quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

HÁ 1.657 ANOS FALECIA SANTO ANTÃO ABADE, PADROEIRO DA VITÓRIA




Santo Antão, o Padroeiro – Como no latim, língua oficial da igreja, os personativos portugueses Antão e Antônio são representados por uma só palavra- Antonius, - houve, em documentos antigos, alguma confussão e equívocos em torno do nome do padroeiro Santo Antão, o primeiro eremita, que, por haver atraído, pelo seu exemplo e virtudes, outros seguidores, é também conhecido por Santo Antão Abade, ( de Abbas, Pai ), o pai do Eremitas, iniciador da vida monástica no deserto. Seu nome, em alguns cronistas, foi substituído pelo de Santo Antônio, talvez por ser muito mais difundida a devoção ao taumaturgo português, que nasceu em Lisboa e morreu em Pádua, na Itália.

O culto a Santo Antão, um dos “cinco santos que abalaram o mundo”, circunscreveu-se ao ocidente europeu e norte da África.

Como ele passou 85 anos no deserto, em penitência e oração, é o seu valimento invocado contra as feras e as feras e os animais daninhos que infestam os lugares ermos e distanciados da civilização.

Arquipélago de Cabo Verde- a noroeste do mapa esta a Ilha de Santo Antão


Por este motivo, talvez, Diogo de Braga, colono ligado, segundo a tradição, à ilha de Santo Antão, a principal do arquipélago de Cabo Verde, ao se fixar com sua família em uma clareira aberta na Mata do Brasil, à margem do Tapacurá, àquela época (1626) sertão de Pernambuco, lhe ergueu uma capela, tomando-o como padroeiro da “cidade” que era a sua pequena aldeia.

E a devoção ao Santo espalhou-se “naquelas brenhas e matos circunvizinhos”, cujos moradores, todos os anos, aos 17 de Janeiro, lhe faziam uma festa, “com missa e pregação, para que lhes guardasse e defendesse seus gados e cavalgaduras das onças suçuaranas” e “as roçarias de farinha e legumes, dos porcos do mato”, segundo o testemunho, já citado, de cronistas contemporâneos.

Guarda o nosso Instituto Histórico e Geográfico, ciosamente, em seu Museu sacro, a imagem, em terra cota, de traços fisionômicos tipicamente orientais, que a tradição reza ser a primitiva imagem do padroeiro trazida por Diogo de Braga, a qual, segundo Fernando Pio, historiador de nossas igrejas, é uma das mais valiosas peças iconográficas de Pernambuco.

Imagem Primitiva de Santo Antão no IHGVSA
A rica e bela imagem de Santo Antão que, desde 1881, se venera em sua Matriz, de madeira, em tamanho natural, o representa com traje e insígnias episcopais, de báculo e mitra, talvez porque, sendo ele chamado de Abade, prelado que, em certas ordens religiosas, tem o privilégio de usar emblemas e paramentos de bispos, e que Santo Antão não usou, pois faleceu no ano 356, e o báculo e a mitra surgiram em 633 e 1125, respectivamente. Contrasta essa roupagem com a realidade tão bem expressa na estátua anterior, em que o monge veste apenas tosco burel.

É também sua proteção invocada contra incêndios, razão por que se vê uma campa pendurada do báculo.

A intercessão do santo contra as feras provém de haver Santo Antão lutado, durante toda a vida, contra demônios que lhe apareciam sob a forma de animais  terríveis.

Ao pé da imagem, aparece um porquinho que, segundo a tradição, se chamava Anubis e fora fiel companheiro do santo no deserto.

Natural da aldeia de Como, no Egito, nasceu no ano 251. Filho de pais ricos e nobres, perdeu-os aos 18 anos, ficando com uma irmã de tenra idade, herdeiro de grande fortuna.

Educado nos sagrados princípios da religião, demonstrou, desde cedo, rara piedade e virtudes singulares, recolhimento e grande frequência na oração.

Ouvindo, na igreja, a passagem do Evangelho em que o Salvador diz a um rico: “ Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu”,(Marcos, 10-21), separou o dote de sua irmã, aumentando-o, confiou-a aos cuidados de virtuosas senhoras, distribuiu todos os seus bens com os necessitados e se retirou para o deserto, onde passou 85 anos, em oração e penitência.

Atraídos pela fama de sua santidade, muitos seguiram o seu exemplo, passando a viver no silêncio da vida contemplativa e na meditação das verdades eternas.

Faleceu Santo Antão aos 105 anos, em 17 de Janeiro de 356. Seus restos mortais se encontram na Abadia de Viena, diocese da França.
A figura de Santo Antão se tornou clássica, como observa Dom Estêvão Bittencourt, pela biografia que, a breve intervalo de sua morte, escreveu Santo Atanásio.

Tipo e arauto de um ideal, passou para a tradição cristã como o símbolo da vida monástica, na sua plenitude, que é a perfeição em sim mesma.

Obs:Em Vitória de Santo Antão, a devoção a Santo Antão Abade, completou em 2013, 388 anos.

 Fonte: História da Vitória de Santo Antão
           Aragão, José de
           



Um comentário:

manoel carlos disse...

que texto arretado. nunca tinha ouvido falar sobre o nome do porquinho que segundo alguns o acompanhava.
porem em outras tradiçoes o porquinho representa o demônio que o próprio Antão com sua vida SAnta destruiu, pisou, e tanto incomodou.
Mas trazendo para nosso dias a vida santo antão agente se pergunta:
quem realmente é devoto de Santo Antão em nossa terra das Tabocas?
se se for nas casas praticamente nunca se verá uma imagem do Santo; quase ninguém conhece sua história; e se formos para os exemplos de vida que devem ser seguidos.... paciência....
Um Santo que viveu no silêncio e na renuncia, desprovido de luxos, de riquezas, em mortificação constante... hoje nas suas "festas" é homenageado com barracas de bebidas do ECC, com Missas onde tem as famigeradas danças "litúrgicas" (tão condenadas pela tradição e pelos Santos Padres, missas onde se bate pamas, se apludem os padres e bispos como se oas mesmos fossem "estrelas".... e que destroem os silencio qu Antão sempre amou!!!
Tristeza....
E quando se vai a Procissão aqui em nossa terrinha o andor fica em cima de um carro!!!! isso mesmo um carro... pode?
Amigo Antão era um católico ligados a Igreja Melquita (em comunhão com Roma) e o próprio culto dele deveria ser um ato de respeito tambem a sua condição de catolico melquita.
Enfim, Santo Antão é como dizem os ortodoxos em relação a São Jorge: um Megamartir, a forma como se "cultua' a sua memória é reflexo da crise por que passa a nossa SAnta Igreja!
Abraços e que Santo Antão nos ensine o caminho do silêncio, da oração,da mortificação e do amor a DEus!