Especialistas alertam políticos de todas as colorações partidárias sobre o uso de ferramentas como Twitter e Facebook
Débora Duque Jc Online
Desde a campanha exitosa de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos, em 2008, a classe política tomou mais gosto pelas redes sociais. No Brasil, a adesão de políticos de todos os partidos e ideologias às novas mídias emplacou na última eleição (2010) e deve se consagrar no pleito municipal que se aproxima, apesar das restrições impostas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A maioria se deslumbra com a possibilidade de atrair novos dividendos eleitorais, mas poucos são os que percebem a agenda negativa que essa nova forma de exposição é capaz de render a quem fugir à cartilha digital.
Tratar as redes sociais como um ambiente privado costuma ser a maior armadilha para políticos e figuras públicas. Para o bem e para o mal, os cargos e as funções que ocupam não podem ser dissociados dos perfis criados no Facebook, Twitter e similares. A receita, portanto, é clara: “O que um político não falaria em público ou numa entrevista, por exemplo, também não deve falar nas redes. O mundo online não é dissociável do mundo offline”, alerta Rosário de Pompéia, sócia da Le Fil Comunicação, empresa especializada na gestão de redes sociais.
Um episódio dessa confusão entre público e privado no meio digital colocou numa saia-justa o secretário estadual de Imprensa, Evaldo Costa. Irritado com as críticas ao governador Eduardo Campos (PSB) por conta do aumento das passagens de ônibus, ele desabafou contra os aliados do PCdoB: “Como fica o PCdoB trabalhando num governo com este perfil? Por que não se demitem da Secretaria de Ciência e Tecnologia?”
O desabafo público do porta-voz de governo precisou de retratação por parte do próprio secretário, mas o estrago já estava feito. E, graças à capacidade difusora da internet, foi observado por um círculo de pessoas muito mais amplo do que o do seguidores do jornalista.
O potencial multiplicador da rede é diretamente proporcional ao controle exercido pelos cidadãos, que se materializa em forma de cobranças, críticas e até ofensas. No ano passado, a vereadora Marília Arraes (PSB) se viu no meio de um bombardeio após ter deletado comentários negativos em sua conta do Facebook a respeito dos projetos de lei de sua autoria que visavam restringir o consumo de álcool em vias públicas do Recife. Na época, ela alegou ter apagado apenas as mensagens “ofensivas”, argumento prontamente rebatido por internautas. “A partir do momento em que se decide entrar para usufruir das redes, é preciso ser transparente. Tem que aceitar as críticas com humildade e, dependendo do teor, avaliar se vale a pena responder ou não”, avalia Paulo Rebêlo, consultor em Comunicação e Tecnologia e editor-executivo da AF2 Comunicação, em Brasília.
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