O governo da
Indonésia informou nesta quarta (14) que executará o brasileiro Marco Archer
Cardoso Moreira, 53, na noite de sábado (17) –meio da tarde na hora de
Brasília.
A informação foi dada
à Folha por Tony Spontana, porta-voz da Procuradoria-Geral, órgão responsável
pelas execuções naquele país.
Marco e o Itamaraty
já foram informados a respeito. O brasileiro foi condenado em 2004, após
tentar, um ano antes, entrar no país com 13,4 kg de cocaína escondidos em tubos
de uma asa-delta.
Se levada a cabo,
será a primeira vez que um brasileiro será executado no exterior. A morte se dá
por fuzilamento.
O outro brasileiro no
corredor da morte no país, o paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, também
condenado por tráfico, teve rejeitado na sexta o pedido de clemência feito ao
presidente Joko Widodo. Isso significa que não há mais impedimentos legais para
executá-lo.
Preparação
Nesta quarta, Marco
foi levado da prisão de Pasir Putih (a 400 km da capital, Jacarta) para outra
unidade, como parte do procedimento preparatório para execução.
Ele ficará isolado
até a data do fuzilamento, segundo Utomo Karim, advogado pago pelo governo
brasileiro para defendê-lo. Karim e um diplomata brasileiro acompanharam a
transferência.
O brasileiro ficou
"chocado" ao saber da iminente execução, diz Karim. "Ele ficou
muito assustado ao ser levado da cela e pensou que seria executado
imediatamente."
Uma tia de Marco
viajou nesta quarta para a Indonésia, antecipando a viagem que já faria para
visitá-lo. No Brasil, amigos se mobilizaram em redes sociais para tentar evitar
o fuzilamento.
Os pais de Marco
morreram e ele, solteiro, não tem filhos.
Presidente Dilma
Segundo o advogado
Karim, a essa altura apenas a intervenção da presidente Dilma Rousseff
diretamente para Widodo poderia adiar a execução do brasileiro. A Folha apurou
que Widodo não respondeu, ainda, aos pedidos de contato feitos pelo Brasil.
Widodo assumiu a
presidência em outubro e impôs linha dura no tratamento a traficantes –prometeu
executá-los, linha diferente da adotada pelo antecessor, Susilo Bambang
Yudhoyono.
O argumento é que o
tráfico prejudica as futuras gerações do país. Ele tem apoio da população,
amplamente favorável à pena de morte.
A Imparsial, entidade
local de defesa dos direitos humanos, sustenta que a pena capital não inibe o tráfico.
A Indonésia tem 64
presos no corredor da morte. Desde 2001, 27 pessoas foram executadas, só sete
por tráfico. O último fuzilamento, de cinco condenados, ocorreu em 2013.
DA FOLHA DE SÃO PAULO
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