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Aécio alega que a reeleição condiciona a segunda metade do
mandato à campanha eleitoral
Foto: Wilson Dias/ABr
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O senador e pré-candidato à Presidência da República Aécio
Neves (PSDB-MG) está elaborando um projeto para propor no Senado que vai
polemizar e alterar o atual cenário político: ele quer extinguir a
possibilidade de reeleição presidencial, de governadores e prefeitos e ampliar
de quatro para cinco anos os mandatos de todos os novos eleitos, aplicando,
desde já, a regra que poderia afetar a si mesmo caso eleito.
Sua ideia é que, uma vez aprovada, a regra passe a valer já
para os vencedores do pleito de 2014, impondo ajustes aos mandatos atuais de
senadores e deputados, ampliando-os para forçar a coincidência nas eleições
seguintes e fixando-os nos mesmos cinco anos estabelecidos para Presidente da
República.
Aécio ainda matura o projeto, mas não esconde a convicção de
que os quatro anos previstos na legislação vigente são insuficientes para uma
gestão minimamente eficiente de um País ou Estado. A reeleição, por sua vez,
condiciona a segunda metade do mandato à campanha eleitoral, submetendo o governo
e, por extensão, a população, a uma gestão distanciada dos reais interesses do
País. Ele chama de soluções bienais a falta de coincidência das eleições que
considera nefasta para a administração pública. Com frequência, classifica de
“loucura” eleições de dois em dois anos.
Aécio diz a seus pares estar ciente da dificuldade que seria
emplacar um projeto desses no Congresso. Sabe o potencial de influência dos
governadores, por exemplo, que têm planos de se manter o maior tempo possível
no poder e do próprio governo Dilma Rousseff, que provavelmente exigiria
postura contrária de sua bancada ao plano. Mas o mineiro tem seus motivos para
entrar nessa batalha e acha que a proposta lhe dá cacife para campanha de 2014.
A seu favor, lembra que não é a primeira vez que defende o
fim da reeleição e a mudança do tempo de mandato presidencial. Em 2007, deu
entrevistas a favor dessa alteração, mas não tinha ainda força política para
influenciar na condução desse processo. Na ocasião, não tinha a clareza que tem
hoje sobre as chances de disputar a Presidência por seu partido. Seis anos
depois, candidato do PSDB à sucessão presidencial e virtual comandante do
partido - será eleito presidente nacional da legenda no dia 19 de maio -
sente-se com o espaço necessário para liderar o movimento no PSDB e no
Parlamento.
DESAPEGO DO CARGO - Assim como a ex-ministra Marina Silva
(sem partido), em segundo lugar nas últimas pesquisas de intenção de voto, o
PSDB de Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso identificou uma insatisfação do
eleitorado com o perfil do político disposto a se manter no cargo a qualquer
custo. Defender essa ideia publicamente passa a ideia do desapego, já que a
regra se aplicaria a ele próprio. Ironia histórica é que revoga o modelo
implantado pelo líder mais carismático de seu partido, e entusiasta de sua
candidatura o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que aprovou emenda para
viabilizar sua reeleição em 1997.
O gesto, no entanto, se insere na estratégia de remoçar o
PSDB, sinalizando com a presença mais efetiva da nova geração do partido, à
qual pretende associar sua imagem.
ECONOMIA - No plano econômico, o senador mineiro já busca a
assessoria de novos economistas, com qualificação atestada por grandes
expressões do setor. Dessa forma, procura se desvincular do rótulo conservador
aplicado pelos governistas aos candidatos de oposição. Também já prepara o
discurso contra as acusações de “privatista” que tanto o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva como a presidente Dilma Rousseff utilizaram sobre os
tucanos nas últimas campanhas.
PETROBRAS - Nas eleições passadas, o PSDB teve dificuldade
para administrar o tema e os próprios tucanos reconhecem que a estratégia dos
adversários funcionou bem, especialmente na campanha de 2006, na disputa de
Lula contra Geraldo Alckmin. Agora, Aécio vai adotar o discurso de que quer
“reestatizar a Petrobrás”, usando o mote para criticar o suposto aparelhamento
da empresa e o suposto uso de seus recursos para fins que seriam prejudiciais à
boa gestão da empresa.
Fonte: Agência Estado
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