"Fim de debate: ambos se chamaram de mentirosos.
Acredito nos dois. É nulo." "A cada debate de Aécio x Dilma, mais eu
acho que deveria ter um candidato representando o voto nulo."
"Desisto. De novo lavação de roupa suja e paternidade de programas sociais
em debate... Voto nulo."
Os comentários foram publicados por internautas durante e
depois do último debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves, promovido na
tarde desta quinta-feira por SBT, UOL e Jovem Pan. Além destes, mais de 1.500
usuários irritados indicaram vontade de votar nulo em comentários relacionados
ao encontro.
As principais reclamações indicavam excesso de ataques
pessoais, falta de respostas concretas para críticas e, principalmente,
ausência de propostas de governo entre os candidatos.
Algumas das principais palavras associadas à intenção de
voto nulo no Twitter foram "branco", "parasita",
"burro" e "retrocesso".
"Eu sei quem não ganhou (neste debate), o eleitor.
Ninguém responde a nada", resumiu o internauta Joseph S. Alcântara.
Espelho
O "espelhamento" da discussão entre Dilma e Aécio
irritou a audiência das redes sociais.
Núvem de palavras no Twitter mostra associação de
Dilma e
Aécio a votos nulos e brancos
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Desde o início do debate, que durou menos de duas horas,
Aécio e Dilma acusaram um ao outro por razões similares - às vezes idênticas.
Os dois disseram, por exemplo, que o adversário usou a máquina pública para
empregar parentes. Ambos também se criticaram por não investigarem crimes
cometidos por colegas de partido.
"É o sujo falando do mal lavado. Tem o mensalão PT, tem
mensalão mineiro, tem corrupção na Petrobras, tem corrupção no Metrô de
Sampa...", reclamou Elisa Andreia, via Twitter.
"Aceito qualquer motivo para votar em A ou B, menos
corrupção. Todos são sujos", disse Bruno SFC, também pela rede.
Dilma e Aécio afirmaram em coro, por diversas vezes, que o
oponente não tinha propostas claras para o país. O Estado de Minas Gerais,
novamente, foi usado pelos dois como suposto atestado de falta de conhecimento
do oponente.
"É "leviano" pra cá, "mentiroso"
pra lá. Cadê as propostas, minha gente? Ninguém sabe o que fazer",
criticou Erica Hideshima.
'Dèja vu'
A repetição de frases inteiras usadas em encontros
anteriores também foi alvo de reclamações por eleitores frustrados.
Afirmações ditas apenas dois dias antes, durante o debate da
TV Bandeirantes, voltaram ao discurso dos presidenciáveis sem alterações. Como
quando Dilma Rousseff enumerou supostos casos de corrupção envolvendo o PSDB.
"Onde estão os corruptos da compra de votos para a
reeleição? Todos soltos. Onde estão os corruptos do metrô e dos trens de São
Paulo? Todos soltos. Onde estão os corruptos da "pasta rosa"? Todos
soltos. Onde estão os corruptos do processo Sivan? Todos soltos. Onde estão os
corruptos da privataria tucana? Eu tenho um compromisso diferente. Meu
compromisso é investigar e punir", disse a presidente.
Ou no momento em que Aécio repetiu as acusações de omissão
no caso Petrobras por Dilma.
"O senhor Paulo Roberto (diretor da petroleira) disse
que 2% de todas as obras de sua responsabilidade iam para o seu partido,
candidata, para o tesoureiro do seu partido. O que a senhora fez durante esse
período? Nada. A senhora tomou alguma providência, pediu o afastamento do
tesoureiro, candidata? Não. São denúncias construídas a partir daquilo que a
Polícia Federal chama de uma organização criminosa atuando no seio da nossa
maior empresa", repetiu o tucano.
A postura dos candidatos nos debates terá mais dois testes
antes do domingo de eleições (26 de outubro). A TV Record promove novo encontro
entre Dilma e Aécio no próximo fim de semana (dia 19) e a TV Globo reúne os
dois candidatos na sexta-feira anterior à votação (dia 24).
No primeiro turno, 6,6 milhões de brasileiros (5,8% do
total) anularam seus votos. O número representa ligeira alta em relação às
eleições de 2010 (5,51% do eleitorado).
A soma de votos brancos, nulos e abstenções representou 38,7
milhões de eleitores na primeira etapa de votação em 2014 - a maioria
esmagadora (27,7 milhões) não compareceu às urnas.
Da BBC Brasil em São Paulo
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