sábado, 6 de setembro de 2014

Refinaria recebe petróleo do Nordeste

Heudes Regis/JC Imagem
Com petróleo nordestino, a Petrobras inicia a pré-operação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), no Complexo de Suape. O navio Elka Aristotle atracou ontem no porto pernambucano, carregado com os primeiros 350 mil barris de petróleo do Rio Grande do Norte para abastecer a unidade. A chegada da matéria-prima é um marco na operação da 14ª refinaria construída pela Petrobras no País e a primeira a ser inaugurada depois de um intervalo de 34 anos. O empreendimento é um dos mais controvertidos da história da Petrobras, com um cronograma de implantação que se estende há 9 anos e um orçamento que explodiu mais de dez vezes, passando de US$ 2,3 bilhões para US$ 20 bilhões.

Por enquanto, o óleo bruto servirá para testar os sistemas da Rnest. O processamento do petróleo propriamente dito (a transformação da matéria-prima em derivados) só vai começar na primeira quinzena de outubro e a inauguração oficial está prevista para o dia 4 de novembro. Até lá, a refinaria vai receber mais um milhão de barris de óleo cru para completar essa fase de testes.

O projeto da Abreu e Lima previa o abastecimento da unidade com petróleo da Bacia de Campos (RJ e ES) e com óleo venezuelano (em função da parceria com a PDVSA). Com a frustração do acordo, a refinaria vai receber apenas petróleo nacional. O gerente-geral da Rnest, Valdison Moreira, explica que a escolha pelo óleo bruto nordestino é uma estratégia de partida da operação.

“A companhia priorizou petróleos com características especiais e uma delas é o teor de enxofre. Esses petróleos são de muito boa qualidade e de baixo teor de enxofre. Para iniciar e testar uma unidade essa é a condição mais favorável”, observa, destacando também a proximidade da Bacia Potiguar e o simbolismo de começar a operação da refinaria do Nordeste com matéria-prima da região. Na etapa de pré-operação, além do petróleo potiguar a Rnest vai receber óleo das bacias de Sergipe e Alagoas. Num segundo momento, da Bacia de Campos. O primeiro carregamento de Guamaré (RN) é uma mistura de petróleos de extração terrestre e marítima.

Quando o primeiro trem (metade das unidades) da Abreu e Lima estiver em plena operação, a expectativa é receber um navio de petróleo a cada cinco dias. Problemas com a dragagem do canal de acesso à Suape (que teve o orçamento aumentado em função de dificuldades técnicas e não foi concluída) vai exigir mudança de estratégia na logística da Petrobras. 

A companhia terá que substituir navios maiores por menores para entrar no porto e, portanto, fazer mais viagens. “Quando se pensou o projeto, a ideia era que tivesse condição de receber navios maiores. Seria interessante e motivo de orgulho pra todos nós receber os próprios petroleiros construídos no Estado para transportar petróleo para a refinaria”, diz Moreira, sem polemizar sobre o imbróglio.


Jornal do Commercio

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