segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

AQUI VOU DEIXAR MEU CORAÇÃO!

Por do sol na Serra do Araripe

Para fechar o ciclo de homenagens ao Centenário de Luiz Gonzaga farei um pequeno resumo dos acontecimentos e de alguns fatos que presenciamos em nossa visita a Exu para render homenagem ao "Velho Lua" o nosso "Rei do Baião".

Chegamos às primeiras horas da quinta feira e tivemos a felicidade de conseguir fotografar uma flor do mandacaru dando prenuncio de chuva na região, integrando a paisagem avistamos um ninho de João de Barro que estava sendo construído pelo pássaro pedreiro fortalecendo ainda mais o prenuncio de chuva no sertão, o interessante que a sábia ave ainda não ainda decidido para que lado seria a porta de seu ninho, segundo a crença popular quando ele faz o ninho com a entrada para o lado do poente, é para se protege das chuvas que vêm.

Todo esse espetáculo da natureza tava bem ali aos nossos olhos em plena Fazenda Araripe local onde viveu Gonzagão, aonde também assistimos as primeiras homenagens do dia rendidas ao "Rei do Baião".

Em palco armado quase em frente à Igreja de São João ao lado de uma centenário pé de pau, é assim que agente diz por lá quando não sabe a qualidade da arvore, alguns sabiás construíam seus ninhos para poderem perpetuar sua prole, mas voltando ao palco, lá sim teve forró do bom ritmado pelo triangulo e cadenciado pela batida forte do azabumba juntamente com o toque mágico da sanfona que ecoava pelas terras acinzentadas tendo como principal ouvinte a gigantesca serra do Araripe.

Andamos mais um pouquinho e nos deparamos com uma placa tão grande quanto a nossa vontade de chegar de vez ao local do aconchego de Lua, dois retratos enormes e uma frase dizia que éramos vem vindo e logo após a primeira visão do parque Aza Branca.

Chegamos de mancinho sentamos a sombra do juazeiro que o "Velho Lua" cantava em versos e prosa, foi ai que entendi o amor de Luiz por essa árvore que nos deu abrigo e amenizou a agonia que nos causava o calor de quase quarenta graus que fazia naquele momento.  Depois de ter passado o agoniado calor, começamos a garimpar emoções ao visitar e olhar atentamente cada pedacinho daquele chão.

A casa de Luiz com todos os seus pertences, o museu, lá não podia tirar retrato não, mas guardei tudo na mente e no coração até a corneta que ele soprava nos tempos do exército e que lhes rendeu o apelido de bico de aço, tava lá guardadinha dentro de um baú de vidro, diziam que os soldados as vezes levantavam antes da hora só para não ter que ouvir o sanfoneiro tocar corneta.

Ta pensando que ficou só nisso?
Teve mais!

O pessoal da “Casa dos Deputados”, lá da Capital tiveram lá também, realizaram uma tal de “Assembleia Itinerante de Exu” que começou lá pelo final da tarde quando o sol já tava quebrando.

Trouxeram um bocado de medalhas e homenagens para o pessoal de Exu, vereadores, deputados, até seu Béba o guardador do parque que agora está cantando ao lado de Lua foi lembrado, e antes que eu esqueça teve também um diploma bonito e bem letrado onde dizia que a partir daquele dia Joquinha Gonzaga cantor e sanfoneiro, sobrinho do rei do baião era caba da terra “Cidadão Pernambucano”.

De repente, no bem bom das homenagens, seu Uchoa, que tocava adiante a reunião parou e dos auto falantes se ouvia a noticia que o Governador tava chegando, e não tava só não, trouxe com ele um cidadão bem distinto de nome Fernando Bezerra Coelho, gente importante lá das bandas de Brasília, que falou em nome da presidente Dilma Rousseff, veio também secretário e políticos das redondezas.

O governador que não é de conversadeira comprida, na  hora de sua fala foi logo dando à boa noticia, disse com todas as letras que o santuário de Gonzagão, agora é patrimônio público é coisa da gente e logo que terminou a reunião foi lá e com todas as letras assinou o documento na vista de todos  para não sobrar nenhuma duvida.

E teve ainda mais, uma estatua do mesmo tamanho de Lua, inaugurada na frente do mausoléu da família (nome dado a catatumba), um selo lançado pelos Correios com o retrato de Luiz, para quem ainda escreve cartas de amor ou para só que dar notícias a família, agora bonito mesmo foi o medalhão um de prata e um de bronze, Coisa de mais de cem contos, feito pela casa da moeda, aquela que fábrica dinheiro.

Foto: Casa da Moeda
Na medalha tem tudo que é gravura, a cara de Lua, bandeira de São João, aza branca, chapéu de cangaceiro, A Igreja de Bom Jesus dos Aflitos e o dizer do Papa quando nosso Lua Gonzaga cantou para ele, “OBRIGADO CANTADOR”.

Para arrematar tudo isso, o prefeito Leo Saraiva que não se fez de rogado agradeceu por tudo, com um palavreado rápido, disse a importância de Gonzaga para a cultura do homem, do nordeste ,do sofrimento que o povo ta passando por causa da seca e pediu a Deus força para seguir seu destino.

Leo Saraiva
Depois desse converseiro todo, veio à parte boa, apagaram as luzes ficou tudo escuro, pareciam os botões da sanfona de Lula, e começou o filme “Gonzaga: de pai para filho”, feito pelo Breno Silveira caba lá do Rio de Janeiro, mas que gosta das coisas do nordeste. 

O terreiro do Aza Branca estava cheio, o povo acompanhou todas as canções e os que não choraram ficou com o nó da garganta apertado ao ver a história de Gonzagão e Gonzaguinha na tela de cinema. O filme foi feito no Recife e na própria cidade do Exu.

Oxe! Eu quase ia me esquecendo dos espetáculos teve arrasta pé a noite toda, com artistas de Exu, da Capital e de um tanto de lugares de nosso Brasil afora.

Quer saber como tudo isso terminou? Eu não tava lá mais sei. Com chuva muita chuva.

Depois da missa do domingo, onde o sertanejo fez suas suplicas e colocou tudo na mão do Pai Eterno, já depois do almoço no começo da tarde quando um cantador pediu um minuto de silencio em homenagem a Luiz Gonzaga e sua família, as portas dos céus se abriram e caiu um toro de mais de meias hora que fez o povo “pinotar” de alegria acendendo de novo a chama da esperança de dias melhores no sertão.

Orlando Leite

2 comentários:

manoel carlos disse...

como sempre ótimo texto: captou a essência da música e da vida de Luiz Gonzaga.

Anônimo disse...

Emocionado, Orlando! Estou com uma pontinha de inveja (saudável) por não poder ter visto de perto as homenagens a Luiz Gonzaga em Exu. Participei em Recife mais não teve, nem de perto, o ápice emocional de estar lá. O teu texto muito me emocionou. Parabéns pelo texto e por resistir ao calor de quase 40º. Walkíria Araújo.