Da
Agência Estado
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SALVADOR - O diretor de segurança da Fifa, o
alemão Ralf Mutschke, está em guerra com os esquemas de manipulação de
resultados que têm maculado a imagem do futebol pelo mundo. "Com a ajuda
da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), estamos detectando
as fraudes, identificando e punindo os autores", afirma. "A mensagem
que estamos mandando é clara: a Fifa terá tolerância zero com manipulação de
resultados e corrupção. O combate a esse tipo de fraude é prioridade para a
Fifa."
O dirigente esteve nesta quarta-feira (10),
em Salvador como palestrante em um workshop para apresentar a dirigentes de federações
brasileiras e a policiais e integrantes do Judiciário brasileiro as técnicas
que vêm sendo adotadas pela entidade para detectar manipulações de resultados
para prevenir e combater as fraudes.
"Temos levado esta mensagem para todos
os países membros da Fifa", disse o diretor, lembrando que a vinda da
comitiva ao Brasil é a primeira do gênero na América do Sul. "Trabalhei
por 33 anos na polícia alemã e, na nossa experiência, aprendemos que a punição
é necessária, mas a educação e a conscientização é o fator mais importante para
o combate a esse tipo de crime, que é uma fraude financeira e já se provou
especialmente perigosa."
De acordo com o dirigente, o principal foco
das manipulações de resultados está no Sudeste da Ásia, onde organizações
criminosas usam casas de apostas - legais - para apostar em resultados, muitas
vezes, segundo ele, "exóticos", em partidas de futebol. Para vencer,
os grupos, então, subornam jogadores, técnicos e juízes.
"Temos tido o apoio dessas casas, que
nos avisam de possíveis irregularidades quando detectam padrões incomuns nas
apostas", conta Ralf. "Apenas nos dois primeiros meses do ano, já
punimos 173 pessoas, mas precisamos envolver todos as pessoas relacionadas ao
futebol nesse esforço, porque essa rede tem muitas ramificações. O futebol
deixou de ser uma paixão popular para virar uma indústria global, com grande
impacto financeiro, e claro que isso atrai as organizações criminosas."
Para o chefe do Grupo de Integridade em
Esportes da Interpol, o inglês Stuart Cameron-Walker, também palestrante do
workshop, o futebol corre risco caso a comunidade envolvida com o esporte não
consiga vencer as organizações criminosas.
"Este é um problema sério que estamos
enfrentando porque se não conseguirmos combater esse perigo, o esporte vai
sofrer consequências graves", avalia. "Pode haver saída de jogadores
importantes, de técnicos e, em último caso, o futebol pode perder relevância e
investimentos."
O gerente-geral de Segurança do Comitê
Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, Hilário Medeiros, avalia que a
troca de experiências é importante na preparação do País para o evento.
"Vamos aprender como detectar as fraudes e como proceder em caso de
indício de manipulação", acredita. O evento, que acontece no Sheraton da
Bahia Hotel, segue até amanhã (quinta-feira). Apenas os convidados da Fifa e da
CBF têm acesso às palestras.
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