Inauguração da torre da Manchete, em 1984, foi um acontecimento. Complexo incluía prédio e anfiteatro, nunca construídos Alexandre Gondim/JC Imagem |
O Parque Dona Lindu não é a única
obra de Oscar Niemeyer no Estado. Em Olinda, no bairro de Ouro Preto, está a
torre de transmissão da antiga TV Manchete, hoje sob uso da RedeTV!, que foi
projetada pelo arquiteto brasileiro três décadas atrás. A Manchete, do
jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch,
iniciou suas atividades no Brasil em 5 de junho de 1983. Amigo de Niemeyer,
Bloch pediu que o carioca elaborasse os projetos arquitetônicos dos complexos
da emissora no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Pernambuco.
A história da Rede Manchete no
Estado se confunde com a trajetória de Romildo França, 62 anos. Ele chegou à
emissora no final de 1983, como técnico de manutenção e acompanhou de perto a
construção da torre. O equipamento foi inaugurado em 5 de março de 1984 e
estreou com a cobertura do Carnaval e uma homenagem a Capiba. “Foi a primeira
transmissão da Marquês de Sapucaí para cá. Mostramos também a folia no Recife e
em Olinda”, conta.
França recorda que o lançamento
da obra de Niemeyer foi um acontecimento. Gente de toda parte aparecia para
visitar a obra, de 83 metros de altura. “A antena tinha uma iluminação
ornamental. À noite parecia um disco voador. O pessoal queria ver. Além disso,
na época havia poucos prédios altos, então de todo lugar você conseguia ver”,
afirma.
O projeto original previa ainda
uma guarita, um prédio de dois andares e um anfiteatro com 2 mil lugares. Só a
guarita, entretanto, além da torre de transmissão, foi erguida. O resto nunca
saiu do papel, até que a Manchete, duas graves crises depois, fechou as portas
em 10 de maio de 1999.
Romildo França viveu a ascensão e
a queda da emissora, virou gerente técnico e hoje é um dos poucos remanescentes
da Manchete na RedeTV!, cuja sede fica em Santo Amaro, mas que ainda aproveita
a antiga antena para transmitir seu sinal analógico e digital. O terreno,
contudo, está subutilizado, um patrimônio abandonado. Há dois anos, segundo o
funcionário, foi cedido temporariamente à Companhia Estadual de Habitação e
Obras de Pernambuco (Cehab-PE) e serviu como canteiro de obras durante o
calçamento de ruas em Ouro Preto. “Em alguns momentos, houve conversas com o
poder público no sentido de tombar o monumento e ver se aproveita a área de
alguma maneira”, diz França.
PROJETOS - O Estado tinha, até
duas décadas atrás, outra obra de Niemeyer. O renomado arquiteto criou o
projeto de uma casa na Avenida Boa Viagem, na altura do Segundo Jardim, que
acabou demolida para a construção de um edifício. “A residência tinha uma
fachada inclinada para a frente, trazia as curvas e a elegância de Niemeyer”,
lembra o arquiteto José Luiz Mota Menezes.
Duas obras, no entanto, nunca
saíram do papel. O projeto do Estádio Presidente Médici, com capacidade para
140 mil pessoas, em Joana Bezerra, foi lançado em 1971 e seria a sede do Sport.
O outro era o centro administrativo do governo de Pernambuco, pedido pelo então
governador Marco Maciel (1979-1982), atual presidente da Fundação Oscar
Niemeyer.
Jornal do Commercio
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