Do iG São Paulo
imagem: ipirafm.com.br |
A
dura rotina das mulheres, que se desdobram entre o trabalho e os cuidados com a
casa, tem impacto na saúde. Um levantamento feito por uma empresa especializada
em check-ups de executivos mostra que os indicadores de saúde das diretoras de
empresas pioraram nas últimas duas décadas. Elas hoje sofrem mais de
hipertensão, gastrite, depressão, diabetes do que no início da década de 1990.
O
estudo é focado em exames feitos por altas funcionárias de grandes empresas,
mas dados do Data-SUS (banco de dados do Sistema Único de Saúde) mostram que os
resultados valem para toda a população.
"Há
cinquenta anos, de cada dez mortes por infarto, nove vítimas eram homens e uma
era mulher. Atualmente essa proporção está em seis homens e quatro
mulheres", afirma Carlos Alberto Machado, diretor da Sociedade Brasileira
de Cardiologia.
Para
Machado, as mulheres sofrem o "peso da dupla jornada". "Elas
passaram a ser submetidas às mesmas situações de estresse dos homens. Só que
vão para o trabalho e não se desligam da casa". O diretor-médico da
Med-Rio Check-up, Gilberto Ururahy, analisou 60 mil prontuários de pacientes -
48 mil homens e 12 mil mulheres - realizados desde 1990. Alguns hábitos
melhoraram. A alimentação desequilibrada, para ambos os sexos, caiu de 80% para
53%.
Homens e mulheres fazem mais exercícios
A vida sedentária - que chegava a 70% das
mulheres e 65% dos homens - hoje atinge 50% dos pacientes. A obesidade caiu de
12% para 8% de todos os pacientes. Por outro lado, aumentou o consumo de bebida
alcoólica entre as mulheres - de 25% das pacientes para 50%. Elas até reduziram
o fumo - de 45% para 35%. Mas ainda fumam mais do que os homens (15%). Também
cresceu a proporção de mulheres com hipertensão arterial (12% para 20%),
gastrite (2% para 18%) e fadiga (10% para 15%).
"Nesses
últimos 20 anos, a mulher se firmou cada vez mais no mercado, mas isso teve um
efeito. O nível elevado de estresse faz com que produza cortisol
permanentemente, o que atinge a mucosa gástrica. Ela não dorme bem, acorda
cansada, e para se manter ativa consome doses excessivas de cafeína. Mais
adiante vem a insônia", descreve Ururahy.
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