A indignação de um usuário que
teve adiado por mais de cinco vezes, nos últimos três meses, um exame de
coração, desencadeou, ontem, a revolta de dezenas de outros clientes da Real
Saúde, na sede da operadora na Rua da Soledade. As pessoas identificaram que
também estavam na mesma situação. “A confusão foi tão feia que eu fiquei
preocupada que alguma coisa pudesse acontecer aos funcionários, que não têm
nada a ver”, relatou a médica Ana Falcão. Ela estava na sede da operadora para
cobrar por atendimentos realizados por sua clínica, atrasados há mais de dois
meses. “Se não pressionar, eles não pagam”, diz.
Os clientes acusam a operadora de
não ter médicos, pois estaria havendo um descredenciamento em massa por falta
de pagamento, e redução da rede credenciada de clínicas e hospitais. “Quando
chega na véspera do exame, a clínica liga dizendo que o procedimento não foi
autorizado”, disse o aposentado Amaro Silva, o primeiro a se revoltar. “Preciso
de uma cirurgia oftalmológica e a única clínica que atendia não atende mais”,
reclama a senhora Claudete Maria da Costa. “Não se tem mais dermatologista,
clínicos, gastro, pediatras... Meu filho precisa de uma cirurgia e não consigo
autorizar”, acusa a comerciária Maria de Lurdes Galindo. “É revoltante ver na
Globo propaganda dessa empresa”, critica Amaro Silva. “Agora eles só autorizam
os procedimentos na sede da Soledade. Antes o plano tinha outros locais. Vim de
Candeias para tentar autorização”, critica o empresário Jorge Durans.
A Real Saúde tem 50 mil vidas e
está proibida de comercializar 12 planos de sua carteira, por não cumprir os
prazos de atendimento estabelecidos pela ANS. Em setembro, seu índice de
reclamação na ANS atingia 7,7 pontos, quando a média da empresas de mesmo porte
é de 0,63. Ou seja, seu índice é 12 vezes maior do que a média de queixas. A
Advogada da Real Saúde, Célia Gomes Pessoa, disse que a diretoria ficou
“chateada” com a situação de ontem, negou que os problemas sejam recorrentes e
que a empresa está construindo hospital para melhorar o atendimento dos clientes.
Jornal do Commercio
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