Gás liquefeito de petróleo (GLP),
nafta, resíduo atmosférico e óleo diesel já estão sendo produzidos pela Abreu e
Lima
Não fosse a Operação Lava Jato e
o mar de lama derramado sobre o nome da Petrobras, os últimos dias teriam sido
de festa no Complexo Industrial e Portuário de Suape. Depois de nove anos de
construção e décadas de espera, a Refinaria Abreu e Lima (Rnest) começou a produzir
derivados. Saíram da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA) da primeira
refinaria de petróleo de Pernambuco gás liquefeito de petróleo (GLP), nafta,
resíduo atmosférico e, claro, óleo diesel, a razão de ser do empreendimento,
que está custando aos cofres da estatal US$ 18,5 bilhões, oito vezes mais que
os US$ 2,5 bilhões inicialmente previstos.
Segundo a (discreta) nota
divulgada pela Petrobras no último sábado, os produtos foram enviados para
armazenamento nos tanques e esferas da refinaria. Além dos derivados, foi
produzido também gás combustível, que será utilizado nos processos da própria
unidade. Quando estiver operando com força total, no próximo ano, a primeira
refinaria a ser construída no Brasil desde 1980 terá capacidade para processar
230 mil barris de petróleo por dia e será responsável por 17% de toda a
produção nacional de óleo diesel. A Abreu e Lima será a unidade da Petrobras
com maior taxa de conversão de petróleo cru em diesel (70%).
Mas por enquanto a Rnest vai
trabalhar em um ritmo mais devagar. Tudo por conta da demora na construção, o
que levou os órgãos regulatórios a liberarem as licenças de operação com
algumas ressalvas. O “ok” da Agência Nacional do Petróleo (ANP) foi dado com
uma limitação da capacidade de processamento da unidade em 11.765 metros
cúbicos por dia, o equivalente a 67% da capacidade nominal da refinaria. A
refinaria só poderá operar com carga máxima quando colocar em “perfeito
funcionamento” a Unidade de Abatimento de Emissões, responsável pelo controle
de resíduos. A Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) já tinha feito a mesma
ressalva.
O início da operação da Rnest
deveria ter acontecido um mês atrás. “A Rnest vai começar a produzir diesel no
dia 4 de novembro”, declarou em agosto José Carlos Cosenza, diretor de
Abastecimento da Petrobras. Não deu. Houve atraso nas obras e as licenças
necessárias para iniciar o processo também não saíram dentro do tempo previsto.
Agora que o petróleo finalmente começou a ser transformado em derivados, as
atenções se voltam para a partida do segundo trem de refino – que é como o
conjunto de unidades de produção costuma ser chamado pelos representantes da
estatal.
A previsão é que a “partida”
ocorra até maio. Mas, até lá, a Petrobras precisa desatar alguns nós. O
primeiro deles diz respeito aos problemas trabalhistas. O consórcio Alumini
desistiu da obra alegando que não estava recebendo o pagamento pelos serviços.
Com isso, 4,5 mil trabalhadores aguardam para receber. Outras empresas
prestadoras de serviço também reclamam que estão há meses sem ver a cor do
dinheiro. A estatal vem tocando as obras sozinha da Abreu e Lima, depois que
viu naufragar a “parceria” que tinha montado com a venezuelana PDVSA.
Pelo acordo firmado entre os
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez, o Brasil assumiria 60% dos
gastos e a Venezuela ficaria com os 40% restantes. Os dois lançaram a pedra
fundamental em 16 de dezembro de 2005. Depois de promessas de amor eterno, idas
e vindas, os vizinhos desistiram. A morte do presidente venezuelano, em março
de 2013, pesou na decisão. Apontada como o “fato econômico” mais importante da
história de Pernambuco, a Refinaria Abreu e Lima chegou a ser disputada por
nove estados. Ficou em Suape por conta da infraestrutura existente no complexo.
Diario de Pernambuco
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