Hesíodo Góes/Folha de Pernambuco
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Um novo passo foi dado, na manhã
desta quarta-feira (17), na trajetória dos irmãos siameses Davi e Saulo, de
apenas dois meses de vida, que nasceram unidos pelo abdômen. As crianças,
filhos da dona de casa Karine Ramos, de 26 anos e do ajudante de caminhão,
Wilton Carlos, 30, foram submetidos à primeira consulta com uma equipe de
cirurgiões do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira
(IMIP), localizado no bairro dos Coelhos, na área central do Recife. Conforme
esperado, os profissionais deram orientações quanto aos procedimentos que serão
adotados até a almejada cirurgia de separação definitiva.
“Esta noite quase não consegui
dormir de tanta ansiedade. Meu pensamento estava o tempo todo ligado nesta
consulta. Ver os meus filhos levando uma vida normal é o meu grande sonho e
para isso vou lutar até o fim”, disse a mãe, em tom emocionado. Ela explica
que, desde que o caso ficou conhecido, a família passou a contar com a
solidariedade da população que, de forma grandiosa, passou a visitar a humilde
residência, na comunidade do Alto Santa Terezinha, na Zona Norte do Recife,
para contribuir com os materiais de primeira necessidade. “Da mesma forma que
estou sendo abençoada com estas doações, creio que vai dar tudo certo na
cirurgia dos meus filhos. Eles são tudo pra mim, os menores precisam de mais
cuidados, mas, amo a todos quatro da mesma forma”, diz Karine.
Tenho esperança de que tudo se
resolva logo
No encontro, os meninos passaram
pelo olhar cuidadoso do cirurgião pediátrico Arthur Aguiar, reforçado pelas
mãos precisas do cirurgião plástico Rui Pereira. A consulta, ainda que
preliminar, serviu para a realização da medição atual dos bebês, visando à
adequação do expansor de pele. O recurso será adotado para aumentar a pele na
região, antes do desligamento. Os médicos explicaram a genitora, que o
procedimento para a colocação constitui em uma pequena cirurgia, que conta com anestesia
geral e terá a duração de aproximadamente duas horas.
Segundo o IMIP, como os
expansores de pele estão em falta no mercado brasileiro, ainda não há uma
previsão de quando o implante será realizado. A unidade hospitalar afirmou que
após a colocação, estima-se que a cirurgia de separação dos bebês possa ser
realizada dentro de dois ou três meses. “Confesso que fiquei um pouco triste
com a falta do produto, pois isso aumenta o sofrimento dos meus filhos. Apesar
disso, tenho esperança de que tudo se resolva logo”, afirmou Wilton.
De acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), os gêmeos que nascem unidos pelo abdômen correspondem a
75% de todos os casos de siameses, sendo conhecidos como xifópagos ou
toracópagos. A cirurgia de separação pode ser realizada dependendo de quais
órgãos sejam compartilhados. Na esfera dos bebês recifenses, que compartilham o
fígado, o processo é visto com bom ânimo pelos profissionais, dada a grande
capacidade de regeneração do órgão hepático.
FolhaPE
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