Por do sol na Serra do Araripe |
Para fechar o ciclo de homenagens ao Centenário de Luiz Gonzaga farei um pequeno resumo dos acontecimentos e de alguns fatos que presenciamos em nossa visita a Exu para render homenagem ao "Velho Lua" o nosso "Rei do Baião".
Chegamos às primeiras horas da
quinta feira e tivemos a felicidade de conseguir fotografar uma flor do mandacaru dando prenuncio de chuva na região, integrando a paisagem avistamos
um ninho de João de Barro que estava sendo construído pelo pássaro pedreiro
fortalecendo ainda mais o prenuncio de chuva no sertão, o interessante que a sábia
ave ainda não ainda decidido para que lado seria a porta de seu ninho, segundo
a crença popular quando ele faz o ninho com a entrada para o lado do poente, é
para se protege das chuvas que vêm.
Todo esse espetáculo da natureza
tava bem ali aos nossos olhos em plena Fazenda Araripe local onde viveu Gonzagão, aonde também assistimos as primeiras homenagens do dia rendidas ao "Rei do Baião".
Em palco armado quase em frente à
Igreja de São João ao lado de uma centenário pé de pau, é assim que agente diz
por lá quando não sabe a qualidade da arvore, alguns sabiás construíam seus
ninhos para poderem perpetuar sua prole, mas voltando ao palco, lá sim teve
forró do bom ritmado pelo triangulo e cadenciado pela batida forte do azabumba
juntamente com o toque mágico da sanfona que ecoava pelas terras acinzentadas
tendo como principal ouvinte a gigantesca serra do Araripe.
Andamos mais um pouquinho e nos
deparamos com uma placa tão grande quanto a nossa vontade de chegar de vez ao
local do aconchego de Lua, dois retratos enormes e uma frase dizia que éramos
vem vindo e logo após a primeira visão do parque Aza Branca.
Chegamos de mancinho sentamos a
sombra do juazeiro que o "Velho Lua" cantava em versos e prosa, foi ai que
entendi o amor de Luiz por essa árvore que nos deu abrigo e amenizou a agonia
que nos causava o calor de quase quarenta graus que fazia naquele momento. Depois de ter passado o agoniado calor,
começamos a garimpar emoções ao visitar e olhar atentamente cada pedacinho
daquele chão.
A casa de Luiz com todos os seus
pertences, o museu, lá não podia tirar retrato não, mas guardei tudo na mente e
no coração até a corneta que ele soprava nos tempos do exército e que lhes
rendeu o apelido de bico de aço, tava lá guardadinha dentro de um baú de vidro,
diziam que os soldados as vezes levantavam antes da hora só para não ter que
ouvir o sanfoneiro tocar corneta.
Ta pensando que ficou só nisso?
Teve mais!
Trouxeram um bocado de medalhas e
homenagens para o pessoal de Exu, vereadores, deputados, até seu Béba o
guardador do parque que agora está cantando ao lado de Lua foi lembrado, e
antes que eu esqueça teve também um diploma bonito e bem letrado onde dizia que
a partir daquele dia Joquinha Gonzaga cantor e sanfoneiro, sobrinho do rei do
baião era caba da terra “Cidadão Pernambucano”.
De repente, no bem bom das
homenagens, seu Uchoa, que tocava adiante a reunião parou e dos auto falantes se
ouvia a noticia que o Governador tava chegando, e não tava só não, trouxe com
ele um cidadão bem distinto de nome Fernando Bezerra Coelho, gente importante lá
das bandas de Brasília, que falou em nome da presidente Dilma Rousseff, veio
também secretário e políticos das redondezas.
O governador que não é de conversadeira comprida, na hora de sua fala foi logo dando à boa noticia, disse com todas
as letras que o santuário de Gonzagão, agora é patrimônio público é coisa da
gente e logo que terminou a reunião foi lá e com todas as letras assinou o documento
na vista de todos para não sobrar nenhuma duvida.
E teve ainda mais, uma estatua do
mesmo tamanho de Lua, inaugurada na frente do mausoléu da família (nome dado a
catatumba), um selo lançado pelos Correios com o retrato de Luiz, para quem ainda
escreve cartas de amor ou para só que dar notícias a família, agora bonito
mesmo foi o medalhão um de prata e um de bronze, Coisa de mais de cem contos,
feito pela casa da moeda, aquela que fábrica dinheiro.
Para arrematar tudo isso, o
prefeito Leo Saraiva que não se fez de rogado agradeceu por tudo, com um palavreado
rápido, disse a importância de Gonzaga para a cultura do homem, do nordeste ,do
sofrimento que o povo ta passando por causa da seca e pediu a Deus força para seguir
seu destino.
Leo Saraiva |
O
terreiro do Aza Branca estava cheio, o povo acompanhou todas as canções e os
que não choraram ficou com o nó da garganta apertado ao ver a história de
Gonzagão e Gonzaguinha na tela de cinema. O filme foi feito no Recife e na
própria cidade do Exu.
Oxe! Eu quase ia me esquecendo dos espetáculos teve arrasta
pé a noite toda, com artistas de Exu, da Capital e de um tanto de lugares de
nosso Brasil afora.
Quer saber como tudo isso terminou? Eu não tava lá mais sei.
Com chuva muita chuva.
Depois da missa do domingo, onde o sertanejo fez suas
suplicas e colocou tudo na mão do Pai Eterno, já depois do almoço no começo da
tarde quando um cantador pediu um minuto de silencio em homenagem a Luiz Gonzaga
e sua família, as portas dos céus se abriram e caiu um toro de mais de meias
hora que fez o povo “pinotar” de
alegria acendendo de novo a chama da esperança de dias melhores no sertão.
Orlando Leite
2 comentários:
como sempre ótimo texto: captou a essência da música e da vida de Luiz Gonzaga.
Emocionado, Orlando! Estou com uma pontinha de inveja (saudável) por não poder ter visto de perto as homenagens a Luiz Gonzaga em Exu. Participei em Recife mais não teve, nem de perto, o ápice emocional de estar lá. O teu texto muito me emocionou. Parabéns pelo texto e por resistir ao calor de quase 40º. Walkíria Araújo.
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