Da Agência O Globo
Autor de pedidos de convocação de 16 ministros da gestão Dilma Rousseff
e de dezenas de requerimentos de informação exigindo explicações do governo, o
deputado e delegado da Polícia Federal Francisco Francischini (PSDB-PR) blindou
seu gabinete.
imagem: fabiocampana.com.br |
Na sua sala de reuniões não entra nem mosquito. O parlamentar instalou isolamento
acústico, com camadas de feltro entre as paredes, e colocou vidros na parte de
cima da sala.Francischini ocupa até dois gabinetes. Ali funciona o bunker da
oposição na Câmara, onde deputados se reúnem para discutir a estratégia de ação
contra o governo.
"Aqui é o centro da fiscalização do governo. Sou um deputado visado
pelos governistas. E esse gabinete era uma casquinha de ovo, muito frágil. O
armário era a divisória com o gabinete ao lado. Vazava tudo", disse
Francischini.
E o "inimigo" mora ao lado. O gabinete ao lado de Francischini
é ocupado por um petista, deputado Zé Geraldo (PA). Todo cuidado é pouco,
argumenta o parlamentar tucano.
"O Zé Geraldo é gente boa, mas é do PT e eu do PSDB. E estão de
olho em mim ", disse Francischini.
Zé Geraldo, o petista do lado, ironiza a blindagem do gabinete de
Francischini e disse que ele foi o único, no Anexo 3 da Cãmara - um dos setores
da Casa - que adotou esses rigores e cautela.
"Não me preocupo. Ele toma esse cuidado todo para esconder alguma
coisa? Acho desnecessário. O embate entre governo e oposição se dá
publicamente. E não em espionagem de gabinete", disse Zé Geraldo.
Também da área de segurança, o delegado da Polícia Federal, Protógenes
Queiroz (PCdoB-SP) foi outro que tomou seus cuidados e as suas providências.
Ele faz varredura mensal em busca de escutas ilegais que podem ter sido
instaladas no seu espaço de trabalho. E cercou de vidro a sala de reuniões no
gabinete.
"Em razão do meu histórico de trabalho, tenho que tomar cuidados.
Acho tudo muito vulnerável aqui. O sistema da Câmara não é 100% quando se trata
de preservar a intimidade no gabinete. Ainda meti uma chave tetra na porta.
Dificulta a violação da maçaneta", disse Protógenes.
O deputado disse que, desde que assumiu, em 2010, duas equipes da
Polícia Federal já foram atrás dele no gabinete, para tratar de procedimentos
administrativos que o parlamentar responde na PF.
"Nem podem fazer isso. Estou licenciado da Polícia Federal e não
podem confundir minha vida de parlamentar com a de delegado. Se vierem atrás de
mim de novo aqui na Câmara, dou voz de prisão".
A Câmara informou que 13 deputados fizeram adaptações no gabinete para
instalar isolamento acústico. Mas não informou os nomes. Qualquer alteração
física no gabinete, inclusive desse tipo, depende de autorização prévia da
direção da Casa. A assessoria da Câmara argumentou que, como a instalação de
isolamento acústico é despesa particular do deputado, não coberta pela cota do
parlamentar, teria dificuldade em localizar esses nomes.
Francischini e Protógenes sustentam que estão sendo monitorados e que
estão prestes a descobrir os autores da perseguição. O deputado tucano disse
que dados sigilosos seus circulam nas mãos de seus opositores. Ele afirmou ter
o nome de quem o persegue e que em breve o divulgará:
"Recebi ameaças em casa, mas nada que me intimide. Incomoda o fato
de envolver sua família", disse Francischini.
Protógenes foi na mesma linha."Já montei a ratoeira, mas daqui a
pouco pego o rato", afirmou Protógenes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário