Em seis anos, quase 500
brasileiros foram vítimas do tráfico de pessoas. Desse total, 337 casos, que
representam mais de 70% dos registros feitos de 2005 a 2011, referem-se à
exploração sexual. Mais 135 ocorrências tratam de trabalho análogo à
escravidão. Os dados foram divulgados hoje (16), em diagnóstico preliminar
sobre o tráfico de pessoas no Brasil elaborado pela Secretaria Nacional de
Justiça do Ministério da Justiça e pelo Escritório das Nações Unidas sobre
Drogas e Crime (Unodc).
Os números revelados pelo
documento pode ainda estar distante da realidade no país. O secretário nacional
de Justiça, Paulo Abrão, admitiu que o registro de tráfico de pessoas ainda é
deficiente no Brasil, principalmente, porque as vítimas não se apresentam ou
não se reconhecem nessa situação.
O levantamento mostra que a
maioria dos casos foi registrada nos estados de Pernambuco, da Bahia e de Mato
Grosso do Sul. Segundo o diagnóstico, a maioria das vítimas brasileiras tem
como destino os países europeus Holanda, Suíça e Espanha.
O Suriname, que funciona como
rota para a Holanda, é o país com maior incidência de brasileiras e brasileiros
vítimas de tráfico de pessoas, com 133 casos, seguido da Suíça, com 127. Na
Espanha, o número de vítimas chegou a 104 e, na Holanda, a 71 pessoas.
A estratégia brasileira para
combater o tráfico de pessoas tem se baseado em campanhas de conscientização e
em uma rede nacional de apoio às vítimas. De acordo com informações da
assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, o governo federal vai anunciar,
nos próximos dias, um pacote de medidas para o enfrentamento ao tráfico de
pessoas.
Os dados do diagnóstico parcial
foram levantados a partir de estatísticas criminais sobre o tráfico de pessoas
no Brasil, do Departamento de Polícia Federal, da Secretaria Nacional de
Segurança Pública e de outros organismos como a Assistência Consular do
Ministério das Relações Exteriores.
Ainda não é possível um consenso
sobre o perfil dos traficantes a partir dos registros nos vários órgãos que
tratam o problema. Dados da Polícia Federal revelam que as mulheres são as
principais aliciadoras, recrutadoras ou traficantes, chegando a representar 55%
dos indiciados. O Sistema Penitenciário Federal revela um número maior de
homens presos por atividades criminosas relacionadas ao tráfico de pessoas. No
Ministério da Saúde, cerca de 65% dos casos de agressão a vítimas de tráfico de
pessoas foram cometidos por homens.
Informações do Ministério da
Saúde mostram que, em 2010, 52 vítimas de tráfico de pessoas procuraram os serviços
de saúde. Em 2011, foram 80 vítimas. De acordo com o órgão, a maioria dos
registros é feita por mulheres, na faixa etária entre 10 e 29 anos. Nesse
grupo, há uma maior incidência de vítimas entre 10 e 19 anos, de baixa
escolaridade e solteiras.
A Secretaria de Políticas para
Mulheres da Presidência da República recebeu 76 denúncias de tráfico de pessoas
em 2010 e 35 em 2011.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário