Do NE10
imagem: falams.com.br |
O lixo domiciliar, se tivesse tratamento adequado,
poderia gerar recursos da ordem de US$ 10 bilhões ao país por ano, dinheiro
suficiente para beneficiar a população brasileira com cestas básicas e um plano
habitacional.
A estimativa é do economista Sabetai Calderoni, presidente do
Instituto Brasil Ambiente e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável.
Calderoni acredita que o país vai conseguir captar cerca de 80% desse valor em
cinco a dez anos.
Para o economista, o “processo social de amadurecimento”
que o país viveu nos últimos anos pode, com a implantação da atual Política
Nacional de Resíduos Sólidos, que estabelece, por exemplo, o fim dos lixões e a
logística de retorno de embalagens e produtos usados, aumentar ainda mais os
ganhos com a reciclagem de lixo no Brasil.
“A gente gasta muito menos energia, por exemplo, quando
usa sucata ao em vez de usar a matéria prima virgem. É o caso da latinha de
alumínio, em que eu economizo 95% da energia. Da mesma forma, economizo minha
matéria prima que é a bauxita (gasta-se 5 toneladas de bauxita para produção de
1 tonelada de alumínio), e ainda economizo água”, disse Calderoni.
Na mesma conta, o economista ainda considera o pagamento
feito pelas prefeituras aos aterros, que recebem e enterram os resíduos, além
dos gastos com o transporte desse material e a perda dos ganhos que a
reciclagem poderia gerar.
Tanto o lixo domiciliar, quanto o entulho, produzido pela
construção civil, por exemplo, poderiam ser tratados pela sistemática das
centrais de reciclagem, modelo proposto por Calderoni para aumentar a
lucratividade com a reciclagem de lixo no país. Para contornar custos das
prefeituras com a implantação dessas unidades, a solução apontada pelo
economista é a parceria com empresas.
"Se fosse apenas um custo proibitivo e não valesse a
pena, os empresários não teriam interesse em participar", declarou.
Mais de 150 municípios já implantaram centrais que,
segundo ele, derruba, na prática, argumentos que colocam o investimento
necessário para a reciclagem como o empecilho. “Caro é pegar matéria prima,
chamar de lixo, pagar caro para transportar o lixo e gastar dinheiro para
alguém receber e enterrar. É não entender que o que você está chamando de lixo
é um conjunto de matéria-prima preciosa”, disse Calderoni.
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