A presidente Dilma Rousseff
anunciou ontem por meio do microblog Twitter que assinou o decreto elevando o
salário mínimo em 6,78%, a ser publicado na edição de hoje do Diário Oficial da
União. A partir de 1º janeiro de 2014, o piso terá um aumento de R$ 46,
passando a R$ 724. O ato presidencial confirma o valor aprovado pelo Congresso
Nacional dentro do Orçamento Geral da União para 2014.
O aumento do mínimo deverá
injetar R$ 46 bilhões na economia brasileira no ano que vem, conforme as
estimativas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
São Paulo (Fecomercio-SP). Pelos cálculos do economista Raul Velloso, especialista
em contas públicas, somente nos cofres da União o impacto será de R$ 13,8
bilhões no próximo ano. “Cada real a mais no mínimo custa R$ 300 milhões para o
governo federal”, explicou.
Esse aumento supera a inflação
oficial, de 5,85% no acumulado em 12 meses até a primeira quinzena de dezembro,
conforme dos dados da prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15)
medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É inferior,
porém, ao reajuste de 9% concedido no início deste ano.
Representantes do setor de
comércio, porém, tampouco se empolgam com o aumento do salário mínimo na atual
conjuntura apesar da injeção dos R$ 46 bilhões na economia. “Há mais fatores
negativos do que positivos nesse reajuste. Ele só é bom no começo, mas, como a
economia está fraca e a produtividade baixa, não haverá fôlego para que esse estímulo
inicial persista ao logo do ano”, destacou o economista Carlos Thadeu de
Freitas Gomes, chefe do Departamento Econômico da Confederação Nacional do
Comércio (CNC). Ex-diretor do Banco Central, ele critica a atual fórmula de
reajuste do mínimo por prejudicar as contas públicas. “Se o país estivesse
crescendo, não haveria problema, mas essa medida está se tornando
insustentável”, alertou.
Até 2015, salário mínimo será
reajustado com base na Lei n° 12.382, de 25 de fevereiro de 2011. Pela regra, o
aumento do piso corresponde à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano
retrasado mais a inflação do ano anterior medida pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC). Até 31 de dezembro de 2015, o Poder Executivo precisará
encaminhar ao Congresso um projeto de lei dispondo sobre a política para o
período de 2016 a 2019.
Na avaliação de especialistas, a
fórmula atual transforma o mínimo em um dos principais vilões no aumento dos
gastos públicos. “Não há nação que sustente o crescimento de uma remuneração
acima da produtividade. É morte lenta e certa para o equilíbrio da economia”,
afirmou Velloso.
Correio Braziliense
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