal da ativista e Prêmio
Nobel da Paz Aung Suu Kyi vem promovendo reformas democráticas e reabrindo seus
mercados desde o ano passado.
A Coca-Cola diz que os primeiros
carregamentos do produto já chegaram a Mianmar e adiantou que a produção local
deve se iniciar rapidamente.
De acordo com o fabricante, o
mundo consome diariamente 1,8 bilhão de unidades da bebida, que é vista em
vários cantos do muindo como um símbolo do capitalismo.
"O momento em que a
Coca-Cola começa a vender é o momento em que pode-se dizer que há mudanças
reais acontecendo. A Coca-Cola é o que há de mais próximo do capitalismo em uma
garrafa", avalia Tom Standage, autor de A History of the World in Six
Glasses (Uma História do Mundo em Seis Copos, em tradução livre).
O país esteve sob ditadura
militar por quase 50 anos, entre 1962 e 2011.
A PepsiCo, rival do gigante,
também anunciou planos de retomar sua presença em Mianmar.
A re-entrada no mercado birmanês
faz com que a bebida só esteja ausente agora em dois países: Cuba e Coreia do
Norte, onde embargos comerciais com os EUA estão em vigor desde 1962 e 1950,
respectivamente.
Cuba foi um dos primeiros países
fora dos EUA a ter produção local do refrigerante, ainda em 1906.
Há relatos de que seria possível
comprar Coca-Cola em um restaurante de Pyongyang, capital norte-coreana, mas a
empresa diz que, se a informação proceder, a bebida está sendo contrabandeada
no mercado negro, já que não há vendas oficiais para o país.
Expansão global
Criada em 1886 em Atlanta, no
Estado americano da Geórgia, a empresa buscou uma presença mundial desde o
início, e, já no começo dos anos 1900, o produto era engarrafado na Ásia e na
Europa.
O maior impulso para a
internacionalização, no entanto, veio como resultado da Segunda Guerra Mundial,
quando a Coca-Cola passou a ser entregue às tropas americanas atuando em outros
países.
Com mais de 60 estações de
engarrafamento militares ao redor do mundo, não só os soldados mas também os
moradores locais tinham acesso ao produto durante os anos de guerra – uma
incrível oportunidade de abertura de mercados.
Dwight Eisenhower, comandante das
forças aliadas na Europa, introduziu a bebida ao principal general soviético da
época, Georgy Zhukov, que pediu à empresa que fabricasse uma versão
transparente, mais parecida com vodka – o pedido foi aceito temporariamente.
Associada aos Estados Unidos, ao
capitalismo e ao "imperialismo americano", a bebida enfrentou
protestos na França nos anos 1950, onde se cunhou o termo
"coca-colonização", e teve seu consumo boicotado no Oriente Médio
entre 1968 e 1991 em uma retaliação da Liga Árabe às vendas a Israel.
Quando o Muro de Berlim caiu, em
1989, muitos alemães orientais compravam engradados inteiros de Coca-Cola e
consumir o refrigerante se tornou um símbolo de liberdade na época.
Na Venezuela, o presidente Hugo
Chávez tem reiterado um pedido para que as pessoas bebam sucos de fruta locais
ao invés de Coca-Cola e Pepsi, e no Irã seu colega Mahmoud Ahmadinejad já
manifestou que estuda banir o produto.
Mesmo assim, 126 anos após sua
criação, a Coca-Cola se mantém em busca de novos mercados, e tem crescido
sobretudo em países emergentes como Índia, China e Brasil.
BBC
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