domingo, 28 de dezembro de 2014

Delegado conclui inquérito sobre morte de promotor Thiago Farias

Imagem da Internet
A Polícia Federal (PF) encerrou as investigações sobre o assassinato do promotor de Justiça Thiago Farias Soares, no dia 14 de outubro de 2013, em Itaíba, no Agreste de Pernambuco. 

O inquérito, apresentado na quarta-feira (24), na sede do órgão, concluiu que participaram e planejaram o crime: o fazendeiro José Maria Pedro Rosendo Barbosa, 55, o auxiliar de serviços gerais, José Marisvaldo Vitor da Silva, 42, José Maria Domingos Cavalvanti, 55, Adeildo Ferreira dos Santos, 26, e Antônio Cavalcanti Filho, 26, este último ainda foragido. O fazendeiro foi apontado como o mandante do crime e a disputa por terras foi a motivação.

De acordo com o superintendente da PF, Marcelo Diniz Cordeiro, as investigações foram finalizadas na última sexta-feira (19), quando foi preso Adeildo Ferreira dos Santos, 26, em Buíque. Ele ajudou a planejar a execução. "O caso será entregue à Justiça Federal e novas diligências podem surgir. A Justiça deverá abrir ação penal contra os envolvidos e abrir prazo de defesa para eles. No final pode haver até tribunal do júri", afirmou Cordeiro.

O superintendente disse ainda que Antônio Cavalcanti Filho, procurado pela polícia, esteve em Águas Belas de 27 de setembro a 14 de outubro, quando houve o assassinato. Neste período, ele levantou as informações da vítima, indicando inclusive o roteiro dela e rota de fuga deles. Ele é irmão de José Maria Domingos Cavalcanti, preso no último dia 03, e já tem a prisão decretada por um latrocínio em Jaguaripe, na Bahia.

Já o auxiliar de serviços gerais José Marisvaldo Vitor da Silva, 42, preso dia 29 de outubro deste ano, acompanhou o percurso do promotor para garantir que o plano desse certo. Houve ainda um sexto indiciado, Janeci Carneiro que teria facilitado a fuga dos suspeitos, emprestando o carro, por exemplo, mas ele não teve a prisão decretada. Ele ficará em liberdade até o julgamento. O autor dos disparos não foi possível ser identificado porque não havia mais possibilidade de refazer os exames residuológico.

O delegado Alexandre Alves, falou pela primeira vez desde que assumiu o caso em 19 de setembro deste ano e afirmou que várias linhas foram investigadas, como a disputa por terras, a de crime passional (planejado pela ex-noiva do promotor, Mysheva Martins) e a participação do ex-noivo dela, mas todas as provas e perícias indicaram que a briga por partes da Fazenda Nova, arrendada por Mysheva e administrada anteriormente por José Maria Pedro Rosendo, foram o motivo da execução.

"A disputa gerou muitos atritos entre eles. O José Maria Rosendo havia determinado o corte de água da fazenda e o promotor mandou demolir uma casa que o José Maria estava reformando para manter alguns de seus funcionários. O promotor alegou para eles que o imóvel descumpria a distância legal de três metros e invadia seu terreno", explicou Alves.

Outro problema foi uma petição de espólio expedida pelo promotor que acabou removendo José Maria como inventariante. "O próximo da lista seria o pai de Mysheva. Esse documento havia sido apresentado como contestação do processo judicial 13 dias antes do crime e só falta o juiz decidir quem ficaria com a terra", detalhou o delegado.

O fazendeiro, segundo as investigações, arregimentou parte dos envolvidos em viagem a Alagoas, no dia 10 de outubro. "Ele foi procurar conhecidos e pessoas que fazem pistolagem. Tudo foi feito através de trocas de favores e nenhum pagamento foi feito", detalhou.

Em depoimento José Maria Pedro Rosendo acusa Mysheva de ser a mentora do assassinato. O delegado, entretanto, descartou a participação dela e disse que ela é outra vítima. No dia do crime, o promotor dirigia seu carro na rodovia PE-300, acompanhado da noiva e de um tio dela, quando o carro dele foi interceptado por um veículo com três homens. “Houve um tiro direcionado para a porta direita, que não foi para o promotor. A partir do momento em que se dá tiros de 12 pode-se concluir que o motorista não só era o alvo”.

Para ele, houve homicídio qualificado e dupla tentativa de homícidio. "Durante as investigações houve o acompanhamento do comportamento dela e verificou-se que ela estava numa situação compatível com a do estado de choque. Ela não fez nenhuma ligação das 8h38 do dia do crime até o dia seguinte".

Relembre o caso
O promotor foi executado no dia 14 de outubro do ano passado na rodovia PE-300, entre as cidades de Águas Belas e Itaíba, quando seguia para o trabalho. Ele estava acompanhado da noiva, a advogada Mysheva Martins, e um tio dela. Ambos escaparam sem ferimentos.

Diario de Pernambuco

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