Imagem ilustrativa da internet |
O comediante Louis C.K., em um de
seus esquetes no canal Comedy Central, brincou que a humanidade está
tecnodependente. Segundo ele, basta “ver o tipo de gente reclamando que o Wi-Fi
de avião é lerdo”. Mas ele não está errado. Estudo feito pelo braço brasileiro
da Associação Internacional do Gerenciamento do Estresse (Isma-BR) aponta que
vários usuários sofrem diversos distúrbios e problemas relacionados ao uso
constante da tecnologia.
Uso excessivo de smartphones,
computadores, tablets e videogames podem causar o chamado tecnoestresse e
disparar sinais no corpo informando que algo está errado.
“Tecnoestresse é tudo aquilo que
retira o equilíbrio do corpo. Algum tipo de energia, impulsão, um alerta para
que algo deva ser mudado. Ele cria no organismo um estímulo tão agressivo que a
pessoa interrompe o uso da tecnologia”, explica o psicoterapeuta
cognitivo-comportamental, doutorando em neuropsiquiatria e ciências do
comportamento pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tutor da
Faculdade Pernambucana de Saúde, Igor Lemos. Os sintomas são claros. Na
pesquisa da Isma-BR, 86% dos entrevistados afirmaram ter dores musculares ou de
cabeça, 81% sofrem com angústia, 67% têm dificuldade de concentração, 63%
apresentam cansaço crônico, 41% mostram um aumento na agressividade, 35% têm
distúrbios de sono, 27% passam a comer mais e 3% sofrem de ansiedade.
“Utilizar sem controle a
tecnologia altera o ciclo do usuário e traz malefícios ao organismo. O
indivíduo também se isola, faz com que você não tenha interação pessoal nem
estimula a criação de contatos fora de casa”, ressalta a psicóloga do Hospital
Santa Joana e do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, Erica Correia.
Os irmãos Renato e Ricardo Lélis,
17 e 18 anos respectivamente, passamo dia inteiro dividindo as atividades entre
o computador e o videogame. “Eles acordam e já vão direto jogar ou procurar
coisas na internet. Geralmente, ficam até 1h da manhã e só param para tomar
banho”, explica a mãe dos garotos, Ana Lélis.
Embora Ana saiba dos malefícios,
ela busca acompanhar a rotina dos filhos. “Eles são muito caseiros e só têm
amizades na escola, mas eu converso com eles, mostro que estou preocupada.
Alguns jogos são violentos, mas eles dizem que não vão confundir as coisas.
Quando estou de folga também, os observo jogar para entrar no mundo deles”,
diz. Antes, os irmãos apresentavam um comportamento agressivo, ansioso, mas
mostraram melhoras. “Eles ficavam estressados por querer novos jogos, mas eu
dizia que se mostrassem notas boas, eu comprava. Eles estão cientes disso.
Antes, o mais novo ficava agoniado quando perdia nas partidas, mas eu dizia
para recomeçar e tentar de novo”, comenta Ana.
Saiba mais
Diversão - O tempo total diário para uso de equipamentos
tecnológicos para fins de lazer é de duas horas, para crianças e adolescentes,
e quatro horas para adultos.
Overdose - Mudança de humor e danos morais são um possível
diagnóstico de overdose.
Thulio Falcão, da Folha de
Pernambuco
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