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Apesar das profundas
transformações que estão ocorrendo no tocante à relação com o emprego no
Brasil, algo não muda: a busca pela estabilidade proporcionada pela atuação no
serviço público. A situação se acentua quando as condições econômicas do país
não estão favoráveis, como está acontecendo agora. E aí, muitas pessoas
enxergam os concursos como únicas alternativas para conseguir um emprego.
Esse fenômeno atinge pessoas de
todas as classes sociais, perfil profissional, grau de instrução, idade, etc.
Por exemplo, atualmente é bastante comum encontrar pessoas que estão terminando
o nível médio e já começam a estudar para participar de algum concurso e não
para se preparar para participar de um vestibular. A graduação fica para
segundo plano.
Uma explicação para esse fato:
pode ser que na iniciativa privada um jovem com pouca ou nenhuma experiência
dificilmente teria chances de conseguir um emprego com uma remuneração
satisfatórios. Assim, ele prioriza o curso preparatório e, uma vez empregado,
busca a graduação.
Quando se fala de gênero, um
detalhe que vem chamando a atenção dos especialistas. É que público feminino
vem se destacando nas relações de aprovados dos concursos. Além da
estabilidade, as mulheres buscam a isonomia salarial, já que, na iniciativa
privada, os homens ainda recebem salários maiores. No serviço público, contudo,
elas sabem que serão tratadas em condições de igualdade. A aposentadoria
integral a que os servidores públicos têm direito pode até fazer a diferença na
hora de optar por uma carreira no serviço público ou privado, mas quase nunca é
citado pelos concurseiros.
O que eles citam e já estão
cansados de saber é que, para chegar lá, o candidato de um concurso público
deve estudar várias horas por dia, mesmo que isso ocasione dificuldades na vida
pessoal, reduza ao máximo o seu lazer e ainda o submeta a um processo estafante
de provas. Todos esses esforços para tentar fugir da instabilidade do emprego
na iniciativa privada. Mas ele deverá estar ciente de que nem tudo são flores,
pois há uma falta de perspectiva de crescimento muito grande e, mesmo que
exista a progressão salarial, a autonomia, os novos desafios e a inovação são
aspectos distantes da carreira pública.
É importante destacar também que,
em muitos órgãos, a gestão é indicada politicamente, e isso pode afetar a
realização do trabalho dos servidores. Outro detalhe: é recomendado que o
candidato buscasse participar de processos cujas vagas disponíveis estejam de
acordo com o seu perfil profissional/pessoal: assim ele terá mais chances de
ser feliz. Isso pode fazer com que alguns servidores deixem a carreira pública
e voltem para a iniciativa privada.
Voltando à busca por uma vaga na
situação atual do país, é bom estar ciente que as perspectivas para o ano em
curso não são tão promissoras principalmente com relação à quantidade de vagas
que poderão ser disponibilizadas. Isso é uma das consequências da situação
econômica nacional e da necessidade de redução de gastos públicos. Logo, é
quase certo que uma das atividades a ser atingida será a de seleções públicas,
que deverá ser reduzida. O BNDES já soltou nota informando que não realizará
concurso este ano, contrariando informações divulgadas no mercado.
Por outro lado, há quem acredite
que pelo menos vinte grandes concursos serão realizados durante este ano, já
que existem vinte mil postos federais vagos, segundo dados oficiais do
Ministério do Planejamento e isso sem considerar os cargos que dependem de aprovação
do Congresso Nacional para serem criados na administração federal.
Na dúvida, é melhor buscar se
preparar previamente, já que, como se sabe, é necessário um longo tempo para
adquirir todos os conhecimentos exigidos em um concurso.
*Odilon Medeiros é Mestre em
Administração, Especialista em Psicologia Organizacional, Pós-graduado em
Gestão de Equipes, MBA em Vendas, consultor e palestrante nacional sobre
tópicos ligados à gestão com pessoas em empresas públicas e privadas.
*
Por Odilon Medeiros, especialista em Gestão de Pessoas
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