Do G1 PE
g1.globo.com |
Pesquisa
da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pretende usar um material feito a
partir da cana-de-açúcar como substituto do silicone em próteses para cirurgias
plásticas. Trata-se de um tipo de biopolímero produzido com uso de bactérias.
Sua aplicação vem sendo estudada em várias áreas médicas. Na primeira fase de
testes, a equipe usou o material em porcas, aplicando cerca de 5 ml em gel nas
tetas dos animais.
De
acordo com o cirurgião plástico Ivo Salgado, que está fazendo a pesquisa como
parte de sua dissertação de mestrado, o biopolímero tem a vantagem de ser
melhor aceito pelo organismo do que o silicone, material mais usado em próteses
atualmente.
“Quando
implantamos silicone, não há problema nenhum, só que o organismo cria uma
‘defesa’, uma espécie de cápsula para se defender do material dentro da mama, e
com o tempo ele precisa ser trocado. Já o comportamento do biopolímero de cana
é diferente do silicone. Ele vai sendo substituído por tecidos do animal: o
tecido mamário e os que estão em volta, que invadem o biopolímero. Assim, a
prótese não precisa ser trocada, e pode ficar dentro do corpo até a morte”,
assegura Ivo Salgado.
Nos
testes feitos com três porcas, o médico injetou o biopolímero em metade das
tetas de cada uma das fêmeas para observar o comportamento e a reação à
aplicação, totalizando 18 aplicações. “Elas reagiram bem, os estudos mostram
que é biocompatível, sem causar danos”, contou Salgado. A segunda fase da
pesquisa envolve outros testes nos suínos, que serão realizados a partir do
implante de próteses feitas com o material.
O
cirurgião explicou ainda que o passo seguinte é dar continuidade às pesquisas
na área, para que possam ser feitos testes em humanos. “A gente vai refinar o
estudo para que isso possa ser usado em humanos. Faltam ainda análises da
Anvisa e de outros órgãos competentes, e isso leva um certo tempo”, pontuou.
Ivo
Salgado trabalha com cirurgia plástica há 30 anos em Pernambuco, e contou que a
procura pelos implantes de seios cresceu muito no estado nos últimos anos,
assim como aumentou o tamanho das próteses. “Antigamente todo mundo queria
mamas pequenas, fazia-se muita plástica para diminuir a mama. Hoje é o
contrário: todas querem mama grande. As próteses, de 100 ml, 200 ml, foram
sendo substituídas pelas de 300 ml, 350 ml”, contou o médico, que calcula
realizar cerca de sete implantes de silicone por mês, o que representa de 20% a
30% de todos procedimentos cirúrgicos feitos por ele mensalmente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário