Foram aprovadas as primeiras 10
propriedades rurais de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, inscritas no
'Programa de Proteção à Caatinga'.
O programa, que foi lançado pela prefeitura
no dia 28 de abril, Dia da Caatinga, visa a criação de unidades de conservação
do bioma, ou seja, áreas de preservação da fauna e flora. Para isso,
agricultores entrariam no programa destinando 50 hectares das suas propriedades
para preservação. Como incentivo passariam a receber o valor de um salário
mínimo mensalmente.
Apesar de o programa ter sido
lançado no fim de abril, o primeiro pagamento aconteceu na última sexta-feira
(29). “Depois do lançamento do programa, começaram as vistorias pelo conselho
das Unidades de Conservação da Caatinga (UCCA), só após essas vistorias é que
as propriedades foram aprovadas e os pagamentos foram feitos. Todos os meses a
equipe vai visitar as propriedades para analisar se os requisitos estão sendo
cumpridos”, declarou o diretor-presidente da Agência Municipal do Meio Ambiente
(AMMA), Gleidson Castro.
Para se inscrever, as
propriedades devem estar regularizadas em um órgão oficial e o proprietário
deve separar uma área com vegetação natural ou replantar mudas de espécies do
bioma. Os requisitos do programa são que a área não seja desmatada, deve ser
cercada e que não se criem animais. Segundo o diretor-presidente da AMMA, mais
de 250 pessoas se inscreveram e devem passar pela análise do conselho
responsável pela fiscalização das áreas.
De acordo com Gleidson, o
programa tem tempo de duração indeterminado. “Os participantes vão receber o
benefício enquanto preservarem a área determinada. A punição para os
agricultores que desrespeitarem o acordo é sair do projeto e não poder se
inscrever novamente. Nós queremos o máximo de proprietários participando para
criar uma cultura de preservação na região”, declarou.
Apolinário da Silva, aposentado,
é dos participantes do programa, ele possui uma propriedade rural localizada no
Sítio Angical, a 15 km do distrito de Rajada, na Zona Rural de Petrolina.
“Fiquei sabendo do projeto e me interessei. Acho importante preservar o meio
ambiente, tenha uma propriedade de mais de 100 hectares de mata que está
intacta e vou deixar intacta. Faço questão de não mexer, por paixão mesmo”,
conta.
“Quando comprei o sítio, há 25
anos, era Caatinga fechada que nunca foi mexida. A ideia era criar bode e
ovelha, mas por alguns problemas pessoais nunca criei. A equipe da AMMA
visitou, fotografou e analisou a área e ela foi aprovada. A propriedade é toda
cercada com arame, é uma área muito bonita, preferi preservar ela inteira”,
acrescentou Apolinário.
O administrador de empresas,
Josimar Rabelo, também possui uma propriedade inscrita no programa. A área está
localizada no distrito de Curral Queimado, Zona Rural do município. “A minha
propriedade tem 103 hectares e é de vegetação nativa. A propriedade não estava
sendo usada, não crio nenhum animal, então decidi preservar. Achei o projeto
interessante porque eu posso coletar sementes e fazer mudas para outras
localidades, além de que no futuro eu vou poder também plantar no local
espécies da Caatinga que estão em extinção, como o angico e a baraúna”, contou
Josimar.
Apesar de alguns agricultores
possuírem uma área de preservação superior a 50 hectares, eles vão receber
apenas o valor corresponde a um salário. “O que foi combinado é que os proprietários
separem 50 hectares. No caso de um agricultor com 10 hectares a mais, por
exemplo, ele pode usar essa área que sobrou para criação de animais se quiser.
O que acontece é que alguns preferiram preservar a área inteira, por vontade
deles, mas concordaram em receber o valor equivalente aos 50 hectares. Existe a
possibilidade de aumentar o programa e contemplar a área toda no futuro”,
explicou Gleidson.
Do G1 Petrolina
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