terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Petrolina vive hiperendemia de hanseníase, alerta epidemiologista


Apesar de ser considerada uma doença milenar, a hanseníase ainda se constitui num desafio à saúde pública em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, devido ao aumento significativo de casos. O Brasil está dentro desse cenário, e com números alarmantes: em todo o mundo, só fica atrás da Índia, que tem 140 mil casos da doença registrados por ano. O país vem em segundo com 40 mil. Petrolina não foge às estatísticas. Há dois anos o município faz parte de uma região considerada endêmica.

A informação é do técnico da Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde no município, Francisco Freitas, o ‘Chiquinho’. Cedido à prefeitura, ele informou ao programa ‘Manhã no Vale’ desta segunda-feira (22) da Rádio Jornal, que Petrolina já chegou ao estágio de hiperendemia de hanseníase, por registrar uma quantidade de casos bem acima do tolerável pelas autoridades sanitárias – que é de 40 para cada cem mil habitantes.

“Em 2013, fechamos com 70 casos, praticamente o dobro. Em 2014 já foram detectados 240 casos”, informou Chiquinho. Ele ressaltou, no entanto, esse aumento aparentemente excessivo da hanseníase em Petrolina deve-se muito mais a ações de mapeamento nas cinco áreas de maior incidência da doença, que recebem uma atenção especial da Secretaria Municipal de Saúde.

Nesse trabalho as equipes vistoriaram escolas, feiras livres e bares, entre outros locais. “Não quer dizer que esteja aumentando, mas a partir do momento em que a doença é detectada, há esse registro de casos. Mas só assim é que iremos quebrar essa cadeia de transmissão”, avaliou o epidemiologista.

Sintomas e preconceito

Segundo Chiquinho, a contaminação da hanseníase se dá pelas vias aéreas – semelhante à tuberculose – através de uma pessoa infectada para outra sadia. Com o avanço da doença, há também o aparecimento de manchas que tiram a sensibilidade tátil do paciente no local onde apareceram, além de caroços, formigamento nos braços e pernas e dores nas articulações. Mas ele alerta que a parte dermatológica afetada pela bactéria causadora da doença só vem depois. O primeiro sistema atingido é o neurológico, que acaba impondo sérias restrições físicas à pessoa contaminada.

Chiquinho admite que o diagnóstico da hanseníase é difícil, porque o tempo médio para se manifestar é de quatro anos. Mas quando esses sintomas aparecerem, é recomendado ao paciente que procure uma unidade de saúde o quanto antes porque a doença é curável.

O epidemiologista afirma ainda que a melhor forma de prevenção é a informação, principalmente para combater outro mal aliado à hanseníase: o preconceito. “Vamos tratar a hanseníase como doença que tem cura. Não se admite conviver com esses índices alarmantes. O debate também tem se ser levado para dentro das famílias. Quanto mais se guardar o problema, mais a bactéria destrói o sistema nervoso”, pontuou. Ele acrescenta que em Petrolina as 50 unidades de saúde possuem equipes preparadas para fazer o diagnóstico. Segundo estimativas do técnico, possivelmente 3% da população do município possam estar com a bactéria transmissora da doença.
DoBlog do Carlos Brito

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