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Com petróleo nordestino, a Petrobras inicia a pré-operação
da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape. O navio Elka Aristotle
atracou ontem no porto pernambucano, carregado com os primeiros 350 mil barris
de petróleo do Rio Grande do Norte para abastecer a unidade. A chegada da
matéria-prima é um marco na operação da 14ª refinaria construída pela Petrobras
no País e a primeira a ser inaugurada depois de um intervalo de 34 anos. O
empreendimento é um dos mais controvertidos da história da Petrobras, com um
cronograma de implantação que se estende há 9 anos e um orçamento que explodiu
mais de dez vezes, passando de US$ 2,3 bilhões para US$ 20 bilhões.
Por enquanto, o óleo bruto servirá para testar os sistemas
da Rnest. O processamento do petróleo propriamente dito (a transformação da
matéria-prima em derivados) só vai começar na primeira quinzena de outubro e a
inauguração oficial está prevista para o dia 4 de novembro. Até lá, a refinaria
vai receber mais um milhão de barris de óleo cru para completar essa fase de
testes.
O projeto da Abreu e Lima previa o abastecimento da unidade
com petróleo da Bacia de Campos (RJ e ES) e com óleo venezuelano (em função da
parceria com a PDVSA). Com a frustração do acordo, a refinaria vai receber
apenas petróleo nacional. O gerente-geral da Rnest, Valdison Moreira, explica
que a escolha pelo óleo bruto nordestino é uma estratégia de partida da
operação.
“A companhia priorizou petróleos com características
especiais e uma delas é o teor de enxofre. Esses petróleos são de muito boa
qualidade e de baixo teor de enxofre. Para iniciar e testar uma unidade essa é
a condição mais favorável”, observa, destacando também a proximidade da Bacia
Potiguar e o simbolismo de começar a operação da refinaria do Nordeste com
matéria-prima da região. Na etapa de pré-operação, além do petróleo potiguar a
Rnest vai receber óleo das bacias de Sergipe e Alagoas. Num segundo momento, da
Bacia de Campos. O primeiro carregamento de Guamaré (RN) é uma mistura de
petróleos de extração terrestre e marítima.
Quando o primeiro trem (metade das unidades) da Abreu e Lima
estiver em plena operação, a expectativa é receber um navio de petróleo a cada
cinco dias. Problemas com a dragagem do canal de acesso à Suape (que teve o
orçamento aumentado em função de dificuldades técnicas e não foi concluída) vai
exigir mudança de estratégia na logística da Petrobras.
A companhia terá que
substituir navios maiores por menores para entrar no porto e, portanto, fazer
mais viagens. “Quando se pensou o projeto, a ideia era que tivesse condição de
receber navios maiores. Seria interessante e motivo de orgulho pra todos nós
receber os próprios petroleiros construídos no Estado para transportar petróleo
para a refinaria”, diz Moreira, sem polemizar sobre o imbróglio.
Jornal do Commercio
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