sábado, 6 de dezembro de 2014

Livro explora história da guitarra no Brasil

Num país com produção musical tão expressiva como o Brasil, é mais que bem-vindo um livro como Heróis da guitarra brasileira. 

Escrita pelos jornalistas fluminenses Leandro Souto Maior e Ricardo Schott, a obra reúne 70 breves perfis de expressivos músicos do país, incluindo depoimentos, instrumentos utilizados, influências e gravações comentadas. O lançamento será neste sábado à noite, em Belo Horizonte.

"Quando iniciamos o projeto, percebemos que não dava para falar só sobre os heróis que já são acariciados por todos. Há uma série de guitarristas esplêndidos, que têm trabalhos incríveis. Nos surpreendemos várias vezes entrevistando caras como o Paulo Rafael, guitarrista do Alceu, e o Antenor Gandra, que solou em Rock do diabo, de Raul Seixas. E eles se surpreenderam por ser procurados pela gente", diz Schott.

De fato, nomes como os de Edgard Scandurra, Pepeu Gomes e Toninho Horta (contemplados no livro) são esperados e obrigatórios. Motivo pelo qual a atenção do leitor é facilmente dirigida a perfis de guitarristas menos óbvios, como Gato (que tocou com Roberto Carlos na fase Jovem Guarda), Heitor TP (integrante do grupo inglês Simply Red por oito anos) e Perinho Albuquerque (que tocou com ninguém menos que Caetano, Bethânia, Gil, Gal e Chico).

"Partimos dos heróis, mas fomos buscar outros nomes. Ouvíamos muitas músicas e pensávamos: 'Quem fez esse solo?'. Além disso, fizemos questão de botar nomes que nem são tão exuberantes, mas que elevaram a guitarra no Brasil, como Herbert Vianna e Lulu Santos. Muita gente não pensa neles como heróis da guitarra, mas tocam muito bem. O público tende a vê-los como compositores, mas tem guitarra ali", analisa o autor.

A maioria das entrevistas foi feita por telefone e e-mail e algumas delas tornaram-se documentos significativos, caso das conversas com Celso Blues Boy e Zé Menezes, que morreram pouco depois. Os autores chegaram a vir a Belo Horizonte durante o festival Brasil das Guitarras, ano passado, quando conseguiram colher pessoalmente depoimentos de Pepeu Gomes, Andreas Kisser e Armandinho Macedo e Kiko Loureiro.

Na ocasião, realizaram também alguns vídeos com os guitarristas. O objetivo é utilizar esse material no site do projeto (www.heroisdaguitarrabrasileira.com.br) e na produção de um documentário sobre o tema. No endereço eletrônico o público também encontrará, em breve, perfis de guitarristas que não entraram no livro (os autores continuam pesquisando e produzindo). Lá já estão entrevista com Sérgio Dias e depoimentos de Victor Biglione.

Sangue novo

A parte final do livro é reservada para destacar os novos nomes que, na avaliação dos autores, dão continuidade à tradição guitarrística brasileira. Eles pinçaram Beto Lee, Bruno Kayapy, Davi Moraes, Fernando Catatau, Gustavo Benjão, Jr. Tostoi, Pedro Baby e Pedro Sá para perfis resumidos e um texto. Para Schott, Kayapy é o melhor guitarrista brasileiro da atualidade, entre os nomes da jovem geração.

"Se o Bruno tiver mais oportunidade, levará a guitarra a outro patamar", elogia o autor. "A música brasileira está muito sem peso, até nos discos de rock. As guitarras são gravadas muito sem imaginação, diferentemente do que acontecia antigamente. Esses novos que escolhemos saem do padrão. Quisemos diferenciá-los para as pessoas prestarem mais atenção. Não que não sejam tão bons quanto outros, mas falta serem mais conhecidos", finaliza.

Serviço
Heróis da guitarra brasileira, de Leandro Souto Maior e Ricardo Schott
Editora Irmãos Vitale, 176 páginas, R$ 45

Diario de Pernambuco 

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