Pernambuco
é o reduto nordestino dos viajantes urbanos. De acordo com pesquisa inédita do
IBGE, cerca de 575 mil habitantes do estado estudam ou trabalham em municípios
distintos dos que residem. Isso significa que um em cada 15 pernambucanos
realiza grandes deslocamentos entre cidades regularmente.
Quando
considera-se apenas o universo de estudantes e trabalhadores, a população ativa
que “viaja diariamente” é de uma em cada cinco pessoas. Apenas na Região
Metropolitana do Recife, somada à cidade de Paudalho, são quase 430 mil pessoas
realizando uma troca regular de capital humano.
No
estado, o maior “exportador” é o município de Jaboatão dos Guararapes, que
“troca” 118 mil pessoas com o Recife, 80% delas, em atuação na capital. O
administrador Miguel Silva, 30, por exemplo, desloca-se 13 km do bairro do
Curado até a Boa Vista, desde 2009, quando iniciou a faculdade. Hoje, faz o
mesmo caminho, para trabalhar, mas viu o tempo de viagem dobrar devido ao fim
de linhas de ônibus diretas – hoje usa mais de um ônibus ou metrô. “Gostaria de
pagar mais caro e chegar em menos tempo, sem dúvida”, avalia.
Entre
as descobertas do estudo do IBGE, estão a composição de oito arranjos
populacionais em Pernambuco, compostos por conjuntos de cidades que ampliam o
fluxo regular de pessoas graças ao desenvolvimento econômico. Mas nem sempre
essa troca se dá entre cidades vizinhas. A “ponte” Paulista – Olinda, cidades
limítrofes com fluxo diário de 20 mil pessoas, por exemplo, é bem menor que a
Paulista - Recife, que soma 50 mil. Tudo por conta do atrativo econômico concentrado
no município.
Entre
Caruaru, no Agreste, e a capital, por exemplo, 1,8 mil pernambucanos fazem esse
trajeto regularmente, nos dois sentidos. O publicitário Hélder França mora em
Caruaru e faz mestrado numa faculdade da Zona Sul do Recife. Como as aulas são
ministradas às sextas e sábados, ele optou por dormir no Recife no fim de
semana para evitar atrasos causados por engarrafamentos. “Venho no meu carro e,
para ajudar no custo do combustível, faço “carona voluntária”. Durmo na casa da
minha sogra e dessa forma consigo economizar. Se precisasse, pagaria hospedagem
para escapar do trânsito”, conta.
Dinheiro
Apesar
dos problemas, inclusive a mobilidade, graças à centralização do volume de
negócios, o deslocamento dos pernambucanos é justificado pelos números: apenas
na RMR, já são R$ 61,7 bilhões movimentados por 58,7 mil empresas, o oitavo
maior montante entre os arranjos populacionais do país. Tudo isso torna o
arranjo, o quinto maior do país e a quarta maior população, 3,7 milhões de
pessoas, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Quantas
pessoas o Recife e outros municípios recebem (em vermelho) e enviam para outras
cidades (em azul)
Recife
(Recebe de | Manda para) - De Caruaru 816 (1B) Para Caruaru 1009 (2B)
Araçoiaba
( 426 (1A) | 23 (2A)) - Para Igarassu (1260)
Abreu
e Lima ( 10,5 (1C) | 820 (2A) )
Cabo
de Santo Agostinho ( 6694 (1C)| 200 (2A))
Camaragibe
( 26448 (1D)| 3918 (2B))
Igarassu
( 5996 (1C)| 984 (2B) )
Ipojuca
( 799 (1B)| 3130 (2B) )
Itamaracá
( 1042 (1B)| 158 (2A))
Itapissuma
( 1042 (1B)| 237 (2A))
Jaboatão
dos Guararapes ( 101, (1E)| 17, (2C))
Moreno
( 2327 (1C)| 2,3 (2B))
Olinda
( 69, (1D)| 11, (2C))
Paudalho
( 2,6 (1B)| 293 (2A))
Paulista
( 46, (1D)| 3,2 (2B))
São
Lourenço da Mata ( 13, (1C)| 700 (2B))
Caruaru
São
Caitano ( 238 (1A)| 3,6 (2B))
Petrolina
( 22 (1A)| 22 (2A) )
Garanhuns
(270 (1A)| 50 (2A)) Para Recife 236
Petrolina
Juazeiro
( 7677 (1C)| 330 (2A))
Araripina
( 82 (1A)| 110 (2A)) - Recebe de Marcolândia (PI) 1255 (1B)
Índice
de moradores que trabalham ou estudam fora do município que vivem (em %)
Araçoiaba
12,9
Abreu
28,6
Cabo
17,9
Camaragibe
26,7
Igarassu
20,6
Ipojuca
19,4
Itamaraca
14,1
Itapissuma
21,7
Jaboatão
22,6
Moreno
14,4
Olinda
29,7*
Paudalho
10,5
Paulista
28,1
Recife
21,8
São
Lourenço 19,8
*Campeã:
Olinda - 3 em cada 10 moradores não estudam ou produzem para a cidade
6x
mais olindenses trabalham ou estudam no Recife que o contrário
Top
5 arranjos populacionais com mais pessoas trabalhando ou estudando em
municípios diferentes de onde residem
1)
São Paulo (36 cidades) - 1,75 milhão
2)
Rio de Janeiro (21 cidades) - 1,1 milhão
3)
Belo Horizonte (23 cidades) - 565 mil
4)
Porto Alegre (26 cidades) - 460 mil
5)
Recife (15 cidades) - 429 mil
Diário
de Pernambuco
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