Da
Agência O Globo
O
governador do Rio, Sérgio Cabral, determinou nesta quinta-feira a suspensão de
todos os pagamentos do estado, com exceção dos servidores públicos, até sair a
decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a inconstitucionalidade da lei
aprovada pelo Congresso Nacional que rejeitou os vetos da presidenta Dilma
Rousseff quanto à redistribuição dos royalties.
Os
secretários de Estado de Fazenda e de Planejamento foram orientados pelo
governador a cancelar os pagamentos, empenhos, repasses e outras transferências
não obrigatórias até a decisão do STF.
Na
manhã desta quinta-feira, Cabral disse que o governo pode cortar incentivos
fiscais caso deixe de receber os recursos provenientes dos royalties do
petróleo. Se deixar de receber a receita, o governador disse que vai tomar
medidas "muito duras":
"Vamos
tomar medidas muito duras. Não só na área ambiental, mas também quanto ao ICMS.
Temos um pacote, um conjunto de ações de solidariedade com as petroleiras,
principalmente a Petrobras, mas com todas as petroleiras que atuam off-shore no
estado do Rio. Mas vamos tomar uma série de medidas que contrariam tudo o que
fizemos até agora. Esse tipo de ação, de não ter mais ações públicas de
incentivo do ponto de vista tributário ou, do ponto de vista ambiental, rever
licenças, (faz parte) de uma série de ações que terão de ser revistas. Isso
levando em consideração que o STF não vai acatar nossos argumentos de
inconstitucionalidade", afirma.
Cabral
afirmou que vai aguardar a publicação da lei que altera as regras de
distribuição dos royalties do petróleo e, logo em seguida, entrará com ação no
Supremo Tribunal Federal (STF) questionando sua constitucionalidade.
O
colunista Ancelmo Gois informou hoje no GLOBO que, se o STF não suspender a
decisão, Cabral vai acabar com todos os incentivos fiscais das petroleiras e
que o deputado Rodrigo Bethlem vai sugerir, com um grupo de 28 deputados, a
suspensão das licenças ambientais da Petrobras no estado.
"Estamos
prontos para um arsenal de ações. O estado do Rio é o maior teatro de operações
da produção e da exploração do petróleo. Como diz claramente o artigo 20 da
Constituição, os royalties são uma indenização para o estado e o município
produtor. Nós não inventamos isso, isso ocorre no mundo inteiro, sobretudo nos
países democráticos", diz.
Segundo
Cabral, "está tudo pronto". Ele disse não acreditar que a presidente
vá sancionar o texto e confiar que o Supremo não vai permitir violações
constitucionais e vai "garantir o processo democrático".
"Para
o estado do Rio de Janeiro, é o caos. É o caos para o estado, é o caos para
seus municípios. Eu não consigo compreender o que leva a se tomar uma decisão
dessas, que não resolverá o problema de nenhum estado ou município brasileiro e
leva à falência o governo do estado e muitas das prefeituras, porque das 92
cidades, 87 recebem receitas dos royalties e das Participações Especiais",
disse o governador, num evento do qual participou, no Centro do Rio, na manhã
desta quinta-feira.
Segundo
Cabral, os royalties representam cerca de um quarto da receita líquida do
Estado do Rio.
"Nós
vamos aguardar a publicação da lei. Assim que ela for materializada, vamos ao
STF. A presidenta Dilma, no seu veto, foi muito clara. Ela indica o artigo 5º
da Constituição, que diz que não se pode violar o ato jurídico perfeito.
Estamos falando de campos de petróleo que já foram leiloados, com contratos
assinados, absolutamente concluídos. Portanto, isso é um rompimento do ato
jurídico perfeito", defendeu.
O
governo do Espírito Santo divulgou nota no início da tarde desta quinta-feira
informando que o governador Renato Casagrande determinou à Procuradoria Geral
do Estado a impetração de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) junto
ao Supremo Tribunal Federal, para evitar as perdas referentes a contratos já em
andamento. Segundo o comunicado, as perdas para o estado, no período 2013-2020,
devem superar a casa dos R$ 10 bilhões, sendo R$ 4,7 bilhões a menos para os
cofres do estado e R$ 5,3 bilhões para os municípios.
O
governador lembrou ainda que, em seu veto, a presidente Dilma disse que não se
pode apropriar de recursos originários dos estados e municípios produtores de
petróleo.
"Esse
é o artigo 20 da Constituição Federal". Ela justifica seu veto citando o
artigo.
Outro
ponto levantado pelo governador é que a decisão do Congresso desrespeita a mais
um artigo da Constituição, o 167, que fala do desequilíbrio orçamentário.
"São
bilhões e bilhões de reais. Há um claro desequilíbrio orçamentário. A
presidente Dilma foi clara que nem água nas razões do veto. Só que não levaram
em consideração. Mas a Suprema Corte Brasileira está aí para isso. Para
garantir o processo democrático".
Cabral
diz não acredita que uma decisão do STF demore, porque haveria "perigo
imediato" na questão. Mas que a corre "jamais permitirá" uma
violação a três artigos da Constituição.
"Cada
estado recorrerá. Estamos prontos", disse. "Como tem o perigo
imediato da insolvência do estado, nós vamos pedir a liminar".
Para
o governador, Dilma não vai sancionar a lei, porque vetou o texto.
"Portanto,
o presidente do Congresso deve promulgar a lei. Assim que for promulgada e
publicada no Diário Oficial da União, está tudo pronto para a gente entrar. Vai
ser designado um relator e esperamos que ele tome essa decisão, da suspensão
imediata".
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