Da BBC Brasil
Após
a divulgação em Paris de um estudo que mapeia a relação entre o turismo de
lazer e a exploração sexual de menores no Brasil, pesquisadores e especialistas
fizeram um alerta na terça-feira sobre o risco de um aumento do turismo sexual
infantil no país durante a realização da Copa de 2014 e Olimpíada de 2016.
O
estudo, coordenado por um pesquisador do Sesi (o Serviço Social da Indústria),
foi divulgado nesta terça-feira (dia 23) durante o seminário internacional
"Turismo Sexual Envolvendo Crianças e Grandes Eventos Esportivos",
que reuniu organizações de luta contra a exploração sexual infantil e
profissionais do setor de viagens de diversos países.
Durante
o evento, a organização ECPAT (sigla em inglês para Fim da Prostituição e do
Tráfico de Crianças para Fins Sexuais) também anunciou que lançará, com apoio
do Sesi, uma campanha internacional para prevenir o agravamento desse problema
durante os Jogos no Brasil.
O
pesquisador Miguel Fontes, que além de atuar na área de pesquisas estratégicas
do Sesi também está ligado à Universidade John Hopkins, analisou a relação
existente entre o número de entradas de turistas estrangeiros em São Paulo e na
Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de exploração sexual infantil
nesses dois estados no período.
"Na
Bahia, onde o turismo é de lazer, os resultados demonstram que para cada 372
turistas internacionais, houve o aumento de uma denúncia de exploração sexual
de crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negócios é maior, somente com o
aumento de 2,5 mil turistas se detecta o aumento de uma denúncia de exploração
sexual infantil", diz Fontes.
"A
exploração sexual de crianças e adolescentes está ligada às atividades
turísticas de lazer. Por isso, podemos projetar que a realização de grandes eventos
esportivos mundiais, ao promover um aumento do fluxo de pessoas (para o
Brasil), pode ampliar o número de casos desse tipo", conclui o consultor.
Perfil das vítimas e
campanha
Segundo
Fontes, as crianças exploradas sexualmente no Brasil têm por volta de 11 anos
em média. As meninas representam quatro de cada cinco casos de denúncias. E a
região nordeste concentra 37% dos casos.
O
ministério brasileiro do Turismo prevê 600 mil turistas estrangeiros e 5
milhões de visitantes brasileiros só durante a Copa do Mundo, em 2014.
"O
grande fluxo de pessoas aumenta as possibilidades de exploração sexual de
crianças. A miséria cria a oferta de menores e as redes mafiosas vão querer
suprir a demanda", afirma Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional
do Sesi.
A
campanha da ECPAT, intitulada "Não desvie o olhar", prevê vídeos e
pôsteres que serão exibidos em aeroportos, aviões, agências de viagens, bares,
restaurantes e outros espaços públicos em dez países da Europa e também no
Brasil.
Também
prevê a criação de um um site europeu para denúncias.
Ela
custará 3 milhões de euros, que serão financiados principalmente por recursos
da União Europeia.
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