Da Folha.com
imagem: pbacontece.com.br |
A
Fifa e seus parceiros já somam 921 contratos assinados referentes aos direitos
comerciais da Copa de 2014. Significam, na prática, que o Mundial será no
Brasil mesmo que os conflitos entre a entidade máxima do futebol e governo
recrudesçam. É um voo sem volta para a Fifa.
A
entidade máxima do futebol tem, de fato, o direito de romper o contrato com o
COL (Comitê Organizador Local da Copa) e retirar o evento do Brasil a qualquer
momento. Um dos argumentos de quebra de acordo poderia ser a não aprovação da
Lei Geral da Copa até junho de 2012.
Mas
todos os outros acordos comerciais do evento têm cláusulas e multas por
cancelamento ou alterações das condições acertadas. Entre elas, a de que o
evento ocorrerá em território brasileiro.
Caso
quisesse mudar a sede, a Fifa e seus parceiros teriam de renegociar ou romper
cada um dos contratos. Os compromissos assinados referem-se a direitos de
televisão, internet e rádio, propriedades de marketing, vendas de pacotes de
turismo com ingressos e hotelaria.
Há
também os acordos do COL com as 12 cidades-sedes, que poderiam ser rompidos
como extensão de uma eventual rescisão com o país. Mas, em todas essas cidades,
há contratos assinados por hotéis com a Match Hospitality, empresa que tem
acordo comercial com a Fifa.
No
total, são 766 acordos dessa empresa por acomodações. Nos documentos, a Match
fica com os direitos sobre os quartos na Copa e pode revendê-los dentro de
pacotes que incluem ingressos. "Esses
contratos foram assinados quando o Brasil foi escolhido em 2007, então com as
19 cidades candidatas a sede", conta o presidente da Associação Brasileira
de Hotéis, Enrico Torquato. "Agora já foram até colocados os preços de
cada diária".
É
fato que a Match pode devolver os direitos sobre os quartos até um determinado
período antes da Copa. Mas teria de refazer toda a operação que durou cinco
anos na realidade de outro país. A Match também tem compromissos com 23 agentes
pelo mundo para revenda de pacotes de hospitalidade. Esse tipo de negociação já
começou, por exemplo, no Brasil. Mais importante, há contratos de televisão,
internet, rádio e telefone móvel assinados.
A
Fifa já fechou acordos com 100 veículos de comunicação pelo mundo para a Copa
até agora, segundo levantamento feito pela Folha. Esses compromissos atingem
189 países. A maioria dos contratos envolve mais de um direito, ou seja,
existem ramificações nos acordos. A Fifa ainda tem acertados 18 contratos de
patrocínios para o Mundial, sendo cinco deles com empresas brasileiras, que, na
maioria dos casos, investem pela primeira vez pelo evento ser no país.
A
entidade já teve que pagar US$ 90 milhões pelo rompimento de apenas um contrato
de marketing, com a Mastercard, em processo judicial na década passada nos EUA.
Um dirigente foi peça fundamental na perda da Fifa: o secretário-geral Jérôme
Valcke, hoje o maior crítico da Copa no Brasil.
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