quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Torre da extinta Manchete, em Olinda, tem assinatura de Niemeyer

Inauguração da torre da Manchete, em 1984, foi um acontecimento. Complexo incluía prédio e anfiteatro, nunca construídos Alexandre Gondim/JC Imagem

O Parque Dona Lindu não é a única obra de Oscar Niemeyer no Estado. Em Olinda, no bairro de Ouro Preto, está a torre de transmissão da antiga TV Manchete, hoje sob uso da RedeTV!, que foi projetada pelo arquiteto brasileiro três décadas atrás. A Manchete, do jornalista e empresário ucraniano naturalizado brasileiro Adolpho Bloch, iniciou suas atividades no Brasil em 5 de junho de 1983. Amigo de Niemeyer, Bloch pediu que o carioca elaborasse os projetos arquitetônicos dos complexos da emissora no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Pernambuco.



A história da Rede Manchete no Estado se confunde com a trajetória de Romildo França, 62 anos. Ele chegou à emissora no final de 1983, como técnico de manutenção e acompanhou de perto a construção da torre. O equipamento foi inaugurado em 5 de março de 1984 e estreou com a cobertura do Carnaval e uma homenagem a Capiba. “Foi a primeira transmissão da Marquês de Sapucaí para cá. Mostramos também a folia no Recife e em Olinda”, conta.

França recorda que o lançamento da obra de Niemeyer foi um acontecimento. Gente de toda parte aparecia para visitar a obra, de 83 metros de altura. “A antena tinha uma iluminação ornamental. À noite parecia um disco voador. O pessoal queria ver. Além disso, na época havia poucos prédios altos, então de todo lugar você conseguia ver”, afirma.

O projeto original previa ainda uma guarita, um prédio de dois andares e um anfiteatro com 2 mil lugares. Só a guarita, entretanto, além da torre de transmissão, foi erguida. O resto nunca saiu do papel, até que a Manchete, duas graves crises depois, fechou as portas em 10 de maio de 1999.

Romildo França viveu a ascensão e a queda da emissora, virou gerente técnico e hoje é um dos poucos remanescentes da Manchete na RedeTV!, cuja sede fica em Santo Amaro, mas que ainda aproveita a antiga antena para transmitir seu sinal analógico e digital. O terreno, contudo, está subutilizado, um patrimônio abandonado. Há dois anos, segundo o funcionário, foi cedido temporariamente à Companhia Estadual de Habitação e Obras de Pernambuco (Cehab-PE) e serviu como canteiro de obras durante o calçamento de ruas em Ouro Preto. “Em alguns momentos, houve conversas com o poder público no sentido de tombar o monumento e ver se aproveita a área de alguma maneira”, diz França.

PROJETOS - O Estado tinha, até duas décadas atrás, outra obra de Niemeyer. O renomado arquiteto criou o projeto de uma casa na Avenida Boa Viagem, na altura do Segundo Jardim, que acabou demolida para a construção de um edifício. “A residência tinha uma fachada inclinada para a frente, trazia as curvas e a elegância de Niemeyer”, lembra o arquiteto José Luiz Mota Menezes.

Duas obras, no entanto, nunca saíram do papel. O projeto do Estádio Presidente Médici, com capacidade para 140 mil pessoas, em Joana Bezerra, foi lançado em 1971 e seria a sede do Sport. O outro era o centro administrativo do governo de Pernambuco, pedido pelo então governador Marco Maciel (1979-1982), atual presidente da Fundação Oscar Niemeyer.

Jornal do Commercio

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