sexta-feira, 18 de maio de 2012

MORTE DA MENINA ARACELI CABRERA SANCHES ETERNIZOU O 18 DE MAIO

Redação do diariodepernambuco.com.br
imagem: diariodepernambuco.com.br

18 de maio de 1973. A menina Araceli Cabrera Sanches, de apenas oito anos, sai de sua casa, no Bairro Fátima, em Serra (ES), para ir à escola e não volta mais. Era uma sexta-feira. Naquele dia, a filha do eletricista Gabriel Crespo e da boliviana radicada no país, Lola Sanches, foi espancada, torturada, drogada, violentada e morta. Araceli teve partes da barriga, dos seios e da vagina dilaceradas com mordidas em uma orgia regada a cocaína e LSD. Seu corpo foi queimado com ácido e permaneceu durante mais de três anos na gaveta do Instituto Médico Legal de Vitória, até que uma investigação que terminou com pelo menos 14 execuções e nenhum condenado fosse indiciado.

Não é por acaso que nesta sexta-feira - exatos 39 anos depois - acontece o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O 18 de maio foi escolhido pela Lei Federal 9970/00 em referência ao caso, símbolo na luta contra esta forma de violência. A história da menina nunca foi completamente esclarecida, mas a memória da barbárie capixaba segue viva entre aqueles que combatem os abusos.

Investigações e corrupção
As investigações e os crimes que envolvem o processo são contados com detalhes por José Louzeiro no livro "Aracelli, meu amor" (na certidão de nascimento o nome da menina aparece com um ′L`, mas nos demais registros com dois, por isso a diferença no título da obra). Segundo conta o escritor, entre os primeiros executados estão o policial Homero Dias, que cuidava do caso, e o criminoso "Boca Negra", que teria testemunhado a morte do primeiro com o "fogo amigo". A trama vai além e envolve denúncias de corrupção contra a polícia e contra o Tribunal de Justiça capixaba - hoje o mesmo exibe em seu portal um "contador" celebrando o número de dias sem denúncias de abuso sexual infantil.


Os principais suspeitos pela morte de Araceli foram Dante de Brito Michelini (Dantinho) e Paulo Constanteen Helal, ambos de famílias ricas e apontados na época como jovens consumidores de drogas e autores de outras violências contra meninas em Vitória (ES). Marisley Fernandes Muniz, amante de Dantinho, chegou a revelar detalhes do crime durante uma CPI instaurada para apurar o caso. A menina teria ido levar um bilhete (com drogas escondidas) de sua mãe para os jovens, quando foi raptada. A partir daí teriam começado os abusos, torturas e violências, que terminaram com a morte da menina. O corpo da criança foi abandonado ao lado do Hospital Infantil Menino Jesus, no Centro da cidade.

Dante e Paulo chegaram a ser presos em agosto de 1977, mas foram soltos em outubro do mesmo ano. Em 1980 ele foram julgados e condenados, mas a sentença foi anulada. Em novo julgamento, realizado em 1991, os reús foram absolvidos. O crime prescreveu.

Participação da mãe
Em seu livro, Louzeiro aponta a mãe como a "causadora" do crime. Ela teria colocado a filha em risco ao usá-la para enviar o bilhete (supostamente com drogas) aos jovens. As informações são de que ela fugiu para a Bolívia quando as investigações avançaram. Entre os episódios que envolvem a trama, conta-se que após o pai reconhecer Araceli por uma marca de nascença, a mãe teria dito não se tratar do corpo da filha. Certo do reconhecimento, o pai teria levado o cachorro da jovem (batizado de `Radar` por encontrá-la em todos os lugares) até o IML, onde o animal acertou a gaveta em que estava o corpo.

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